Entenda a Reforma Política aprovada pela Comissão da Câmara

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
 
Jornal GGN – A Comissão Especial da Câmara aprovou, na madrugada desta quinta-feira (10), o texto da Reforma Política. Além do polêmico “distritão”, que acaba com o sistema proporcional, e do uso de um fundo especial para bancar as eleições 2018, o texto traz outras mudanças.
 
As duas mais polêmicas são a do chamado “distritão”, que passará a valer a partir das eleições municipais de 2022, que é uma transição para o sistema distrital misto. No “distritão”, metade dos parlamentares são eleitos da forma como ocorre hoje, majoritária, e a outra metade com base em uma lista partidária. Parte do pressuposto que cada estado ou município torna-se um distrito eleitoral, sendo mais votados os candidatos de dentro do distrito. 
 
O sistema é criticado pela tendência a se repetir os mesmos parlamentares, com o intuito de trazer votos ao partido e, ao mesmo tempo, eleger os caciques, o que interfere em uma renovação de figuras políticas dentro do Congresso.
 
A outra aprovação foi a criação de um fundo para arrecadar montantes que alcancem financiar as campanhas eleitorais do próximo ano, considerando que o Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu a doação por empresas, pessoas jurídicas, a candidaturas.
 
Mas, além do fundo partidário, que reuniria os montantes destinados dos partidos às Casas Legislativas, os deputados da Comissão Especial decidiram incluir também o montante do Orçamento Público para o Congresso: que advem das dotações orçamentárias da União, multas, penalidades, doações e outros recursos financeiros atribuídos. 
 
Recebeu pelos parlamentares o nome de “Fundo Especial de Financiamento da Democracia”. O cofre acumula uma estimativa de, pelo menos, R$ 3,6 bilhões e privilegiaria os grandes partidos, uma vez que, de acordo com as atuais regras do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o fundo partidário é distribuído em 95% de forma proporcional aos votos obtidos na última eleição geral para a Câmara dos Deputados.
 
Assim, os partidos com maiores bancadas recebem mais montantes que os partidos menores. De acordo com a regulamentação, apenas 5% do Fundo Partidário é distribuído em partes iguais a todos os partidos políticos que atendam a determinados requisitos. 
 
O Fundo cria o círculo vicioso de que as maiores bancadas conseguem investir mais nas campanhas eleitorais e, consequentemente, devem angariar mais votos para seus candidatos, que permanecem em maioria no Congresso, a cada ano.
 
A Comissão também retirou a previsão de que cabe aos partidos políticos os critérios para a distribuição dos recursos do fundo público de financiamento. Uma emenda da bancada do PT foi atendida e os deputados ainda precisam discutir posteriormente, em outro projeto de lei, como será feita essa distribuição. 
 
Além destas duas polêmicas, outras medidas foram discutidos pelos deputados da Comissão Especial. A previsão de um mandato de 10 anos a ser cumprido pelos integrantes de tribunais superiores, como ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que hoje detêm cargos de aposentadoria compulsória apenas quando cumprem 75 anos de idade.
 
Uma das propostas pedia a retirada deste ponto no parecer final da Comissão, mas os parlamentares mantiveram a mudança. A mesma medida impactaria tribunais de contas dos estados e dos municípios, tribunais regionais federais e dos estados. E os juízes de tribunais eleitorais teriam mandatos de 4 anos.
 
A Comissão Especial também decidiu retirar a proposta do texto original que elimina a figura de vice dos cargos de presidente da República, governador e prefeito. Por uma maioria de 19 votos de deputados contra apenas 6, eles decidiram que os postos devem ser mantidos.
 
A justificativa do relator era de acabar com figuras e estruturas caras ao Orçamento Público do Brasil, que não trazem retorno à sociedade. “Entendo o trauma do Partido dos Trabalhadores, mas não acho que todos os vices devam levar a culpa. Defendo a figura do vice por entender a importância da parceria do governo”, disse o deputado Cacá Leão (PP-BA).
 
Da mesma forma, os parlamentares decidiram manter as regras atuais de suplentes de mandatos de senadores. Pelas regras atuais, cada senador é eleitor para um cargo majoritário de representação do Estado com dois suplentes, por oito anos. Para Vicente Cândido (PT-SP), o relator da reforma política, a figura também é cara e deveria ser extinta, substituindo-o pelo deputado federal mais votado do mesmo partido ou coligação, em caso de renúncia, ausência ou perda de mandato. Mas a Comissão negou a mudança, sendo rejeitada por 16 votos a 10.
 
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

2 Comentários

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  1. Brasil Tucano

    Vivemos a Era Tucana com apoio incondicional da Globo, Estadão, FSP Veja e Isto É. Para eles esse é o país que eles projetam e o país que merecemos. Nao se sinta envergonhado. Vá à Av. paulista e comemore com sua família e não deixe de levar seus cachorrinhos mimados.

  2. Há outra saída?

    Cerco fechado pelos canalhas.

    A única solução é a revolta popular.

    Vai ter tiros, granadas e sangue dos canalhas derramado? Não.

    Lula, vá curtir o que te resta. O Brasil e seu povo não o merece.

     

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