Estudo mostra queda do fluxo migratório para a Itália via Mediterrâneo

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Euronews

Por Letycia Bond

Na Agência Brasil

Até a última quarta-feira (20), 40.944 pessoas, entre migrantes e refugiados, tinham chegado à Europa, em busca de abrigo, pelo Mar Mediterrâneo, que liga o continente ao oeste asiático, onde se localizam Síria, Israel e Líbano, e ao norte da África.

De acordo com levantamento divulgado sexta-feira (22) pela Organização Internacional para as Migrações (OIM), agência da Organização das Nações Unidas (ONU), o número representa menos da metade do registrado no mesmo período do ano passado (84.675) e 18,9% da movimentação estimada em 2016 (215.997).

Um aspecto destacado pela OIM foi a expressiva diminuição no fluxo migratório na Itália, que se encontra na chamada rota do centro do Mediterrâneo. Ao comparar os primeiros 172 dias de 2017 com os primeiros 171 deste ano, a agência constatou que o trânsito de pessoas nos portos italianos caiu 78%. Nos dois períodos, as entradas no país foram, respectivamente, de 11.690 e 2.798 migrantes, evolução que os autores do estudo consideram “uma reviravolta notável”, uma vez que a Itália tem acolhido anualmente média de 156 mil migrantes, conforme balanço dos últimos quatro anos.

A retração pode ser explicada pela adoção de maior rigor nas medidas de admissão de migrantes que pretendem permanecer no país. Somente em abril deste ano, por exemplo, 12.689 migrantes e refugiados que chegaram à Itália foram transferidos, a mando do governo, para outros países.

Examinando a circulação de 1º de janeiro até 20 de junho, a OIM contou16.228 migrantes, entre homens, mulheres e crianças, entrando na Itália, sendo que, no mesmo intervalo de 2017, o país havia recebido 71.798 pessoas.

No caso da Itália, o volume de pessoas que chegam pelo mar supera grandemente o daquelas que acessam o país por terra. De acordo com os pesquisadores, em junho, 3.993 imigrantes e refugiados usaram trajetórias marítimas e apenas 219 foram transportadas por via terrestre.

Outro país da região que registrou diminuição no fluxo de migrantes pelo mar foi a Grécia, que, em 2015, teve taxa recorde de entradas pelo Mediterrâneo: aproximadamente 850 mil pessoas. No ano passado, houve pouco mais de 29 mil ingressos, ante 173 mil no ano anterior. Se comparadas as taxas de junho deste ano e de 2017, os números são de 12.514 e 8.323 pessoas.

Espanha e Montenegro

Embora um recuo tenha sido detectado na Itália, a Espanha apresenta tendência inversa, passando de 4.161 migrantes e refugiados em junho de 2017 para 12.155 em junho deste ano. No caso espanhol, o fluxo migratório na zona banhada pelo Mediterrâneo tem sido cada vez maior. Em 2015, o volume era de pouco mais de 5 mil pessoas, passando para cerca de 8 mil no ano seguinte e 22 mil no ano subsequente.

Assim como a Espanha, Montenegro tem recebido mais migrantes e refugiados. O governo de Montenegro, país situado na região dos Balcãs, registrou 285 entradas irregulares nas duas primeiras semanas de junho deste ano. O total de pessoas que se encontram nessa condição é de 1.733, volume equivalente a nove vezes o apurado no mesmo período de 2017. Nos 12 meses do ano passado, o total foi de 807 pessoas. Segundo os pesquisadores da OIM, a origem dos que chegam a Montenegro é, majoritariamente, síria (45%), paquistanesa (16%), argelina (11%) e iraquiana (8%).

Vida sob ameaça

As singularidades do tráfego marítimo de migrantes e refugiados carregam em si uma carga excepcional de riscos. Reproduzindo diversos episódios que ilustram tais circunstâncias, como o caso de uma embarcação que resgatou pessoas que não conseguiram chegar ao destino no primeiro navio, a OIM ressaltou que, pelo relato de inúmeros migrantes e refugiados, identificou quadros de estresse e trauma, ocasionados por essas experiências.

Em determinados casos, a situação exigiu que alguns sobreviventes recebessem atendimento médico com urgência, destacou a agência da ONU. Em outros, foi reconhecida a atuação de contrabandistas, que facilitam a entrada de migrantes nos países, de forma ilegal.

Apesar disso, o relatório aponta queda no número de óbitos e desaparecimentos durante o deslocamento feito em itinerários envolvendo o Mar Mediterrâneo. Enquanto foram reportados, em 2016, 2.911 casos de pessoas desaparecidas ou mortas ao longo das travessias, no ano passado, o total ficou em 2.133, caindo, neste ano, para 960. Em três anos, a redução de ocorrências dessa natureza, portanto, chegou a dois terços.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

1 Comentário

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  1. A verdade desagradável é que

    A verdade desagradável é que a Itália tem recebido muito mais imigrantes do que consegue dar conta. Ano passado fui a Bolonha e a quantidade de imigrantes esmolando no centro da cidade era impressionante. Não adianta querer pagar de politicamente correto “fronteiras abertas” e não ter condição de absorver as pessoas na sociedade.

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