Haddad: ‘Não sei se vocês perceberam que o mercado está nervoso’

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN

Haddad: “Se nós ganharmos, eles sabem que não vendemos patrimônio público a preço de banana” (ROBERTO CASIMIRO /FOTOARENA/FOLHAPRESS)

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da Rede Brasil Atual

Haddad: ‘Não sei se vocês perceberam que o mercado está nervoso’

‘Bolsonaro está a duas entrevistas da derrota. Fala Bolsonaro, fala o que você pensa! Você vai tomar uma surra do povo brasileiro no domingo’, diz petista em comício em São Paulo

por Redação RBA

São Paulo – Em discurso no Ato da Virada com Haddad e Manuela, realizado no Largo da Batata, zona Oeste da cidade de São Paulo, o candidato da coligação Brasil Feliz de Novo, Fernando Haddad, falou sobre uma informação passada pelo senador eleito Jaques Wagner (PT-BA). Segundo Haddad, o recado foi o de que um amigo de Wagner do mercado financeiro afirmou que a eleição do adversário Jair Bolsonaro (PSL) “estava decidida até anteontem” (segunda-feira, 22).

Haddad continuou: “Mas, hoje, ela é provável. E ele vai descobrir que hoje é provável, mas amanhã será apenas possível. E vai descobrir, no sábado, que o gato subiu no telhado, e no domingo vai descobrir que ele perdeu! Vai descobrir que o povo brasileiro não vai falar sim à intolerância, ao desamor. Vai falar sim à esperança, ao amor, à generosidade, à diversidade.”

No discurso, o candidato lembrou que “o mercado está nervoso”, já que a Bolsa caiu quase três por cento nesta quarta-feira (24), o que significa insegurança diante do cenário eleitoral.  “Se nós ganharmos, eles sabem que não vendemos patrimônio público a preço de banana, que não vamos vender o pré-sal  e a Amazônia para eles,  dar a base militar de Alcântara aos americanos. Não vamos fazer guerra com nenhum vizinho. Nós somos promotores da paz e da democracia no continente e vamos continuar a sendo.” Leia abaixo o discurso de Haddad.

Muito aplaudido, o ex-candidato pelo Psol, Guilherme Boulos, disse que, no atual cenário, “diante do horror, a neutralidade significa cumplicidade”.  O horror seria, segundo ele, a volta a um “tempo em que torturadores eram mais valorizados do que professores”.

“Não vamos deixar que a covardia vença a democracia.  Estamos a quatro dias de um momento decisivo e com a certeza de que vamos desmontar essa farsa chamada Jair Bolsonaro.” O adversário, afirmou Boulos, “é um covarde, porque foge do debate.”

Segundo o psolista, a candidatura de Bolsonaro “está derretendo”. “E temos mais quatro dias para derreter de uma vez. Eleição não se ganha antes da hora. Vai ser ganha no domingo.”

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse que a campanha, nos últimos dias, vai  para a periferia das cidades. Ele voltou a comparar a ascensão de Bolsonaro à de Hitler na Alemanha nazista. “Esta candidatura não poderia estar disputando a eleição”, declarou, devido às ameaças que tem feito aos adversários. “A tirania não combina com o povo brasileiro.” Para Gleisi, “a virada começou com o ato no RJ e a pesquisa do Ibope”.

O presidente da CUT, Vagner Freitas, considera que a “eleição está em aberto”. Ele lembrou que na capital paulista, segundo o Ibope, Haddad já vence o adversário, por 51% a 49%. “Estamos ganhando a eleição em São Paulo. Em nível nacional, vai dar!”, disse. “Nós não temos medo.  Já enfrentamos a ditadura e vamos vencer de novo.”

rapper Emicida se disse emocionado no ato do Largo da Batata. “Nossa democracia foi conquistada com sangue de muitas pessoas. Precisamos honrar essas pessoas. É nóis.”

Leia o discurso de Fernando Haddad no Largo da Batata:

 

  • ROBERTO CASIMIRO /FOTOARENA/FOLHAPRESShaddadRoberto Casimiro FotoarenaFolhapress2.jpg
  • Haddad: ‘Não vamos deixar que a covardia vença a democracia’

“Não sei se vocês perceberam que o tal mercado está nervoso. Hoje a Bolsa caiu quase três por cento. Caiu porque eles especulam com a boa fé das pessoas. Toda vez que o candidato do Paulo Guedes, o banqueiro, cai nas pesquisas, a Bolsa cai junto, porque, como em 2002, eles venderam o terror para a população como agora. Se ganharem vão privatizar tudo, os bancos vão ganhar dinheiro, e se nós ganharmos sabem que não vendemos patrimônio público a preço de banana, que não vamos vender o pré-sal e a Amazônia para eles, dar a base militar de Alcântara aos americanos, não vamos fazer guerra com nenhum vizinho. Nós somos promotores da paz e da democracia no continente, e vamos continuar sendo promotores da paz e da democracia no continente.

Eles especulam com a boa fé das pessoas. Quando eles fazem isso eles dão um sinal. Um sinal de que estão com medo. E o Jaques Wagner recebeu um recado interessante de um amigo dele do mercado financeiro. Falou assim: a eleição do Bolsonaro estava decidida até anteontem. Hoje, hoje ela é provável. Ele (Bolsonaro) vai descobrir que hoje é provável, mas amanhã ela será apenas possível. Ele vai descobrir no sábado que a coisa esquentou, o gato subiu no telhado, e ele vai descobrir no domingo que ele perdeu! Vai descobrir que o povo brasileiro não vai falar sim à intolerância, ao desamor. O povo brasileiro vai falar sim à esperança, ao amor, à generosidade, à diversidade. Vai falar sim aos movimentos sociais, aos negros e mulheres, aos estudantes que entraram na universidade pela primeira vez e agora têm um diploma na mão, porque tinham talento mas não tinham oportunidade. Vai falar sim ao movimento de rua que defende direito social.  

Boulos, no domingo ele te ameaçou de prisão. Falou que se ganhar e você continuar defendendo direito à moradia, você vai ser considerado um terrorista. Ele te ameaçou. Esse pesadelo acaba domingo porque você vai continuar defendendo o povo sem moradia na rua. Você vai colocar milhares de pessoas na rua, e elas vão ser protegidas enquanto se manifestam, porque numa democracia não se criminaliza quem luta pelo seu direito.

E quem ousar desafiar a democracia, esse sim, vai ter que responder perante a Justiça e a lei. Nós não vamos aceitar mais ameaças. Ele ameaça a possível oposição ao governo dele, ameaça o Ministério Público, o Supremo Tribunal Federal, a Justiça, os movimentos sociais. E todo esse povo está acordando, todo dia tem uma manifestação nova de apoio a nossa candidatura.

Não por medo dele. Sabe por quê? Porque ele não é nada. Ele é um soldadinho de araque que nunca fez nada por esse país.  É o medo do que ele incita, do que ele representa. Não da pessoa física, são os valores que ele representa, os piores que alguém pode defender. Ele não defende a República, a democracia, o povo brasileiro.

A última dele foi que mulheres, negros, gays e nordestinos têm que deixar de se fazer de coitados. Quero dizer pro Bolsonaro, que não tive oportunidade de confrontar até hoje, esse fujão, que coitado é ele. É o parlamentar mais improdutivo (inaudível). Em 28 anos como deputado sem fazer nada. Ele está a duas entrevistas da derrota. Fala Bolsonaro, fala o que você pensa! Você vai tomar uma surra do povo brasileiro no domingo. Você não merece governar esse país. Esse país é muito melhor do que você. Esse pais é amor e esperança, não é ódio e intolerância.

Vamos vencer o Bolsonaro no domingo, virar essa página triste de tortura, de cultura do estupro. À vitória!”

 

8 Comentários

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  1. E quando voltarmos ao poder democrático…

    precisamos  descontruir o  discurso  raivoso  e  preconceituoso dos  fascistas…

    Minha  sugestão  é  a  BRASILBRÁS !!!  Uma  estatal “virtual”   !!

    Ou  seja,  todo brasileiro  que  for contemplado  com incentivos sociais ou  fiscais,  será um “funcionário” e  terá  que  prestar uma  contrapartida prática  para  a  nação,  ou  seja: dentro  de  suas  possibilidades  e  capacidades (todos posuem alguma habilidade)  atuar  em  atividades cidadãs Brasil  afora:  N-possibilidades  para  isto.

    Com  isto,  o discurso  do  ódio contra  os  beneficiários da  securidade social brasileira  cairá  por água  abaixo!  Isto,  apesar  de  essa  securidade social  já ser um direito   adquirido  por  todo  brasileiro.

    NÃO  VAMOS  CAIR  EM NOVA  ARMADILHA !!!

  2. Telegramas de Pasárgada.

    É…tá phoda!

    Sei que os últimos dias têm despertado minha ranzinice, mas olhem a frase:

    “Não vamos vender a preço de banana o patrimônio público”.

    E vai vender a preço de quê?

    Melancia, tomate?

    Um candidato que se diz de esquerda, e portador daquilo que se denominou resistência ao fascismo, dizendo que venderá (por dedução lógica) o patrimônio estatal, desde que por um preço que considera razoável, é o fim do mundo não?

    Qual seria o preço para alienar nosso patrimônio?

    1. o preço para alienar é o justo.

      Mesmo que mantido pelo Estado o patrimônio é vendido diariamente através de sua exploração. Não teria problema vendê-lo se a contrapartida fosse o preço justo. Num negócio privado, o preço justo é calculado pelo valor momentâneo dos lucros que o negócio gerará no futuro. Num negócio de estado, não basta fazer esta conta de banqueiro, precisa colocar no preço o “valor” estratégico para a sociedade. Mas este é um sobrepreço que nenhum capitalista quer pagar. Por isto precisam eleger alguém que aceite vender fazendo contabilidade manjada. 

      1. Telegramas de Pasárgada.

        Caro Wilson,

         

        Para além das quirizelas econométricas ou economicistas, o patrimônio estatal, na minha pobre e rasa visão, não deve ser alienado nunca, se entendido como bem cujo controle DEVE ser social, público e coletivo!

        Sua tese de que a exploração corresponde a alienação é muito ruim, não encontro justificativa para aceitá-la como argumento, ao menos colocada da forma como você colocou.

        Para além das questões econômicas, o valor do patrimônio estatal é político e mais, geopolítico, e portanto, imensurável!

        Você quis dizer que há como fixar esse “preço”, só que uma vez fixado (tomando por base o “valor” estratégico) não encontraríamos compradores…arf, o que o capital faz é justamente distorcer as percepções das variáveis reivindicadas por você (expecativa de lucros futuros) para manipular a determinação do valor do negócio.

        Então, até a possibilidade de determinar qual seria o preço estratégico, essa variável já viria impregnada e contaminada!!!!!!

        Daí que todo patrimônio estatal deveria estar a salvo dessas sacanagens, que os econolobistas e outras pitonisas gostam de chamar de análise de riscos!

        Balela!

        Enfim, não conheço preço justo no capitalismo!

        Aliás, são noções excludentes, como a realidade vem nos revelando:

        – Capitalismo e democracia e justiça são coisas que nunca conviverão no mesmo espaço e ao mesmo tempo!

        Já sua definição de “valor” ou sobrevalor é também pobre, mas eu estou sem tempo de citar Marx sobre o assunto…mas em resumo podemos dizer que a fixação de um preço (não valor, mas preço) por um produto, nos dias de hoje, não obedece ao determinismo de oferta ou demanda, ou expectativa de lucro (mais valor).

        Um abraço!

      2. Telegramas de Pasárgada.

        PS:

        Até a sua lógica para eleição de um governante obediente para compra na bacia das almas está errada.

        Se for eleito um governante que endureça a negociação, basta destroçar o ativo estatal com as campanhas parecidas como a engedrada contra a Petrobras.

        Demora um tempinho, mas sai até mais barato depois!

        Ou seja: se acenar que vai ter jogo, presumindo que poderá negociar algum preço, sairá por qualquer preço!!!!

         

        O negócio é não ter negócio! E ponto final…patrimônio estatal é inalienável!

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