Deepseek gera crise na inteligência artificial do Ocidente

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

Para cientista, crescimento chinês é resultado de grande falha política dos EUA e do Ocidente, mas indústria também carrega parte da culpa

Foto de Tara Winstead via pexels.com

O lançamento do modelo de linguagem DeepSeek pela China não apenas chocou os mercados como levantou alegações de um eventual “momento Sputnik” (quando um lançamento bem sucedido puxa outras iniciativas) na inteligência artificial. Contudo, um modelo chinês em nível de paridade com produtos norte-americanos não seria uma surpresa.

“É o resultado previsível de uma grande falha política dos EUA e do Ocidente, pela qual a própria indústria de IA carrega grande parte da culpa”, afirma Charles Ferguson, matemático e empresário do setor de tecnologia, em artigo publicado no site Project Syndicate.

“As crescentes capacidades de IA da China eram bem conhecidas pela comunidade de pesquisa de IA e até mesmo pelo público interessado”, ressalta o articulista, lembrando que pesquisadores e empresas de inteligência artificial na China são notavelmente abertos sobre seus avanços ao conversar com a mídia e com outros pesquisadores.

Tal paridade seria explicada pela “agressiva e coerente” política nacional chinesa para atingir autossuficiência e superioridade técnica em toda cadeia de tecnologia digital, enquanto as políticas governamentais dos EUA e da União Europeia, assim como a indústria, “exibiram uma combinação deprimente de complacência, incompetência e ganância”.

Políticas norte-americanas superadas pela China

Segundo Ferguson, a pesquisa governamental e acadêmica em inteligência artificial nos Estados Unidos tem sido superada tanto pelo setor privado como pelas iniciativas da China.

“Devido ao financiamento inadequado, nem agências governamentais nem universidades podem competir com os salários e instalações de computação oferecidos por empresas como Google, Meta, OpenAI ou suas contrapartes chinesas”, ressalta o articulista.

Outros fatores que travam o avanço norte-americano são a política de imigração praticada em relação a estudantes de pós-graduação e pesquisadores, considerada “autodestrutiva e sem sentido” e a demora para os EUA adotarem uma política sobre a regulamentação do acesso chinês à tecnologia relacionada à IA.

“Precisamos encontrar um meio-termo pragmático, talvez contando com laboratórios nacionais de pesquisa de defesa e controles de exportação cuidadosamente elaborados para casos intermediários. Acima de tudo, precisamos que a indústria de IA perceba que, se não nos unirmos, nos enforcaremos separadamente”, afirma.

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