
Na dose comprada pelas Forças Armadas, o Viagra não é recomendado para o tratamento de hipertensão arterial pulmonar, ao contrário do que afirmou o Ministério da Defesa e o próprio presidente Jair Bolsonaro, sobre a compra dos mais de 35 mil comprimidos pelos militares.
Após a polêmica, o Ministério da Defesa afirmou em nota, nesta semana, que o objetivo do medicamento era tratar pacientes com hipertensão:
“A aquisição de sildenafila visa ao tratamento de pacientes com Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP). Esse medicamento é recomendado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o tratamento de HAP. Por oportuno, os processos de compras das Forças Armadas são transparentes e obedecem aos princípios constitucionais”, afirmou pasta.
Em seguida, todas as Forças Armadas também adotaram a mesma resposta: “É previsto que os hospitais, principalmente aqueles que possuam Unidades de Terapia Intensiva / Unidade Coronariana, tenham atas de Sistema de Registro de Preços (SRP) com o referido medicamento”, disse o Exército. “Trata-se de doença grave e progressiva que pode levar à morte”, escreveu a Marinha.
Entretanto, a informação não é correta cientificamente. A CNN levantou documentos de portarias do Ministério da Saúde, da Anvisa e de bulas do remédio, inclusive junto ao Laboratório Farmacêutico da Marinha, que desmentem a resposta dada.
Ao contrário do que argumentavam, o Citrato de Sildenafila, composto do medicamento popularmente conhecido como Viagra, na quantidade de 25 mg e 50 mg não é recomendado para tratar a HAP (hipertensão pulmonar).
Portaria da Saúde que traz o protocolo clínico para tratar a doença, em 2014, especifica que o remédio pode ser usado com a dosagem de 20 mg para a hipertensão. Bulas e outros documentos também especificam a dosagem. Já o medicamento na versão de 25 mg e 50 mg só é recomendado, especificamente, para disfunção erétil.
Ainda, distoando da alta aquisição de comprimidos por todas as Forças Armadas, a CNN consultou junto a pneumologistas que afirmaram que a doença é considerada rara e aqueles que são diagnosticados com HAP não são considerados aptos, sequer, a prestar o serviço militar.

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