
Com o atual alinhamento militar ao bolsonarismo, há dúvidas sobre o que acontecerá com as Forças Armadas em eventual vitória de Lula (PT) nas eleições presidenciais deste ano. Em entrevista ao programa TVGGN 20 Horas, o historiador, pesquisador e professor na área das Forças Armadas, Manuel Domingos Neto, afirmou que não acredita em uma “quartelada”. No entanto, ele mostrou preocupação com a chamada “Família Militar”.
Na conversa, Domingos Neto revela que o General Santos Cruz, na época do pleito de 2018, contou que havia a existência da “Família Militar”, um grupo ativista militar que contava com dois milhões de pessoas.
“Nós vamos ganhar as eleições”, teria dito o general e ex-ministro da Defesa de Jair Bolsonaro, a um mês das eleições daquele ano. Segundo Manuel, porém, o grupo permanece unido, mesmo após o rompimento de Santos Cruz com o Presidente. Hoje o militar está filiado ao Podemos e pode concorrer à eleição.
“Acho que esse pessoal se ampliou, que está azeitado, não se dividiu. Eu não esperava isso. Há uma unidade. Isso que é estranho”, declarou o especialista.
Nesta semana, as Forças Armadas entraram em choque com o ministro do Supremo Tribunal Federal, Luis Roberto Barroso, que afirmou que a corporação foi “orientada” por Jair Bolsonaro a participar do processo eleitoral para questionar o resultado das urnas. Em resposta, as Forças Armadas emitiram um nota exigindo respeito e afirmando compromisso com a democracia.
Cenário com Lula na presidência
Com as recorrentes ameaças de golpe de estado por parte de Bolsonaro e essa proximidade militar com o Planalto, Domingos Neto foi indagado sobre o que acontecerá caso Lula seja eleito Presidente da República em outubro.
“Vai prevalecer o instinto de sobrevivência corporativo, porque toda corporação tem instinto de sobrevivência”, disse o professor, dando a entender que não acredita em uma aliança das Forças Armadas com Bolsonaro, se ele for derrotado pelo petista.
Intervenção bolsonarista na Defesa
Em março de 2021, o então Ministro da Defesa, General Fernando Azevedo e Silva, pediu demissão, após Bolsonaro se irritar com a falta de apoio militar às bandeiras do governo. O cargo passou a ser ocupado pelo atual titular da pasta, General Braga Netto, cotado para ser candidato a vice-presidente na chapa em que Bolsonaro concorrerá à reeleição.
Na mesma esteira, os três comandantes das Forças Armadas também foram exonerados. Edson Pujol (Exército), Ilques Barbosa (Marinha), Antônio Carlos Moretti Bermudez (Aeronáutica) também se opunham à tentativa de Bolsonaro de intervir nos quartéis.
Veja a entrevista na íntegra:
Jhonny Negreiros é estudante de Jornalismo e estagiário sob supervisão de Cintia Alves
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o ideal seria que as forças armadas ficassem fora do assunto eleições. a ideia de que militar pode influir na composição do poder civil pode ser comparada à existência de um partido politico armado, tentando impor a sua vontade sobre a vontade do povo. não é função das forças armadas escolher formas de governo. isso é atribuição da vontade popular. o ideal seria que nenhum membro de instituição de segurança armada pudesse seque votar ou ser votado. se quiser exercer atribuições da vida civil, que primeiro deixassem as armas.