Não abriremos mão dos direitos políticos que Lula tem, diz cúpula do PT

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – “Hoje é um dia histórico. Pela primeira vez, nós temos um registro de candidatura a Presidente da República nos braços do povo. Literalmente, nós temos uma multidão em Brasília, deslocada de todos os cantos do país”, disse a senadora e presidente do PT, Gleisi Hoffmann.
 
“Chegamos até aqui, a despeito de muitos que não acreditavam, chegamos aqui a despeito do golpe, que é continuado nesse país: começou com o impeachment de Dilma, com a retirada de direitos dos trabalhadores, com a recessão na economia, a crise política e ataque à democracia”, continuou.
 
Logo antes de se juntar aos manifestantes da marcha em frente à sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para o registro da candidatura de Lula, o PT realizou uma coletiva de imprensa para informar sobre o momento do registro da chapa na Justiça Eleitoral e também se manifestar sobre as últimas decisões judiciais referentes a Lula.
 
Participaram da reunião governadores e a cúpula da campanha de Lula, incluindo o registrado a vice, Fernando Haddad, a presidente nacional do partido, senadora Gleisi Hoffmann, e Manuela D’Ávila.
 
Ausência em debates
 
Durante o encontro, Haddad criticou novamente a ausência dos convites feitos pelos meios de comunicação para a participação de Lula nos debates e, em caso de negativa da Justiça, da extensão desse convite ao representante do plano de governo do PT, que neste caso é o vice Haddad.
 
“Se os meios de comunicação tem realmente apreço pela liberdade de expressão, pela liberdade de imprensa, nós temos que fazer chegar o programa de governo do presidente Lula. Entendemos que a partir de hoje a legislação autoriza [a presença de Lula nos debates]”, disse. “Lula goza das prerrogativas de candidato no direito eleitoral, inclusive rádio e televisão”, reafirmou.
 
Campanha da chapa
 
De acordo com Haddad, uma saída para a definição da legitimidade da disputa de Lula seria a votação das ADCs (Ação Direta de Constitucionalidade) no Supremo Tribunal Federal (STF): “O Lula estaria liberado para participar [presencialmente da campanha]”.
 
Ao ser pressionado por uma definição interna de que Haddad assuma a titularidade da disputa, o candidato a vice contestou: “Qual é a reivindicação? Que a gente abra mão dos direitos que o ex-presidente tem? Não faremos isso, essa decisão está tomada desde o ano passado”.
 
Adiar direito de Lula se defender
 
Os jornalistas presentes também mencionaram sobre a decisão recente de Sérgio Moro de adiar o depoimento de Lula sobre o processo do sítio de Atibaia após o fim das eleições. “Parece brincadeira”, disse Gleisi. “Quer dizer, o Moro não quer uma exposição pública de Lula, essa a verdade.”
 
“O que vem de Curitiba, tanto da Vara quanto da Execução Penal, é um absurdo em termos de processo penal. Vocês acompanharam o que a foi a soltura ou não de Lula no dia 8 de julho, e hoje nós protocolamos vários requerimentos no Senado para que as pessoas envolvidas prestem esclarecimento, inclusive Sergio Moro, à revelia do processo. E agora diz que marca ou não marca uma audiência, com esse tipo de argumento”, criticou a senadora.
 
“Tudo o que se fez até agora é político, o que nós vemos com Lula é uma exceção completa”, agregou. “É curioso que exatamente na oportunidade que Lula tem de se defender, é cassado o direito dele de falar?”, questionou Haddad. “É uma parcialidade incrível que está acontecendo”, concluiu.
 
Telefonemas para barrar liberdade
 
Ainda no encontro, Haddad mencionou a troca de telefonemas, feitas pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e pelo presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), Thompson Flores, impedindo a soltura de Lula, no episódio do despacho do desembargador Rogério Favreto.
 
“E nenhum deles é parte do processo”, criticou Haddad. “Me parece que estamos aqui no limite de um tensionamento jurídico, que está transbordando rituais mínimos de Estado democrático de Direito. Lula disse com toda razão: ‘não troco a minha dignidade pela minha liberdade’, ‘eu não quero impunidade, eu quero democracia’, as duas frases mais emblemáticas que ele disse no último período”.
 
Acompanhe como foi a coletiva:
 

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