A política da volatilidade financeira, por Alexander Friedman

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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O impacto da política sobre os mercados é maior do que se imagina

Jornal GGN – Vinte e quatro anos atrás, em meio a uma campanha presidencial nos Estados Unidos, o gerente de campanha de Bill Clinton resumiu a mensagem de seu candidato: “É a economia, estúpido”. Hoje, com os investidores se esforçando para entender o que está impulsionando extrema volatilidade os mercados financeiros, há uma explicação igualmente concisa: é a política.

“As políticas dos bancos centrais mudaram de apoiar os mercados para potencialmente desestabiliza-los. Agora, os mercados estão se voltando para a reforma estrutural e política fiscal para obter assistência. A esta luz, os movimentos de preços correntes devem ser vistos através do espectro da geopolítica. E não é uma bela vista”, explica Alexander Friedman, CEO do grupo GAM Holding, em artigo publicado no site Project Syndicate.

Isso se tornou evidente nos mercados de petróleo, onde tanto os preços entraram em colapso e, agora, o barril gira em torno de US$ 30 por barril. “A extensão da queda do petróleo, e os consequentes receios de deflação, são citados como um dos principais fatores por trás da turbulência do mercado global. Em janeiro, a correlação entre os preços do petróleo e do S&P 500 atingiu o maior nível desde 1990”, diz o articulista.

Friedman ressalta que a dinâmica de abastecimento, ao invés da queda da demanda, explica a queda do preço dos US$ 110/barril apurados em 2016. Segundo o articulista, a mudança para preços mais competitivos fica implícita pela queda do poder de monopólio da Arábia Saudita, juntamente com o desejo da OPEP para combater a ameaça a partir da energia gerada pelo xisto nos Estados Unidos, que acabou por direcionar o primeiro movimento descendente. Da mesma forma, o levantamento recente de sanções ao Irã, e o consequente aumento da oferta mundial de petróleo, levou a uma nova queda de preços de 9% em questão de dias.

“Esta dinâmica de abastecimento é moldada pela política. Manchetes diárias sobre medidas coordenadas por parte dos principais países produtores de petróleo abastecem a volatilidade do preço do petróleo e definem o apetite ao risco nos mercados financeiros. No entanto, a política é tão confusa que a coordenação parece improvável, na melhor das hipóteses; o ministro do Petróleo iraniano descreveu recentemente um potencial congelamento de produção pela OPEP como uma “piada”, e as eleições parlamentares do Irã aumentam a incerteza”.

Além do petróleo, a outra explicação popular para o tumulto do mercado é a desaceleração econômica na China, que muitos investidores têm citado como a razão para queda dos preços das ações neste ano. Mas a desaceleração, refletindo a transição da China de investimento gerou um crescimento impulsionado pelo consumo, era amplamente esperada, e o crescimento de 6,8% em 2015 estava dentro das previsões.

O verdadeiro problema tem sido erros de política auto infligidos por líderes políticos da China. Uma intervenção mal aconselhada nos mercados de ações em julho de 2015, seguida de um ajuste da taxa de câmbio mal comunicada em agosto, levou os investidores a questionar a competência dos formuladores de políticas.

“Tais preocupações têm crescido desde o início do ano: a política monetária permanece confusa, enquanto o recém-lançado (e logo retirada) disjuntor do mercado de ações têm acelerado a queda do mercado, enquanto os investidores tentam vender ações antes da liquidez desaparecer. Além disso, as compras por parte de instituições financeiras estatais, juntamente com a proibição de vendas por grandes acionistas institucionais, não pode permanecer características permanentes se o mercado é verdadeiramente livre”, ressalta Friedman.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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