O leilão do Império Romano


Commodus (Christopher Plummer no filme) assume o trono romano.
 
A Queda do Império Romano, filme realizado por Anthony Mann, em 1964. No auge da expansão geográfica do Império Romano, o general Lívio comanda a nova política do imperador Marco Aurélio, que quer a pacificação nas fronteiras e a adoção de uma certa autonomia para os povos conquistados. Mas Marco Aurélio acaba envenenado pelo seu filho Cômodo, que assume o trono e mergulha Roma no caos político e administrativo, o que dá origem à queda do Império Romano. Nesta cena final, com a morte de Cômodo, o Império Romano é leiloado em praça pública. 

https://www.youtube.com/watch?v=9XGVdbhgQc0 align:center

 O LEILÃO EM PRAÇA PÚBLICA


A guarda pretoriana toma Roma.

Mas nos relatos históricos, e não na ficção, de fato o reinado de Cômodo foi marcado por vários excessos, tendo sido terminado pelo seu assassinato em 31 de dezembro de 192 d.C, sendo sucedido pelo seu prefeito do pretório Pertinax, oficial veterano que servira sob Marco Aurélio. Todavia, seu “açodado empenho de reformar o Estado corrompido” fez com que ao fim de escassos três meses como imperador fosse assassinado pelos guardas pretorianos. Seguiu-se uma situação caricata, onde é difícil fixar o ponto mais baixo da história política de Roma, mas um deles certamente foi quando, após o assassínio de Pertinax, os guardas pretorianos venderam o império em hasta pública a um abastado e néscio senador chamado Dídio Juliano, ao oferecer um donativum maior, em 193 d.C. Marco Dídio Severo Juliano nasceu em Milão, no fim do reinado de Adriano, filho de família senatorial. Foi cônsul em 174 ou 175 d.C. e governou uma série de importantes províncias militares. Foi absolvido da acusação de envolvimento numa conspiração contra Cômodo e no começo do ano de 190 d.C. governou a África. Quando Pertinax foi assassinado, em 28 de março de 193 d.C., Juliano estava a caminho de uma reunião do Senado quando foi abordado por dois guardas pretorianos que insistiram com ele para que tomasse o poder no leilão em que um dos participantes era Flávio Sulpiciano, que tentava ser proclamado imperador. Então, os dois disputaram o trono por meio de lances na forma de donativos à guarnição pretoriana aquartelada nas aproximidades de Roma. Juliano ganhou a disputa pagando 50 mil sestércios para cada homem, foi proclamado imperador e prometeu restaurar o bom nome de Cômodo. A situação não perdurou muito tempo, o seu reinado durou apenas sessenta e seis dias, uma vez que nas províncias três generais das legiões da Britânia, do Danúbio e do Oriente se declararam eles próprios imperadores: Clódio Albino na Hispânia, Sétimo Severo na Panônia, Pescênio Níger na Síria, respectivamente. Por fim, o vitorioso general Severo deu ao império perto de dezoito anos de paz, mas a um terrível preço após alguns anos de guerra civil e uma administração “inflexível que considerava o império romano como sua propriedade pessoal” (…). Desdenhou usar o Senado como um instrumento de política (…). E embora houvesse banido os guardas pretorianos de Roma pelo assassínio de Pertinax e a desprezível transação de Juliano, logo depois julgou conveniente restabelecer a guarda em número quatro vezes maior que anteriormente. Assim, por ter descartado até mesmo as formas de autogoverno, e por ter deixado a capital à mercê dos soldados, Gibbon considera Sétimo Severo “o principal autor do declínio do império romano”.
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Referências: 
# Baseado em trechos do livro de Edward Gibbon, Declínio e Queda do Império Romano, Cia das Letras, edição abreviada, 1989, tradução e notas suplementares José Paulo Paes, capítulo IV, págs. 91 a 102.
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Jota Botelho

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