As relações entre Precisa Medicamentos, VTCLOG, PP e Brasília

Advogado da farmacêutica investigada na CPI da Pandemia também representou empresa logística ligada a caso de corrupção no Ministério da Saúde

Vice-presidente da CPI da Pandemia, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Foto: Pedro França/Agência Senado

Jornal GGN – As oitivas da CPI da Pandemia tem ajudado a colocar luz em algumas relações escusas dentro das estruturas de poder em Brasília, como aconteceu nesta tarde durante o depoimento do advogado Túlio Silveira, ligado à Precisa Medicamentos.

Durante inquirição do vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede), Silveira confirmou ter integrado o escritório Dal Sasso e Silveira Advogados Associados, que operava em Brasília e encerrou suas atividades em 2012.

Por questão de “sigilo profissional”, o advogado se negou a responder se, em algum momento, chegou a representar uma empresa chamada Voetur Cargas e Encomendas Ltda. , no que Randolfe começou a desencadear uma rede de ligações que envolvem negócios e política.

“Nós temos aqui a documentação que indica que o escritório que vossa senhoria integrava, o Dal Sasso Silveira Advogados Associados, representou a Voetur Cargas e Encomendas Ltda em vários processos”, disse o senador. “A Voetur Cargas e Encomendas Ltda, senhor presidente, hoje, a composição societária da Voetur é a mesma composição societária da VTCLog, que a senadora Eliziane muito bem conhece e está detalhando em uma linha de investigação”.

A senadora Eliziane Gama (Cidadania) é a responsável pela apuração dos contratos fechados pela VTCLog com outras estruturas de poder. No caso da CPI da Pandemia, o foco é a suspeita de esquema de propina em serviço da empresa para o Ministério da Saúde – o que já foi negado pela empresa, segundo a CNN Brasil.

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Dal Sasso e a saúde no Distrito Federal

Quem atuava com Silveira no escritório Dal Sasso e Silveira Advogados Associados era Carlos Fernando Dal Sasso de Oliveira, atualmente superintendente adjunto administrativo do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IGES-DF).

Segundo Randolfe Rodrigues, hoje, “o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal é presidido pelo senhor Gilberto Occhi, conhecido como um dos quadros do Partido Progressistas, que é o mesmo partido do senhor Ricardo Barros (atual líder do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados). Inclusive, o senhor Gilberto Occhi sucede o senhor Ricardo Barros no Ministério da Saúde”, disse o senador.

O vice-presidente da CPI citou outro detalhe: durante a gestão de Occhi no Ministério da Saúde, foi fechado um acordo com a VTCLog – o que foi confirmado por Barros em seu depoimento à comissão. “As negociações, de acordo com a VTCLog, foram iniciadas durante a gestão de Ricardo Barros e foram fechadas, e o próprio Ricardo Barros falou isso aqui, na gestão do senhor Gilberto Occhi”.

Dal Sasso também é chefe na unidade de administração geral da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências de Saúde do DF (FEPECS), comandado por Osnei Okumoto, ex-secretário de Saúde do DF.

“O senhor Osnei Okumoto era secretário de saúde no começo do governo atual do DF e pediu exoneração em março de 2020. E o senhor Osnei Okumoto foi substituído por indicação dele próprio no âmbito da Secretaria de Saúde do DF por quem: pelo senhor Francisco Araújo, que deveria ser o depoente do dia de hoje e que foi preso no dia de hoje em Manaus por conta da operação Falso Negativo, por conta de desdobramentos da operação Falso Negativo”, afirmou Randolfe Rodrigues. “E qual a empresa que estava envolvida no foco da operação Falso Negativo: era a empresa Precisa Medicamentos”.

“Mas, além disso, o senhor Osnei Okumoto hoje ocupa também o cargo de secretário de vigilância em saúde do Ministério da Saúde, não é isso?”, questionou Randolfe. “Foi anteriormente secretário de vigilância em saúde do MS, foi secretário de vigilância em saúde na gestão do senhor Gilberto Occhi, que substituiu o senhor Ricardo Barros, que também é vinculado ao Partido Progressistas”.

“Pode ser tudo mera coincidência senhor presidente, mas é um excesso de coincidência e tem um adágio que a gente aprende aqui em Brasília que é o seguinte: jabuti não sobe em árvore. Jabuti, se foi colocado em árvore, ou foi enchente ou foi mão de gente”, ressaltou o senador da Rede.

Redação

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