
Trump dá adeus à paz
por Marco Piva
Partindo para o tudo ou nada, Donald Trump vai aos poucos retirando os Estados Unidos dos organismos multilaterais do mundo.
Depois de anunciar a saída da OMS, ele reduzirá fortemente o financiamento da ONU. O argumento de que está evitando a “gastança do dinheiro público” é o mesmo de ação semelhante que praticamente dizimou a USAID, a tradicional agência de ajuda humanitária e social norte-americana.
Trump tem horror a tudo o que não lhe agrada. E a paz mundial o agrada muito pouco. Prefere o agito, mesmo que isso provoque guerras e mais confusões diplomáticas. Ao cortar parte significativa do orçamento dos Estados Unidos para um mecanismo fundamental para a estabilidade mundial como é a ONU, o presidente norte-americano pode estar dando um tiro no próprio pé.
A Organização das Nações Unidas, herdeira da Liga das Nações, ao contrário do que Trump diz, não é uma máquina de gastar dinheiro. A instituição serve para muita coisa, especialmente para intervir em situações que coloquem o mundo em risco. Entram nessa conta as catástrofes naturais, os deslocamentos forçados e os conflitos. É certo que a sua influência tem sido cada vez mais contestada e suas ações têm tido pouco efeito. Mas, é o velho ditado: ruim com ela, pior sem ela.
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Deixar de apoiar um instrumento tão fundamental para a estabilidade internacional significa apostar no imprevisível, no exato momento que o mundo mais precisa encontrar soluções duradouras e sustentáveis diante, por exemplo, de um desafio climático inédito. Acreditar, como Trump o faz, que o único interessado em sobreviver no planeta são os Estados Unidos é de uma miopia avassaladora. Uma maldade nunca vista antes na história pelo fato de que poderá levar à extinção de tudo e de todos.
E é exatamente nesse momento de desembarque unilateral do coletivo humano que Donald Trump pode queimar seu arsenal. Não existe vácuo na política. Para a China ocupar o lugar dos Estados Unidos é um pulo. O gigante asiático disputa com Washington a liderança da inteligência artificial, é o maior exportador de aço do mundo, está construindo o projeto Cinturão e Rota que vai mudar a cara do comércio internacional e, ainda por cima, vem modernizando suas forças armadas, com destaque para a Marinha e Aeronáutica.
Portanto, o passo de elefante de Trump numa sala de cristais trará um custo que pode ser irrecuperável para uma nação que se acostumou a ditar as regras da humanidade. Se bem é certo que a guerra fria ficou para trás com a indiscutível vitória norte-americana, o mesmo não se pode dizer do que virá pela frente quando a até então maior potência do mundo acaba de optar pelo isolamento. A histórica paciência chinesa está rindo à toa.
Marco Piva é jornalista e diretor de redação dos Canais de Youtube China Global News (@chinaglobalnews) e O Planeta Azul (@oplanetaazul).
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Não vi esta notícia de sair da ONU.
Caro Paulo, feita a correção. Obrigado.
A China com seu pragmatismo vai lentamente engolindo os EUA. Estes americanos fazem de tudo para chegar ao abismo…
Precisamos acabar com essa pretensão americana. Os EUA com TRUMP vão indo rapidamente para o abismo!