A necessidade de diversificação na matriz de transportes

Jornal GGN – O custo logístico no Brasil impacta diretamente na competitividade do produto nacional. A predominância do modal rodoviário, por insuficiência e ou deficiência dos demais modais, encarece muito a produção.

Além disso, o país sofre com a assimetria de produzir em determinados centros e consumir ou exportar a partir de outros. Especialmente quando se fala de commodities agrícolas.

O Brasil é um país continental, mas demograficamente ainda possui uma dinâmica costeira. Os estados costeiros representam 84% da população e 85% do PIB.

A região norte e a centro-oeste representam 15% do PIB, 16% da população. E 64% da área do país.

A produção nacional precisa percorrer longas distâncias. E os modais mais interessantes para essa função – a cabotagem na costa e o intermodal fluvial ferroviário no interior – foram historicamente preteridos.

Além disso, falta sistema de armazenagem, especialmente para a produção agrícola. De modo que o produtor precisa se livrar logo da safra, ou usar caminhões como silos para grãos.

O assunto foi abordado pelo coordenador de estudos logísticos da FGV Projetos, Manoel Reis, no 64º Fórum de Debates Brasilianas.org.

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Os desafios logísticos do Brasil

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“As nossas cadeias de abastecimento têm sofrido muito na sua competitividade, por excesso de custos e tempo. Em especial no comércio exterior. Por que motivo? Rodovias deficientes, ferrovias insuficientes, transporte fluvial quase inexistente e cabotagem insuficiente. Portos ineficientes, insuficiência de terminais de transbordo de carga, e sistema de armazenagem insuficientes, em especial para commodities agrícolas”

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 A matriz de transportes do Brasil e do resto do mundo

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“Temos em transporte ferroviário muito menos do que outros países. Somos um país de grandes dimensões e produzimos e exportamos muita commodity, o que de certa forma é ruim porque usamos muito o rodoviário para transportar produção agrícola. Na longa distância. E temos rodoviário substancialmente maior do que todos os outros países. Então, essa é uma maneira de se olhar a nossa matriz e entender que ela está desequilibrada”.

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A melhor solução logística para cada situação

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“Os modais de transportes têm sua aplicabilidade para distâncias diferentes, mostrando claramente que o sistema hidroviário, ou aquaviário em geral, a longa distância é o que interessa. Nós somos um grande produtor de commodities, são produtos de baixo valor agregado, grande volume e grandes distâncias. No interior do país, esses produtos devem ser transportados preferencialmente por ferrovia e fluvial. E na costa, claramente tem que ser transportado por cabotagem. E as cargas gerais também”.

O potencial subutilizado da cabotagem

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“A cabotagem é o transporte marítimo na costa de um país. Incluindo, no caso brasileiro, Manaus, que nos permite chegar a uma distância de quase dez mil quilômetros no total. Portanto, é um sistema importantíssimo para o Brasil no fluxo norte-sul. Logicamente que para os fluxos que estão mais próximos da costa ele é mais atraente. A cabotagem participa com 12,5% na matriz brasileira de transporte. Em outros países, por exemplo, na comunidade europeia representa 37% do movimento de carga. Na China 48%. Países semelhantes ao nosso têm muito mais cabotagem do que nós temos, portanto, isso nos dá a expectativa de ter um grande desenvolvimento da cabotagem no Brasil”.

O detalhe que inviabiliza as hidrovias

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“A gente sabe que o transporte fluvial é uma coisa que amadurece em séculos e não em anos. Só que precisa fazer. Demora muito, mas precisa fazer. O problema é que nós não estamos fazendo nada. Nós temos 17 eclusas no Brasil e milhares de barragens. Ou seja, o rio é uma sequência de lagos que não se pode usar como sistema de transporte. E de longe o transporte fluvial é o mais barato para transporte de commodities na longa distância”.

A preocupação de sustentabilidade no processo logístico

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“Hoje, há uma grande preocupação no processo logístico com o aspecto sustentabilidade. Isso aqui é um exemplo, só para ilustrar. Levando mil toneladas de arroz de pelotas para Fortaleza, eu gero 225 toneladas de CO2. Fazendo o mesmo por intermodal de cabotagem eu gero 70 toneladas. Ou seja, tem uma redução de quase 70% no processo de geração de carbono”. 

Manoel Reis, coordenador de estudos logísticos da FGV projetos from Jornal GGN
2 Comentários

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  1. Nenhum debate a respeito da

    Nenhum debate a respeito da logística urbana e a enorme perda de tempo, dinheiro e saúde com as dificuldades de transporte nas grandes cidades. 

  2. Afinal

    Defendo a utilização máxima da navegação de cabotagem desde que me formei em engenharia. Olhem, faz muito tempo…kkk.

    Insisti muito nos conselhos de instituições financeiras onde trabalhei. Nenhum ouvido, nenhuma olhada nos estudos a ponto de virar chacota. Lembro-me de quando falei de algo produzido em Pelotas chegar de barcaça em Manaus. Acho que muitos pensaram que o Rio Amazonas era um riacho.

    Finalmente alguém neste pais consegue “agregar logicamente” duas variáveis ao mesmo tempo.

    Ufa, começamos a sair da idade das trevas.

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