Manuel Domingos Neto
Manuel Domingos Neto nasceu em Fortaleza em 1949. Graduou-se em História pela Universidade de Paris VI, mestre pela Universidade de Paris III e Doutor em História pela mesma universidade, em 1979. Professor da Universidade Federal do Ceará e professor associado da Universidade Federal Fluminense

Em possível vitória de Lula, Domingos Neto questiona: “O que será feito com as Forças Armadas?”

Para o especialista em Forças Armadas, na derrota de Bolsonaro deve prevalecer o “instinto de sobrevivência” da corporação

Bolsonaro e Braga Netto
Bolsonaro na posse do Ministro da Defesa, General Braga Netto. Foto: Valter Campanato /Agência Brasil

Com o atual alinhamento militar ao bolsonarismo, há dúvidas sobre o que acontecerá com as Forças Armadas em eventual vitória de Lula (PT) nas eleições presidenciais deste ano. Em entrevista ao programa TVGGN 20 Horas, o historiador, pesquisador e professor na área das Forças Armadas, Manuel Domingos Neto, afirmou que não acredita em uma “quartelada”. No entanto, ele mostrou preocupação com a chamada “Família Militar”.

Na conversa, Domingos Neto revela que o General Santos Cruz, na época do pleito de 2018, contou que havia a existência da “Família Militar”, um grupo ativista militar que contava com dois milhões de pessoas.

“Nós vamos ganhar as eleições”, teria dito o general e ex-ministro da Defesa de Jair Bolsonaro, a um mês das eleições daquele ano. Segundo Manuel, porém, o grupo permanece unido, mesmo após o rompimento de Santos Cruz com o Presidente. Hoje o militar está filiado ao Podemos e pode concorrer à eleição.

“Acho que esse pessoal se ampliou, que está azeitado, não se dividiu. Eu não esperava isso. Há uma unidade. Isso que é estranho”, declarou o especialista.

Nesta semana, as Forças Armadas entraram em choque com o ministro do Supremo Tribunal Federal, Luis Roberto Barroso, que afirmou que a corporação foi “orientada” por Jair Bolsonaro a participar do processo eleitoral para questionar o resultado das urnas. Em resposta, as Forças Armadas emitiram um nota exigindo respeito e afirmando compromisso com a democracia.

Cenário com Lula na presidência

Com as recorrentes ameaças de golpe de estado por parte de Bolsonaro e essa proximidade militar com o Planalto, Domingos Neto foi indagado sobre o que acontecerá caso Lula seja eleito Presidente da República em outubro.

“Vai prevalecer o instinto de sobrevivência corporativo, porque toda corporação tem instinto de sobrevivência”, disse o professor, dando a entender que não acredita em uma aliança das Forças Armadas com Bolsonaro, se ele for derrotado pelo petista.

Intervenção bolsonarista na Defesa

Em março de 2021, o então Ministro da Defesa, General Fernando Azevedo e Silva, pediu demissão, após Bolsonaro se irritar com a falta de apoio militar às bandeiras do governo. O cargo passou a ser ocupado pelo atual titular da pasta, General Braga Netto, cotado para ser candidato a vice-presidente na chapa em que Bolsonaro concorrerá à reeleição.

Na mesma esteira, os três comandantes das Forças Armadas também foram exonerados. Edson Pujol (Exército), Ilques Barbosa (Marinha), Antônio Carlos Moretti Bermudez (Aeronáutica) também se opunham à tentativa de Bolsonaro de intervir nos quartéis.

Veja a entrevista na íntegra:

Jhonny Negreiros é estudante de Jornalismo e estagiário sob supervisão de Cintia Alves

1 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. o ideal seria que as forças armadas ficassem fora do assunto eleições. a ideia de que militar pode influir na composição do poder civil pode ser comparada à existência de um partido politico armado, tentando impor a sua vontade sobre a vontade do povo. não é função das forças armadas escolher formas de governo. isso é atribuição da vontade popular. o ideal seria que nenhum membro de instituição de segurança armada pudesse seque votar ou ser votado. se quiser exercer atribuições da vida civil, que primeiro deixassem as armas.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador