Os cinco compromissos de Eduardo Campos com o agronegócio

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – O presidenciável Eduardo Campos (PSB) apresentou na manhã desta quarta-feira (6), durante sabatina promovida pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), os cinco compromissos que assumirá com o setor a partir de 2015, caso consiga vencer a disputa nas urnas, em outubro próximo.

Segundo o candidato, o agronegócio deve ser priorizado porque foi o setor que ajudou o país a superar, em parte, a crise financeira de 2008, representando hoje 23% do PIB, 26% dos empregos e 45% das exportações brasileiras. Diante disso, Campos se comprometeu a introduzir melhorias com base em cinco eixos:

1. Mudança na governança do Estado e na relação com o campo e o agronegócio

De acordo com o postulante, o Brasil que está para nascer precisa de um novo modelo de gestão, que vai exigir um novo padrão de governança avançado. “Mas adiantamos que não vamos terceirizar o agronegócio. A Presidência vai assumir as estratégias do setor, para que os assuntos transversais não emperrem na burocracia”, disse.

O presidenciável prometeu fortalecer o Ministério da Agricultura, “tirando a pasta do balcão político de partidos e lideranças, e colocando na mão de técnicos competentes, de pessoas que possam inspirar diálogo responsável. Quem planta e cria em solo nacional, ao olhar para o Ministério, tem de enxergar um ministro que possa falar com a Presidência da República, com o Ministério da Fazenda, com lideranças no Congresso, para articular a agenda do agronegócio”, pontuou.

2. Política de renda, crédito, seguro e preço mínimo articulada

“Ao meu ver, o governo federal tem de articular crédito, seguro e preço mínimo. É fundamental destacar papel do cooperativismo. Crédito no Brasil tem legislação de 1965, precisa se modernizar e ser aplicada ao seguro, se não o governo mata quem produz. O Brasil tem sistema de seguro muito tímido. Seguro não atinge a renda, atinge 10% da área plantada, tem insuficiência de orçamento e é errática, muitas vezes não sai a tempo de proteger a renda no campo”, avaliou o candidato.

“O preço mínimo tem de ser menos político e mais técnico, não picotado nem feito com base no balcão. Deve ser institucionalizado para garantir expansão do crédito, expandir a ação no campo, e temos de reconhecer que há uma dívida do Brasil com o cooperativismo.

O artigo 146 [da Constituição] não foi regulamentado, e isso afeta a capacidade dos cooperados, responsáveis por 40% da produção brasileira. É inadimissivel. Queremos viabilizar, em 2015, o disciplinamento esperado desde 1990″, apontou.

3. Infraestrutura e segurança econômica

Quanto à logistica, Campos disse que portos, hidrovias, alcoodutos e a produção de energia, “que hoje é problema seríssimo”, terão planejamento diferenciado. “É mais questão de gestão que de recursos. Os levantamentos estão feitos, as prioridades definidas, temos de colocar gente capaz de transformar projeto em ações”, comentou.

Para isso, o candidato considerou que é necessário uma mudança na macroeconomia, em função do fato de o orçamento fiscal não dar conta de todos os investimentos. A ideia é garantir segurança jurídica e bases econômicas sólidas para atriar a iniciativa privada.

4. Mudanças na comercial externa

Para Eduardo Campos, o Brasil precisa ter visão de relações exteriores que não seja ligada a um partido político, mas sim uma visão de Estado. “Quando tivermos essa visão, poderemos destravar a expansão da fronteira comercial para agricultura, a pecuária e os bens comerciais. Hoje, estamos amarrados aos insucessos do Mercosul”, disparou.

O candidato propõe que o governo federal assuma, de forma mais clara, uma política comercial ativa, em busca de mercados, com ativismo junto à OMC, “para superar as barreiras que produtos brasileiros enfrentam até hoje. isso se faz com liderança e acordos bilaterais que Brasil precisa fazer”, sugeriu.

5. Crescimento sustentável 

Por fim, Campos avaliou que a política energética brasileira sofre com equívocos “que atacam a Petrobras, quebram empresas, e afrontam a sustentabilidade”. “Precisamos de álcool, biomassa, biodísel, de investimentos em Ciência e Tecnologia”, comentou.

Nesse último caso, ele adiantou que os setores que desenvolvem pesquisa serão prestigiados com mais recursos e apoio à formação de profissionais. O pessebista também defendeu a expansão da produção de ailmentos orgânicos. “Nós representamos o conceito do desenvolvimento econômico com sustentabilidade e responsabilidade social“, afirmou.

Infraestrutura, Meio Ambiente e Código Florestal

Na rodada de perguntas promovidas pela CNA, Campos foi confrontado sobre três temas: os investimentos em logística e infraestrutura, a legislação trabalhista e a gerência do Ministério do Trabalho e Emprego e do Ministério do Meio Ambiente e, por fim, o código florestal.

No primeiro caso, o candidato afirmou que é necessário investir em mais hidrovias, como almeja os profissionais do agronegócio. Para isso, voltou a defender “marcos legais seguros e mudança no estilo de governança”, de modo a atrair o interesse de investidores nacionais e internacionais nas obras que precisam ser feitas, independente do modal. Dessa forma, os recursos fiscais seriam destinados aos projetos que não têm apoio da iniciativa privada e não podem permanecer emperrados.

Sobre o Ministério do Meio Ambiente, o pessebista apontou as evoluções da pasta nos últimos anos, com destaque para o período em que Marina Silva comandava o setor, no governo Lula. Ele defendeu uma mudança na postura do governo federal ao conduzir os processos de reforma agrária, demarcação de terras indígenas e de zona de proteção ambiental, com o intuito de intermediar as discussões quentes entre representantes e defensores do campo e do desenvolvimento sustentável, e empresários. “Não podemos passar mais 100 anos fazendo essas reformas”, disse.

Sobre o Código Florestal, o postulante afirmou que o governo precisa fazer a lei entrar em vigência, a despeito das críticas de diversos setores. 

As demandas do agronegócio 

Minutos antes de Campos ser sabatinado, o presidente da CNA João Martins da Silva Júnior fez uma breve apresentação das principais demandas e problemas apontados pelo agronegócio para o desenvolvimento do setor.

Segundo o dirigente, o governo federal deve manter a ordem jurídica em casos de invasão de terras, conflitos em áreas indígenas e romper com os “excessos ideológicos” que intereferem nas questões de direito à propriedade.

No tocante aos conflitos ambientais, ele sutentou que a legislação brasileira é rigorosa e respeita, mas que é preciso mais diálogo para garantir o desenvolvimento do agronegócio de maneira sustentável.

Na área trabalhista, pediu, também, mais diálogo, além de apontar a influência política  prejudicial na condução dos ministério da Agricultura e do Trabalho e Emprego.

Por fim, destacou a falta de investimentos em infraestrutura logísitica. “A geografia da produção rural se alterou muito nos últimos 40 anos, mas a nossa rede logística ainda reflete um Brail antigo. Apesar dos esforços, precisamos seguir em frente. São muitas as carencias de infraestrutura”, comentou.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

15 Comentários

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  1. Só um ministério

    Sei que é ruim e falho pinçar frases, mas pelo que segue “…O presidenciável prometeu fortalecer o Ministério da Agricultura, “tirando a pasta do balcão político de partidos e lideranças, e colocando na mão de técnicos competentes, de pessoas que possam inspirar diálogo responsável.” , eu me pergunto se haverá ministérios que não atenderão a este quesito. Que há os que não é evidente.

     

  2. Putz.Copiam, e muito mal, o

    Putz.

    Copiam, e muito mal, o que o governo Dilma já vem fazendo.

    A agronegócio bomba cada vez mais e a agricultura familiar ganha fôlego e proteção.

    O governo já garante o crédito, seguro e preço mínimo.

    Tanto que o:

    Agronegócio fica dividido entre Dilma e Aécio « Sul 21

    http://www.sul21.com.br/jornal/agronegocio-divide-se-entre-dilma-e-aecio/

    1 dia atrás – Dilma e Aécio disputam a preferência de representantes do agronegócio

    1. Apenas aos amigos do rei, o

      Apenas aos amigos do rei, o governo para “apoiar a pecuaria” comprou  parte do frigrorifico friboi que é propiedade de um aliado do PT!

  3. Então é isso que é o “bom

    Então é isso que é o “bom gestor”? Vai botar “técnicos” no ministério? Que conversa cansativa.

    Ninguém fez a pergunta, claro, por que os bancos e instituições privadas não ampliam o crédito e o seguro no grande e moderno detor agrícola brasileiro.

    O Brasil diversificou seus mercados enquanto ele fica até hoje na retórica.

    Gostaria de saber também como o candidato imagina que a agricultura familiar se inseriria nesse “superministério”. Afinal, na CNA ninguém toca nesse assunto pois produzir comida, mesmo, é uma coisa; ração já é um pouco diferente.

  4. Nassif, por falar em candidato e agronegócio…

    É interessante observar as posturas dos candidatos diante de plateias específicas. No evento de hoje na sede da poderosa CNA, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, os três principais candidatos à presidência marcaram suas falas por temas distintos, destacados pelo G1, o portal da Globo:

    1) Aécio Neves: prometeu combater as invasões de terra pelo MST (http://glo.bo/1vaPiZB). Não podia cantar música mais doce para a plateia de pecuaristas e agromilionários…

    2) Eduardo Campos: veio com um blá-blá-blá sobre o Ministério da Agricultura ser um “balcão de negócios”, o que é “inadmissível!”. Ainda sobrou tempo pro velho discurso de “pagamos muitos impostos e temos poucos serviços” (http://glo.bo/1mm6zWb).

    3) Dilma Roussef: disse que o trabalho escravo é uma “chaga” a ser exterminada (http://glo.bo/1vb6K0b). Simples assim!

  5. Este governador usa da
    Este governador usa da retórica para falar de sustentabilidade mas é somente vim aqui em Pernambuco e observar que uma coisa é o discurso, outra totalmente diferente é sua “nova” mais muito velha política. Imaginem Collor 2 em cena: Eduardo Campos. Ninguém que tem sensataz acredita nas suas palavras, porque apresenta elas são de uma profunda incoerência. Para quem não sabe: perderá no seu próprio estado para Dilma e não elegerá seu apadrinhado Paulo Câmara.

  6. Aécio e a agicultura

    Aécio promete criar um superministério da agricultura, que também tratará da pesca. Seu principal acessor para o setor tem sido Alysson Paulinelli, ministro da agricultura responsável por viabilizar a recém criada Embrapa e, por meio do programa Polocentro transformar o cerrado, que segundo se dizia na época, “só servia para criar lonjura”, na terra mais produtiva do mundo na área de grãos. Promete criar assentamentos agrários viáveis e produtivos e qualifica os atuais como favelas rurais. Quando era secretário da agricultura em MG, crriou um assentamento emnuma área de 40 mil He na região do Alto Paranaíba. A assentamento foi um sucesso espantoso e enriqueceu toda a região envolvida.

    Pelo desenvolvimento das técnicas de cultivo do cerrado, Paulinelli recebeu o World Food Prize, o Nobel da área de agricultura. Na cerimônia de entrega do prêmio (compartilhado com  Edson Lobato, coordenador na Embrapa do programa), o feito foi apontado como uma das maiores revoluções em técnica agrícola do século XX.

    Há no agronegócio brasileiro dois setores com visões e políicas e ambientais bem distintas. Um é o dos agricultores, o outro dos pecuaristas, estes liderados por pessoas como Ronaldo Caiado e Kátia de Abreu. Os pecuaristas são reacionários, os agricultores relativamente progressistas. Os agricultores estão apoiando Aécio, os pecuarista, Dilma.

  7. Campos só dá fora.
     

     

    O Brasil se tornou um dos maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo. A ampliação do volume de crédito para o agronegócio nacional é um dos grandes responsáveis por essa nova realidade. Nos últimos 12 anos, o Governo Federal aumentou em cinco vezes esse valor. Se em 2002, ano anterior ao começo do Governo Lula, os recursos não passavam dos R$ 27,6 bilhões, o Plano Agrícola e Pecuário 2014/2015, realizado no fim do primeiro Governo Dilma, bateu todos os recordes históricos com a disponibilização de R$ 156,1 bi.  (link is external)

    [video::http://www.youtube.com/watch?v=ElnCRXXtQj0%5D

    [video:http://www.youtube.com/watch?v=QlmsuYUh_sI%5D

    1. Porque não compara os

      Porque não compara os GoVERNOS Dilma e Lula?????

       

      Creio que seja essa manira de defender a Dilma usando os dados de outro governo que impediram dilma de retornar aos indisses de antes dos protestos, mesmo que a oposição não os tenha ganho!

      1. Se informe e compare

        Dilma criou quatro novas universidades federais, 47 novos campi universitários e mais 208 unidades dos Institutos Federais de Educação Profissional e Tecnológica, espalhados em todo o país. As novas universidades federais de Marabá (PA), Juazeiro do Norte (CE), Barreiras (BA) e Itabuna (BA).

        Infraestrutura

        Estradas

        Lula 3.600 Km, Dilma 5.000 Km

        Portos

        Dilma 22 novos terminais autorizados

        Ferrovias.

        Lula 900Km, Dilma 1.000Km.

        Aeroportos

        Dilma bombou. Se divirta no site http://www.pac.gov.br/transportes/aeroportos

        1. Vou conferir os fatos, mas se

          Vou conferir os fatos, mas se for isso memso o governo de Dilma foi melhor do que o do Lula, talvez ela já pudesse sair da sombra dele.   
          Eu até votaria nela, não não dou meu voto para aliados Sarney!

    2. Poxa, Assis, da pelo menos um

      Poxa, Assis, da pelo menos um credito ao rapazote!  Ele tem assunto!

      Ja deu uma olhada no que Aecio tem pra dizer?  Eh um vacuo dos mais evacuad…  uh…

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