Haddad dá sinal verde a transporte hidroviário em São Paulo

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Da Rede Brasil Atual

Transporte hidroviário em São Paulo é uma alternativa viável, afirmam especialistas

Especialistas em mobilidade urbana consideram uma boa alternativa, para o transporte de passageiros em São Paulo, a proposta de instituir um sistema de transporte hidroviário utilizando as represas Billings e Guarapiranga e os rios Tietê e Pinheiros. O projeto, de autoria do vereador Ricardo Nunes (PMDB), foi sancionado pelo prefeito Fernando Haddad (PT) no último dia 10, e estabelece diretrizes para o modal na cidade. A expectativa de Nunes é que o transporte reduza a lotação dos ônibus e contribua para redução dos congestionamentos em vias saturadas da periferia da capital.

Para o especialista em mobilidade urbana Marco Nordi, a proposta é viável, sobretudo se for utilizada para ampliar as alternativas de locomoção dos moradores do extremo sul da cidade. “Esse modal é utilizado, por exemplo em Nova Iorque, e é muito viável como alternativa de transporte”, afirmou. Ele ressalta, porém, que as hidrovias não podem ser encaradas como solução. “Elas podem carregar uma parte da demanda, mas a priorização do transporte coletivo sobre trilhos e pneus não pode ser descartada.”

A ideia é que as primeiras linhas sejam estabelecidas nas represas Guarapiranga – ligando a região do Jardim Ângela, mais próxima da represa, com a estação de trem da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e o terminal de ônibus de Santo Amaro – e Billings, vindo da região dos bairros de Cantinho do Céu, Cocaia e Ilha do Bororé, passando por Santo Amaro e seguindo o rio Pinheiros até a estação Pinheiros da linha 4-Amarela do Metrô paulista.

Nesses roteiros, o sistema hidroviário pode contribuir para redução do tráfego nas avenidas Dona Belmira Marin e Senador Teotônio Vilela, na região do Grajaú, e Guarapiranga e M’Boi Mirim, na região do Jardim Ângela, todas na zona sul da capital. Estas vias são praticamente os únicos caminhos para o deslocamento diário de cerca de 2 milhões de pessoas.

Para o autor da proposta, o benefício para a população em tempo de viagem será o principal diferencial. “Uma viagem do Jardim Vera Cruz a Santo Amaro, que hoje leva até uma hora e meia, seria cumprido em apenas dez, 11 minutos pela represa”, afirmou Nunes. O projeto foi elaborado em parceria com o grupo de estudos Metrópole Fluvial, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP)

O vereador defende que o projeto seja realizado por meio de uma parceria público-privada, como já ocorre no Rio de Janeiro. A CCR Barcas – do grupo Camargo Corrêa – transporta em rios cariocas 110 mil pessoas por dia, com tarifas que variam de R$ 3,10, com Bilhete Único, a R$ 4,80, sem o cartão. “O privado faria o investimento em plataformas e veículos. O custo é inferior ao do ônibus, pois não tem consumo de pneus e o gasto de diesel é cerca de um terço menor.”

O sistema deverá ser composto por veículos do tipo overcraft – que se apoiam em um colchão de ar e são capazes de se deslocar sobre a água e de atravessar diversos tipos de solo – com capacidade para até 200 passageiros. A proposta é que sejam veículos fechados e com ar-condicionado. O projeto prevê que o sistema seja integrado com Bilhete Único, permitindo uma nova integração com os demais modais de transporte da capital.

Para o engenheiro de transportes Horácio Figueira, trazer os moradores do extremo sul da capital para terminais de ônibus e estações de trem ajudaria a reduzir a sobrecarga dos ônibus, além de possibilitar viagens mais rápidas. “Porém, é preciso elaborar um bom estudo de demanda para garantir eficiência no sistema”, pondera.

O engenheiro ressalta que a integração do sistema é fundamental, do contrário serviria somente para levar as pessoas de uma margem a outra, sem contribuir para a melhoria no deslocamento pela cidade. Figueira não vislumbra a possibilidade de o serviço não ser tarifado, por exemplo. “Ainda que não exija investimentos em vias, serão necessárias plataformas de embarque e desembarque, veículos, atracadouros, passarelas. A iniciativa é boa, mas tem custos”, avalia.

O projeto sancionado estabelece apenas as diretrizes do sistema. A regulamentação e os estudos de demanda e trajetos não têm previsão para ser iniciados.

O modal hidroviário como parte do sistema de transportes está proposto no projeto de revisão do Plano Diretor Estratégico da cidade de São Paulo (Projeto de Lei 688/2013), em tramitação na Câmara Municipal. A medida é uma inovação e pode ser fundamental para que o projeto de transporte pelos rios e represas não seja abandonado após sua sanção.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

30 Comentários

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  1. Isso tudo na maior seca da

    Isso tudo na maior seca da história de SP. E o cheiro do tietê não entra nessa conta? Além de pobre, ainda poderá chegar no emporego super fedorento

    1. Termine de ler a matéria…

      Termine de ler a matéria e depois comente, nem de São Paulo você deve ser, porque, a linha esmeralda passa por uma boa parte no rio pinheiros, só sente o mal cheiro na estação vila olímpia, quando abre as portas do trem, lá realmente é crítico, muito ruim mesmo, isto ocorre devido que ao lado há uma estação elevatório e de tratamento (se não estiver enganado) resultando nesse mal cheiro, pois o ditado: quando mais mexe na b… mais fede, é veradeiro. E essas represas citadas no nível atual deve ser o suficiente para navegações.

  2. Que nojo.
    Já imaginou ser
    Que nojo.
    Já imaginou ser transportado sobre aquela superfície podre que paulistas chamam de água?

    Se vc cai naquilo, qual o prazo para voltar a enxergar.?

    1. Antes entenda como será o
      Antes entenda como será o projeto… depois faça a crítica. Conhece a represa Guarapiranga? E vai ter ar condicionado…

    2. Chutando de novo

      Você não é de São Paulo, né Athos? (Já vi que não, é de Brasília, a cidade que não tem esquinas.) Porque só assim pra falar tanta besteira. O mesmo vale pro outro que comentou aí embaixo.

      A Guarapiranga e a Billings são represas que ficam na zona sul da cidade. Não que não tenham seus problemas de balneabilidade, mas nelas a situação é muitíssimo menos crítica que no Tietê. Existem inclusive diversas praias às margens dessas represas, onde as pessoas se divertem no final de semana e nas férias.

      Além disso, nas regiões próximas a essas represas mora UM MONTE DE GENTE que tem pouquíssimas opções de vias de transporte – seja ele rodoviário ou ferroviário. Por exemplo, a reportagem fala da ilha do Bororé, um lugar ao qual se chega só depois de se atravessar TRÊS balsas e que, por incrível que pareça, é município de Sâo Paulo. Se a implantação desse serviço vingar, vai ficar bem mais simples o deslocamento para essas regiões já no extremo sul da capital.

      O único reparo que faço é que a ligação da Guarapiranga não precisa se dar até o rio Pinheiros – pelo menos não enquanto ele não estiver efetivamente despoluído, o que com o PSDB no poder deve ser ainda depois que as previsões de Veja para os estádios da copa, lá pelo ano 2069. Fazer a integração na estação Santo Amaro (que também já cruza com a linha lilás do metrô, em construção, que por sua vez atingirá o centro com a integração com a linha azul) já estaria de bom tamanho.

      Ah! Em tempo: ninguém limitou a banda do meu TimLive, a despeito de suas previsões sombrias a respeito.

  3. Boa idéia
    O odor do Tietê

    Boa idéia

    O odor do Tietê pode ser resolvido com barcos fechados, mas me pergunto como vão navegar no lixo, uma vez que até os botes dos bombeiros não conseguem ir muito longe pois as hélices enroscam em arame, cordas, etc, e tem de ser desnoadas para a embaração continuar a navegar. Até sofás, pneus e todo tipo de objeto existe boiando naquele rio.

    Será que vão despoluir o Tietê primeiro?

     

    1.  
      “O sistema deverá ser

       

      “O sistema deverá ser composto por veículos do tipo overcraft – que se apoiam em um colchão de ar e são capazes de se deslocar sobre a água e de atravessar diversos tipos de solo – com capacidade para até 200 passageiros.”

       

      Não precisa Aguerrido. Como vemos a cima, o “overcraft” é um veículo capaz de trafegar sobre água, lama, terra, e etc. É até capacitado para navegar sobre o volume morto do alckmim .

      Orlando

      1. É obvio que quem está

        É obvio que quem está elaborando este projeto nunca viu e não tem a menor ideia do que é um hovercraft. Só o preço de um hovercraft já inviabiliza o projeto, fora o custo de manutenção que é absurdamente alto, sem falar no nível de barulho (é mais barulhento que um helicóptero) e consumo de combustivel. Existem no resto do mundo civilizado já em operação barcos ELÉTRICOS e ELETRO SOLARES, que não emitem qualquer tipo de poluição e são indicados para esse tipo de operação.

  4. Boa proposta

    Os barcos serão lacrados, com ar condicionado, só abrem nas estações, justamente para evitar o fedor. De qualquer forma o cheiro não impregna na roupa dos passageiros, caso contrário a linha 9 esmeralda da CPTM, que liga o Grajaú a Osasco não teria uma estação construída justamente em cima da Usina Hidrelétrica de Traição, cujas turbinas revolve a merda do Rio Pinheiros para gerar energia, transformando a Estação Vila Olímpica na mais fedorenta do mundo, acho. Tomo esse trem todos os dias para trabalhar e é um desespero quando ele abre as portas em Vila Olípia, todo mundo tampa o nariz, mas assim que sai o fedor passa e fica tudo bem. Mas a figura que palnejou aquela estação alí, naquele lugar, queria tripudiar sobre a população pobre que precisa descer e subir ali todos os dias. E, pasmem, a Vilia Olípia é um Bairro chic de Sampa!  

    1. Paris, RER B…

      Olha, não sei como está hoje em dia. Mas em 1996, a primeira coisa que notei quando cheguei em Paris e peguei o trem que saía do aeroporto era o cheiro de cocô misturado com mofo. Primeiro mundo é isso aí: aqui, o cheiro fica do lado de fora; lá, o cheiro fica do lado de dentro. Perguntei para minha então namorada (e atual companheira): “é sempre assim aqui?!” E ela e as amigas: “ah, é sim, mas você acaba se acostumando.” No mês que passei lá, o cheiro permanecia (tinha que tomar o RER B todos os dias), mas, como previsto, eu nem mais o percebia. E felizmente, o cheiro não prendia na roupa. Detalhe: quando eu fui ainda era inverno, imagine então como devia ser isso no verão!

  5. O que vale para o Prefeito é

    O que vale para o Prefeito é a ideia moderninha, a propaganda que vai aparecer no horário político e o “auê” . Se é possível ou viável ser feito é o que menos interessa, vide o Programa da Prefeitura para os viciados em crack, na propaganda da TV funcionou maravilhosamente. 

      1. Tá doente, Zarastro? Defendendo uma medida do Haddad…

        Ela te beneficia pessoalmente? É a única hipótese para explicar esse seu comportamento tao inusual… 

        1. Acho que você se equivocou…

          …porque sempre votei no PT, desde que me conheço por gente.

          De resto, gostaria que apontasse algum comentário onde critico o prefeito. Nem tenho comentado tanto no blog, aliás.

          1. Tem razao, desculpe; te confundi com aquele troll, Zanqueta, ach

            Desculpe-me realmente, nunca consigo lembrar o nome dele direito, e te confundi. O cara é um dos “trolls da casa”. 

          2. Me confundir com o Zanchetta?

            Isso sim é que é ofensa!

            (Calma! Brincadeirinha!)

            Bom resto de domingo para você. E que venham as barcas!

          3. Pois é. Falha minha, assumo. É ofensa mesmo, mas nao te visou

            Bom resto de domingo para você também, e desculpe-me mais uma vez. 

  6. A princípio um bom projeto

    A prioridade sem dúvida é o transporte sobre trilhos, mas, esta proposta é muito boa, lógico no rio pinheiros e tiête deve-se impedir e não ter nunhum tipo de poluição ou materiais solidos, como  sofá entre outros, já que isso impediria a navegação, para os críticos que não terminam de ler a matéria, o odor seria evitado, porque, seria fechado com o uso de ar condicionado.

  7. O homem lindo por dentro e por fora!

    O Homem dos olhos nos olhos, denotando sinceridade e honradez! Inteligência, honestidade e a garra de bem servir trans formam esse prefeito na figura mais importante do cenário político de nosso país! Como diria Analu, mais um ponto para Haddad!  Precisamos de muitos HADDADs!!!

  8. Hidrovia de Haddad

    Nassif,

    Uma pergunta,  por qual motivo nenhum dos prefeitos anteriores a Fernando Haddad levou adiante tal alternativa de transporte ? 

    A partir dos comentários, a maioria deles positivos, fiquei com a impressão de que nenhum paulistano se surpreendeu com a iniciativa do prefeito, ou seja, o aproveitamento da referida ligação hidroviária estava, de certa forma, evidente, mas ninguém, nenhuma associação de moradores pediu por ela.

    1. Céus! Nao envergonhe o sexo feminino!

      Depois você diz que “as mulheres” votam pela aparência. Vejo agora que generalizou a sua própria tendência… Há mil motivos para se aplaudir Haddad, ele ser um homem bonito NAO É UM DELES! 

  9. Eclusa no Pinheiros?

    “passando por Santo Amaro e seguindo o rio Pinheiros até a estação Pinheiros da linha 4-Amarela do Metrô paulista.”

    Vai ter uma eclusa na estação elevatória da Traição…?

    1. Sim. Já está em processo de

      Sim. Já está em processo de elaboração do edital de contratação de elaboração de projetos de Eclusas para integrar o sistema de navegação metropolitana. Após a elaboração do projeto será contratada a aexecução da obra.

      Um exemplo de atividade em desenvolvimento é a construção da Eclusa da Barragem da Penha que está sendo executada desde novembro de 2013.

  10. Pelo jeito

    Excelente idéia. Será até bom porque nos dias em que chover poderá ser ampliado o alcance da linha: dia sem chuva, leva o passageiro até a estação de trem; dia de chuva com alagamento, te deixamos na porta do trabalho….

     

  11. Queria algo assim na Lagoa dos Patos…

    Linhas de “barcônibus” indo de Porto Alegre até Rio Grande, dos dois lados (do lado do “interior” e do lado do “litoral”) da “Laguna” dos Patos… Mas contrariar lobby das empresas de ônibus sempre é complicado, e é por isso que esse projeto vai demorar a vingar.

    1. Só mesmo no Brasil esse desrespeito com as nossas águas

      Pois é né Leandro… Enquanto isso, los hermanos aí de Argentina e Uruguai usam o barco como meio de transporte no da Prata há muito, muito tempo. E se eu falar de Europa, então, aí é que tenho um treco.

  12. transporte fluvial

    Para quem anda na ciclovia do rio Pinheiros todos os finais de semana pode facilmente perceber que o rio nas estações secas não passa de um palmo de profundidade e deixa transparecer sempre ilhas de assoreamento no meio da calha. Sem o aprofundamento da calha e sem urbanização das margens dificilmente isso sairia do papel, principalmente porque temos uma ferrovia implantada em uma das margens do PInheiros. O próprio Niemeyer projetou uma urbanização das margens dos nossos rios. Transporte é municipal, mas as águas e a ferrovia são estaduais.

    Na reportagem eles mencionam a necessidade de conexão do transporte fluvial com os demais modais de transporte coletivo no Plano Diretor. Até aí, ótimo, o problema é o vereador já falar em PPP!

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