Construtoras sofrem com desistências na hora do financiamento

Jornal GGN – Nenhuma das construtoras brasileiras listadas na Bolsa registrou aumento nos lucros no segundo trimestre de 2016. Metade delas teve prejuízos. O número de compras na planta canceladas na hora do financiamento, os chamados distratos, está aumentando.

De acordo com o diretor da Abrainc, associação de classe das incorporadoras, o aumento de juros e os critérios mais rigorosos para conceder financiamento é uma das principais causas dos negócios desfeitos.

Na Eztec, o valor das vendas caiu 78% e os distratos cresceram 123% no segundo trimestre de 2016, na comparação com 2015. Na Cyrela, os distratos estão em torno de 33% do valor geral das vendas. O nível normal é metade disso.

Da Folha de S. Paulo

Desistências e queda nas vendas de imóveis abatem lucro de construtoras

Por Fernanda Perrin

As construtoras brasileiras continuam sentindo os efeitos da crise. Além das vendas de imóveis continuarem em queda, as compras na planta estão sendo canceladas (o chamado distrato).

Nenhuma das dez empresas do setor listadas na Bolsa viu seu lucro crescer no segundo trimestre do ano. Metade registrou prejuízo.

Pressionados pela crise, os bancos elevaram os juros e ficaram mais rigorosos para conceder financiamento, etapa que acontece em média três anos após a compra do imóvel na planta, diz Luiz Fernando Moura, diretor da Abrainc, associação que reúne incorporadoras.

Assim, os distratos que ocorrem agora resultam, em grande medida, de unidades vendidas em 2013, antes da economia entrar em recessão.

De lá pra cá, esses clientes foram pegos de surpresa pelo aumento do desemprego e queda na renda. Sem dinheiro e sem conseguir ter o crédito aprovado no banco, eles desistem da compra

Outro perfil de cliente que tem impulsionado os distratos são os investidores, que não têm interesse em ficar com um imóvel que compraram na planta para lucrar com a revenda da unidade pronta.

Na Eztec, enquanto o valor das vendas caiu 78%, o dos distratos cresceu 123% entre o segundo trimestre de 2015 e o de 2016. Sem compradores, a incorporadora acabou alugando unidades de empreendimentos comerciais para outras empresas.

Na Cyrela, os distratos estão em torno de 33% do valor geral das vendas, diz Eric Alencar, diretor financeiro da empresa. “Quando o mercado está normalizado, o nível é menos da metade disso”, afirma o executivo.

Contatada, a empresa não informou a variação em relação ao ano passado.

A desistência ocorre sobretudo nos empreendimentos direcionados para a classe média, mais dependente de crédito do que a alta renda e sem acesso aos subsídios das habitações populares, afirma Moura, da Abrainc.

VENDA SIMULTÂNEA

A MRV, construtora líder do mercado focada no segmento de baixa renda, conseguiu reduzir o valor dos distratos em 27% no período.

A queda é resultado da chamada “venda simultânea”, prática implementada nos lançamentos feitos a partir de 2013, diz Sérgio dos Anjos, diretor comercial da MRV.

Nela, a venda na planta só é concretizada quando o cliente tem o crédito aprovado no banco. “A dificuldade de venda aumenta, mas a qualidade do negócio também”, afirma dos Anjos.

Esse é o cenário ideal para as incorporadoras, diz Moura. Segundo ele, a Abrainc tem negociado com as instituições financeiras a antecipação do financiamento ao cliente, para reduzir o ciclo e evitar desistências.

Redação

2 Comentários

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  1. Edição abaixo da crítica

    Prezada equipe do GGN,

    Lendo ‘na diagonal’ esta matéria  deparei com um erro muito sério de edição. No penúltimo parágrafo do 2º tópico está escrito assim:

    “Nela, a venda na planta só é concretizada quando o cliente tem o crédito aprovado no banco. “A dificuldade de venda aumenta, mas a qualidade do negócio também”, afirma dos Anjos.”

    A editoria da matéria, seja na FSP ou aqui no GGN, leu a reportagem depois de escrita? Foram exatamente essas as palavras dos dietor comercial da MRV?  Duvideodó.

     

     

  2. Bolha Imobiliaria

    Quantos brasileiros tem renda suficiente pra comprar ou financiar um imóvel de R$ 250 mil / R$ 300 mil?

    Destes, quantos tem a intenção ou precisam comprar um imóvel?

    Enquanto o preço não voltar a realidade do que a população pode pagar, teremos um mercado imobiliario travado.

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