A invasão dos Doppelgängers bolsonaristas, por Fábio de Oliveira Ribeiro

Os que sabem o que está ocorrendo são tratados como se fossem loucos pelos demais. Ignorância e preconceito ajudam a propagar a epidemia.

A invasão dos Doppelgängers bolsonaristas, por Fábio de Oliveira Ribeiro

No auge da Guerra Fria, o filme Invasion of the Body Snatchers (1956) reciclou o mito do Doppelgänger https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Doppelg%C3%A4nger para aterrorizar o público. Assim que dormem os personagens começam a morrer e ser substituídos por clones gerados por sementes alienígenas. O duplo assume o lugar do falecido.

À medida que mais Doppelgängers são criados, a situação dos seres humanos restantes se torna desesperadora. Eles não tem para onde fugir. Os que sabem o que está ocorrendo são tratados como se fossem loucos pelos demais. Ignorância e preconceito ajudam a propagar a epidemia.

A tematica do filme é obviamente a neurose de uma sociedade dividida por razões ideológicas. Os dois grupos são mutuamente excludentes e não podem coexistir no mesmo espaço geográfico. O predomínio de um significa a total destruição do outro.

Desde 2016 o ambiente social aterrorizador ficticiamente criado por Invasion of the Body Snatchers se tornou realidade nos EUA e no Brasil. A bestialidade racista e violenta neoliberal se espalha com ajuda da religião evangélica e da negação científica. Fugir não é uma opção.

Amigos e parentes infectados pelo bolsonarismo tem sido isolados, desprezados e até bloqueados nas redes sociais pelas pessoas que rejeitam a normalidade do novo cotidiano anormal. Ironicamente, os Doppelgängers do neoliberalismo agem como se eles fossem as pessoas saudáveis.

Os Doppelgängers cinematográficos não são pessoas; eles podem ser impiedosamente destruídos. Os bolsonaristas não são duplos alienígenas e sim seres humanos iludidos por um terrorista que somente existe politicamente em virtude do predomínio artificial da lógica do terror.

É óbvio que cada pessoa reage a dinâmica anti-social bolsonarista segundo suas próprias inclinações. Todavia, não pode ser considerado normal empresários espancarem mendigos ou arrastarem eles vivos amarrados nos seus carros.

O cadáver do operário da companhia de energia elétrica pendurado morto no poste após ter sido abatido a tiros por um fazendeiro é uma prova aterrorizadora de que o mal está se tornando banal. Não existe mais proporção entre aquilo o que os bolsonaristas imaginam sofrer e o sofrimento real que eles estão dispostos a causar.

A politização do uso da máscara, a rejeição da vacina, etc produzem um estrago social imenso e cumprem apenas uma finalidade: estimular o ódio. Nesse sentido, um debate sério acerca daquele filme de ficção poderia ser usado como um antídoto para a ficcionalização da ciência.

Fábio de Oliveira Ribeiro

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