Os últimos dados divulgados sobre a economia da China mostram que, sem uma intervenção governamental de peso, o país terá dificuldades para atingir a meta oficial de crescimento de 5% estimada para este ano.
Dados recentes mostram que o crescimento anual do consumo da China, medido pelas vendas totais no varejo de bens de consumo, foi de 3,4% em agosto, enquanto os gastos com ativos fixos (que estima o crescimento do investimento) ficaram em iguais 3,4%.
Embora as exportações líquidas tenham aumentado em cerca de 8%, elas representam apenas 2,5% do PIB, fazendo com que sua contribuição para o índice geral seja considerada irrelevante.
Em artigo publicado no site Project Syndicate, o economista Yu Yongding lembra que a economia chinesa historicamente experimentou maior crescimento do PIB no último trimestre do ano, mas está claro que, sem uma intervenção governamental significativa, a China terá dificuldades para atingir sua meta de crescimento de 5% para 2024.
“A taxa de crescimento do PIB da China tem diminuído constantemente na última década, caindo de 10,6% em 2010 para 6,1% em 2019 e 5,2% em 2023”, diz o articulista.
Ao mesmo tempo, Yongding ressalta que os preços ao produtor têm estado em território negativo durante grande parte deste período, enquanto o índice de preços ao consumidor aumentou em menos de 2% em média desde 2012, caindo recentemente abaixo de 1%.
O fim do “milagre econômico”
Segundo o articulista, pode-se dizer que o ciclo de “milagre econômico” chinês em manter um crescimento anual de 10% chegou ao fim, mas que o país pode manter um crescimento sólido em torno de 5% a 6% com “uma política macroeconômica sábia, reformas orientadas para o mercado e um compromisso genuíno com a abertura de sua economia”.
Há anos os economistas discutem se os formuladores de políticas econômicas devem adotar um plano fiscal e monetário mais expansionista para incentivar o crescimento ou realizar reformas estruturais para eliminar o excesso de capacidade.
“Mas, dado o desempenho econômico fraco deste ano, suas visões estão cada vez mais alinhadas. Na verdade, pode-se até dizer que todos os economistas chineses agora defendem medidas expansionistas”, explica Yongding.
Na visão de Yu Yongding, os responsáveis pela política econômica devem lembrar as lições do ciclo econômico de 2009, quando o governo estruturou um pacote de estímulos no valor de US$ 560 bilhões para reduzir os efeitos da crise financeira global.
“Ao adotar políticas fiscais e monetárias igualmente ousadas, ao mesmo tempo em que minimiza os possíveis efeitos colaterais trazidos pelo pacote, a China pode revigorar sua economia e impulsionar o crescimento em 2024 e além”, pontua o articulista.
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Corre na internet manifestações do aparato diretivo chinês mencionando como uma das causas da redução do crescimento a política social do filho único.
A redução ou perda de dinamismo no setor habitacional e produtos de consumo é resultante.