Haddad e Chalita: uma aliança em torno de políticas de Estado?

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – “Aqueles que buscarem eventuais divergências de ponto de vista ou entre eu e (Gabriel) Chalita ou entre Chalita e sua própria equipe (na Secretaria de Educação de São Paulo) vão semear em solo infértil. Porque, na verdade, é a partir da diversidade de ponto de vista que nós vamos construir uma rede (de educação pública) mais sólida. Não será o prefeito ou o secretário quem vai liderar sozinho essa reforma (na educação).”

Foi com a sentença acima que o prefeito Fernando Haddad (PT) justificou a escolha e tentou afastar as críticas sobre a nomeação do antigo adversário eleitoral, Gabriel Chalita (PMDB), como secretário municipal de Educação de São Paulo. A posse aconteceu na manhã desta quinta-feira (15), sem a presença de caciques políticos alheios ao Paço – com exceção de Alexandre Padilha (PT), ex-ministro da Saúde cotado para comandar o setor na cidade.

Nos cerca de 10 minutos de discurso, Haddad sustentou que Chalita é renomado entre gestores da área de Educação e essa aproximação faz parte de um plano que ele tenta resgatar da época em que atuava no Ministério da Educação (MEC). A saber: trabalhar pela elaboração de políticas públicas de Estado, não de governo. Ou seja: colocar a agenda educacional acima de questões partidárias.

Para mergulhar na questão, Haddad relembrou a fase inicial de sua relação com Chalita. Segundo o petista, a oportunidade de trabalho em conjunto surgiu durante o primeiro governo Lula. À época, Haddad era secretário-executivo do MEC, então capitaneado por Tarso Genro, e Chalita (que integrava as fileiras do PSDB paulista) se aproximou como secretário de Estado e presidente do Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação).

“Naquela ocasião havia algo que eu confesso que sinto saudades: um ambiente que devemos reconstruir, que é aquele em que separa as políticas de Estado das políticas de governo. Nós tratamos a educação sempre como política de Estado”, disse. “Acho que temos que resgatar esse conceito de política de Estado. E confio muito nas mãos do Chalita (para isso)”, acrescentou o petista. Ele destacou que o fruto do trabalho foi aprovado sem ressalvas até mesmo por oposicionistas do PSDB, DEM e PPS no plano federal.

A aproximação entre Haddad e Chalita foi interpretada como um ensaio de dobradinha de olho na eleição de 2016. A chapa teria o prefeito numa campanha de reeleição e Chalita como vice, afastando uma possível candidatura de Paulo Skaf (que tem o recall da eleição estadual de 2014, quando obteve 4 milhões de votos) e a entrada de Marta Suplicy (PT) no páreo, pelo lado dos peemedebistas.

Sobre Marta Suplicy e seus disparos contra o governo Dilma Rousseff (PT) e o próprio PT, Haddad, mais uma vez, evitou falar sobre o assunto. Ele também negou que o convite a Chalita tenha sido influenciado pela previsão de que Marta irá disputar a eleição de 2016, mesmo que a futura legenda da senadora ainda não esteja definida.

Saia-justa com o PT

Mais do que criticar essa discussão “antecipada”, Haddad pareceu enviar um recado às alas petistas insatisfeitas com a condução de Chalita ao primeiro escalão do governo municipal. “Eu acabo lendo a repercussão do convite como se eu, como ministro, e Chalita, como secretário, fossemos líderes de processos nos quais nós impusemos nossas vontades aos educadores. Eu não realizei as reformas como um ditador. (…) Quem quer impor sua visão de mundo à frente de um órgão como esse deveria deixar a educação. A educação é construção necessariamente coletiva”, disse.

Posteriormente, durante coletiva de imprensa, o prefeito foi questionado sobre Chalita ter sido alvo do PT em anos passados, em função de seu trabalho no governo estadual. Haddad disse que isso não lhe parece uma “saia-justa” e reafirmou que não é um único partido que vai ditar as políticas educacionais necessárias ao desenvolvimento de São Paulo.

“Acredito que não (vai ser uma saia-justa com o PT) porque as pessoas amadurecem. Ninguém é o mesmo 10 anos depois. E é muito arrogante você achar que tem as respostas para a educação, ou que as suas respostas são as corretas. A educação é uma construção coletiva”, repetiu.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

15 Comentários

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  1. Quem comemorou essa união?

    Quem comemorou essa união? Ninguém.

      Hoje aconteceu o jogo Atético e Real Madrid pela copa do Rei..– o jogo empatou 1x 1 e o Atlético se classificou.

           Assistam os gols deste jogo e dos demais do Real Madrid. Cristiano Ronaldo não comemora quando um companheiro marca o gol.

              Ao contrário: fica até amuado.

               E assim tem sido ao longo de sua carreira.

                Alguma semelhança com alguns beneficiados do PMDB quando são nomeados no governo?

               Ou do própio PT também?

                É da natureza humana. Raramente a equipe comemora.

                   O ser humano é egocentrico,ambicioso e individualista.

  2. Na verdade a relação entre os

    Na verdade a relação entre os dois vem de antes de Haddad ir para o Mec e Chalita ocupar a secretaria estadual de educação. E eles nem desconfiam… Começa quando o primeiro ocupa a chefia de gabinete da secretaria de finanças do municipio e o segundo a coordenadoria de juventude do estado, e o que une os dois é um presídio. Explico: quando da desativação do complexo do carandiru houve um movimento capitaneado pelo movimento dos sem universidade para a transformação do complexo numa universidade pública. A área estava a cargo de Chalita para a transformação num parque (parque da juventude, o que acabou ocorrendo) e o movimento fazia pressão na prefeitura para a criação da universidade municipal no local (já que havia dúvidas sobre quem detinha o direito sobre a área). A pressão do movimento forçou a prefeita Marta Suplicy a criar um grupo de trabalho para apresentar propostas para atenuar a falta de vagas públicas no ensino superior na cidade. Foi esse grupo de trabalho que recolheu entre outras propostas a troca de imposto (iss municipal) por vagas na rede privada, foi essa proposta que o grupo de trabalho encaminhou à secretaria de finanças na mãos do Haddad para que se verificasse o impacto dessa medida no orçamento municipal. Com a eleição do Lula em 2002 Haddad vai para Brasília e transforma a idéia recolhida no grupo de trabalho da prefeitura no prouni. Assim nasce o Prouni, que, aliado ao mensalão (Tarso deixa o ministério para ocupar a presidencia do PT com a saida de Genoino), alça Haddad a ministro… Quanto a proposta da universidade no Carandiru, Chalita a acolhe com a criação de uma Fatec no Parque da Juventude.

  3. Lamento ser amigo da onça,

    Lamento ser amigo da onça, admiro muito Haddad e acho ele com grande potencial mas o projeto de ciclovias em SP

    não agregará votos e ao contrario, vai subtrair. O projeto está sendo executdo sem racionalidade, está se subtraindo uma faixa de rolamento em ruas estreitas e onde não se vislumbra um ciclista em horario algum. É uma coisa sonhática, se submtida a uma pesquisa de opinião não terá 5% de aprovação porque é algo ilógico.

    O ir e vir de São Paulo é de distancias longas, o grosso dos empregados mora nas zonas leste e norte e trabalha na zona sul ou centro, são distancias de 20 ou 30 quilometros, não dá para ir e voltar de bike, não tem atletas nessa quantidade em São Paulo, cidade basicamente de gente de meia idade, idade e muita idade.

    Em todas as cinclovias já implantadas, em torno de 50 ou 60 quilometros, se vê pouquissimos ciclistas, o plano do Prefeito é para 500 quilometros, o custo será astronomico, a relação custo beneficio é injustificavel e o pior é subtrair leito transitavel para os automoveis. Não vai melhorar o transito, vai piorar.

    O Prefeito alega que é educativo, para as pessoas mudarem sua cultura do automovel. Isso é utópico, pelo tipo de cidade, topografia, estilo de vida, necessidades de locomoção, lazer, compras, serviços médicos, cidade de

    de altas e baixos e distancias longas para trabalho e emprego e outras funções urbanas, não tem como substituir o automovel por bicicleta. Uma mãe que vai levar os filhos ao médico vai de bicicleta? Um aposentado que vai ao banco irá de bicicleta, um casal de namorados que vai à noite ao cinema irá de bicicleta? Claro que não.

    Um projeto muito mais logico seria dar alguma prioridade ou beneficio a carros pequenos em certas zonas, a maioria dos deslocamentos são de uma pessoa por carro, São Paulo tem vans demais, carros grandes demais, mega carros

    ocupam muito espaço trnsportando uma pessoa. Carros tipo “smart”” de dois lugares ocupam um quarto do espaço de uma perua ou van, porque não isentar de algum imposto esse tipo de carro?

    Haddad não está apresentando realizações, só ser simpatico ou jovem não é suficiente, parece que tambem não curte sair do gabinete, Marta rodava as periferias todo dia, com sol ou chuva, não vi Haddad fazer algo parecido, Maluf goste-se ou não dele, fez nos primeiros dois anos um fantastico numero de obras, avenidas, viadutos, pontes, etc.

    Sem as obras das gestões Maluf São Paulo já teria parado há muito tempo. Isso é incentivar o automovel? Claro que sim, ninguem mais incentivou automovel para todos do que os governos Lula e Dilma, agora não adianta querer demonizar o automovel, São Paulo é uma cidade inviavel sem automovel, esse é realidade, o bike é sonho, faltou combinar com os paulistanos e querer implantar essa cultura à moda Mao, de cima para baixo, não funciona.

    Quanto a Chalita, dispenso de comentar. Seu perfil já é bem conhecido em São Paulo.

     

    1. seu texto com relação às

      seu texto com relação às ciclovias é absurdo do início ao fim. Típico de quem não entende nada do assunto mas resolve escrever linhas e linhas sem qualquer conhecimento. Em primeiro lugar, ciclovia não é lugar para atleta. Se um atleta for treinar em ciclovia, pode causar um acidente. Em segundo lugar, se você não ve nenhum ciclista passando pela ciclovia, já deveria entender que essa é a questão maior dos problemas no transito, pois não temos o costume de priorizar esse tipo de transporte.  Você não verá da noite pro dia 30% das pessoas tirando a poeira de suas bicicletas e indo pro trabalho pedalando, mas aposto que em alguns anos você terá isso.

  4. a educação é um projeto de

    a educação é um projeto de construção coletiva.

    quase uma síntese da necessidade de participação de todos

    para transformar um setor meio renitente a mudanças. 

  5. Sou professor da rede

    Sou professor da rede municipal paulistana. Educação é uma construção coletiva, mas é também um processo político-pedagógico, em que o poder, o aparelho, o recurso, contam.

    A canetada tem sua força. Nesse sentido, que lidera hoje a educação pública na cidade de São Paulo? O segmento burocrático e a-pedagógico dos profissionais da educação. Prova disso é que os supervisores escolares vão às escolas para só para inspecionar “documentação”. Diretores de escola e coordenadores só pensam em “documentação”.

    Não se pode perder de vista que essas funções detém poder, e que uma reforma progressista da educação precisa disputar e ocupar esses cargos, com profissionais que possam realmente levar a cabo uma tarefa pedagógico-educacional à rede de ensino, porque gestores que querem só usufruir de posição hierárquica e cuidar de burocracia, não servem pra nada.

    O aparelho de poder da rede de ensino hoje está voltado para a burocracia, hierarquia, controle e vigilância. Há exceções, mas a própria ocorrência de exceções confirmam a regra. Estamos discutindo REDE, e não uma experiência isolada aqui e ali.

    Para que servem hoje as chamadas Diretorias Regionais de Educação? Só para vigiar e controlar. Uma pólo de poder, uma instância burocrática a mais. Se elas não planejam estrategicamente o território, porque são regionais? No que consistem, qual seu objetivo de existência???!!

    No dia a dia, os gestores tem a canetada à disposição. O professor não tem canetada. O aluno menos ainda. Já começa daí. Então nessa construção coletiva uns detém instrumentos de poder, outros não, há uma estrutura de poder. É preciso deixar claro isso, para não se pensar que na rede de ensino todo mundo tem o mesmo poder. Não é por aí. E nem devemos partir pro anarquismo, ser contra aparelhos de poder. O segredo é usar bem o poder.

    Porque os gestores tem os instrumentos de poder? Para coordenar a discussão e a execução do projeto político-pedagógico da escola. Isso é feito? Não, apenas formalmente. O que a prefeitura faz? Finge que é feito. Aliás, como a escola vai se discutir, se a rede não se discute?

    O próprio Prefeito admitiu que o governo dialogou muito pouco com os professores nesses últimos dois anos. Mas ele está sendo otimista. O governo dialogou com os pais? Não. Dialogou com a massa dos alunos? Não. O governo não dialogou com ninguém nesses últimos dois anos.

    Isso é trágico porque cabe justamente ao governo desencadear o processo político pedagógico  que vai culminar na reforma da educação pública. Para isso é preciso haver diálogo na rede: conselhos educacionais nas subprefeituras, colegiados nas diretorias educacionais de educação. A população precisa participar da definição da política pública de educação, assim, em primeiro lugar, os órgão decisórios da rede precisam se abrir para a participação da população.  

    1. Educação e burocratas

      Concordo com o que disse o Prof. Gabriel. Sou professora de universidade pública e percebo que o pessoal da Faculdade de Educação que “controla” muitas das questões docentes na universidade agem e pensam como burocratas . Querem cada vez mais “tarefas” para eles controlarem, quantitativas e digitalmente controlaveis. Reuniões com coordenadores servem apenas para jogar tarefas( que são da instituição) nas costas dos coordenadores de curso. Discutir Educação? NADA.Quando discutem( cursinhos preparatorios para docentes recem chegados) é de chorar. Despejam falas e com um discurso de ouvir, nada ouvem. Os novos doutores se divertiam( e choravam) com tal incopetencia..Impressionou-me exatamente que os cursos de Educação( pelo menos na Universidade pública onde leciono) esta seja vista como controle e feitoria para fazer do professor um tarefeiro com cada vez maior acumulo de tarefas burocraticas(idiotas) e tempo  controlaveis por eles.Algo assim como capatazes para controlar  os “trabalhadores” a realizar mais tarefas. Algo assim como capataz de fabrica, boia-fria. Discussão, Educação mesmo? Não ví.

  6. O PT é mestre em colocar

    O PT é mestre em colocar tucanos travestidos de “técnicos” nos seus governos. Daí são comidos de dentro prá fora, como um tronco de árvore atacado por cupins. E caem na primeira ventania.

  7. REINO DE CLIO – MUSEUS DO BRASIL – VISITAS VIRTUAIS

    O MUHSE, Museu do Homem Sergipano, ligado à UFS, conta, através de suas peças, a História da ocupação do território, desde o homem primitivo, passando pelos invasores portugueses, o ciclo do açúcar, etc. Agora, o site Reino de Clio disponibiliza a visita virtual, com imagens feitas por alunos da UFS para preservação digital do acervo. Vale à pena conhecer. Onde? No Reino de Clio!

    http://reino-de-clio.com.br/

  8. Haddad e Chalita: uma aliança

    Haddad e Chalita: uma aliança em torno de políticas laicas de Estado e sem oferecer, goela abaixo do professorado municipal, autoajuda de mercado carismático, edulcorados como subsídios a gosto… no lugar de efetivas políticas salariais de carreira de valorização profissional do magistério bom paratodos.

    …como se não bastasse racionamento e falta de água, apagão da eletropaulo, tarifaço federal!… era só o que faltava pregação política carola… se ao menos fosse das ordens mendicantes só com a roupa do corpo e Deus no coração…

     

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