Empresa da vacina Covaxin vendeu R$ 32 milhões de preservativos desnecessários a governo Bolsonaro

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Documento da CGU obtido pelo GGN mostra vendas "superfaturadas", "desnecessárias" e em quantidades "superestimadas" do governo Bolsonaro

Foto: Reprodução

A mesma empresa acusada de venda ilegal da vacina Covaxin contra a Covid-19, a Precisa Medicamentos lucrou mais de R$ 32 milhões com preservativos femininos do governo de Jair Bolsonaro, em vendas “superfaturadas”, “desnecessárias” e em quantidades “superestimadas”. Com outros contratos obtidos no governo Bolsonaro, a empresa de Francisco Maximiano recebeu mais de R$ 73 milhões. O governo Lula não fechou nenhum contrato com ele ou com a Precisa Medicamentos.

Relatório da Controladoria-Geral da União (CGU), divulgado nesta semana e obtido pelo Jornal GGN, mostra que a Precisa Medicamentos vendeu 10 milhões de preservativos femininos, entre 2020 e 2021, recebendo somente com esta venda quase R$ 32 milhões.

Ainda, um contrato anterior com a Precisa Medicamentos previa a aquisição de outros 29,3 milhões de preservativos. As compras, mostrou a CGU, eram “desnecessárias”, uma vez que o Ministério da Saúde já dispunha de estoque suficiente dos itens para 12 meses de demanda.

“Os exames concluíram que a efetivação dos Contratos nº 316/2020 e nº 317/2020, no valor total de R$ 31,9 milhões, era desnecessária, já que o estoque existente de 8.522.300 preservativos femininos em látex foi suficiente para atender a demanda por mais de 12 meses. Os contratos foram baseados em um consumo médio superestimado e em uma estimativa de cobertura subestimada.”

Além disso, a empresa chegou a atrasar a entrega dos preservativos superfaturados e superestimados, e o Ministério da Saúde do governo Bolsonaro tardou em aplicar a multa de R$ 2,79 milhões prevista no contrato para o atraso.

Até hoje, a quantia sequer ainda foi paga: “Observou-se demora por parte do Ministério da Saúde na aplicação de penalidades às empresas Precisa e Injeflex, respectivamente, no âmbito dos Contratos nº 316/2020 e 317/2020, as quais somente foram aplicadas após o fim da vigência dos respectivos contratos e que, inclusive, até o presente momento ainda não houve a efetiva cobrança, demonstrando que as providências tomadas pelo Ministério contratante com vistas à aplicação de penalidades a essas empresas foram sem qualquer efetividade”, escreveu a CGU.

O órgão ainda informa que “decorridos cerca de 18 meses desde o fim da vigência dos Contratos nº 316/2020 e 317/2020, ocorrida, respectivamente, em 13.11.2021 e 24.11.2021, nenhum valor a título de multa foi ainda efetivamente cobrado pelo Ministério da Saúde”.

Abaixo, a íntegra do relatório da CGU:

Relatorio-Final-de-Apuracao-no-1178691

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Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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  1. As evidências sugerem que o militarismo Fake da familícia era apenas um meio para um fim: o enriquecimento ilícito. Isso explica de certa maneira a vacilada dos golpistas. Como os ladrões comuns os líderes bolsonaristas hesitaram entre salvar o butim e vencer a batalha contra a democracia. Um caso típico de ignorância militar. Se tivessem estudado a história militar romana Bolsonaro e os generais bolsonaristas teriam aprendido que os verdadeiros comandantes militares de Roma eram capazes de incendiar o acampamento e as bagagens (e o butim acumulado pelo exército romano, também) para obriga-los a lutar e vencer ou morrer. Em 1964 os militares golpistas eram sobretudo militares. Em 2024 os militares golpistas era apenas ladrões. Isso fez a diferença.

  2. As evidências sugerem que o militarismo Fake da familícia era apenas um meio para um fim: o enriquecimento ilícito. Isso explica de certa maneira a vacilada dos golpistas. Como os ladrões comuns os líderes bolsonaristas hesitaram entre salvar o butim e vencer a batalha contra a democracia. Um caso típico de ignorância militar. Se tivessem estudado a história militar romana Bolsonaro e os generais bolsonaristas teriam aprendido que os verdadeiros comandantes militares de Roma eram capazes de incendiar o acampamento e as bagagens dos soldados (e o butim acumulado pelo exército romano, também) para obriga-los a lutar e vencer ou morrer. Em 1964 os militares golpistas eram sobretudo militares. Em 2024 os militares golpistas eram apenas ladrões. Isso fez a diferença.

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