
O ataque que vitimou diversos líderes do Hamas em Beirute ajudou a abrir diversas feridas antigas na região do Oriente Médio, gerando receio inclusive quanto a uma eventual escalada nos conflitos em andamento entre Israel e Palestina.
Além de comandantes militares de alto escalão, o ataque matou Saleh al-Arouri, antigo líder das Brigadas Qassam e membro do gabinete político do Hamas que coordenou as atividades militares e políticas do grupo fora da Faixa de Gaza – e considerado um dos líderes mais populares do Hamas nas regiões lideradas pela Fatah.
Segundo a agência de notícias Al Jazeera, o ataque em questão “apresentava todos os sinais das clássicas eliminações israelenses de alvos humanos de alto valor, a longa distância”, apresentando semelhanças inclusive com a ação que matou Ahmad Yassin, um dos fundadores do Hamas e líder espiritual do grupo, que foi morto numa rua de Gaza por um míssil teleguiado antitanque modificado.
Medo do pós-guerra
A pergunta que permeia o debate em torno do caso é “por que agora” – tanto o Hezbollah como o Irã mostraram “notável contenção e paciência política” ao não atacarem Israel após o início das ações em Gaza.
“O cálculo inicial de Israel teve de considerar a possibilidade de o Hezbollah abrir uma segunda frente, mas depois de quase três meses de relativa calma no norte, as forças israelitas permitiram-se desmobilizar cinco brigadas, obviamente convencidas de que quaisquer que sejam os combates que terá de travar no futuro, estará na faixa (de Gaza)”, diz o articulista.
Porém, muitos políticos, generais e autoridades israelenses têm alertado que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu não concorda com os generais – ao invés disso, ele considera a continuação da guerra algo de seu interesse direto.
Citando o antigo negociador israelita Daniel Levy, Kusovac diz que o governo de Netanyahu não quer que a guerra acabe, uma vez que o pós-guerra dará início a negociações a respeito das falhas cometidas por Israel.
Outros observadores citam diversos outros tópicos consistentes com a ação do atual premiê, como manter Israel em um estado permanente de guerra para evitar questionamentos da opinião pública; e a defesa de pontos de vista extremistas por parte dos políticos da extrema-direita israelense, como a reinstalação de israelenses na Faixa de Gaza defendida pelo ministro Bezalel Smotrich.
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