Executivos demostram confiança no Brasil, mas esperam crescimento maior no curto prazo

Do Valor

Executivos em Davos confiam no Brasil, mas curto prazo preocupa
 
Por Assis Moreira

Na véspera da chegada da presidente Dilma Rousseff ao Fórum Econômico Mundial, grandes executivos ouvidos pelo Valor sinalizam que gostariam de ver o Brasil com um crescimento um pouco maior no curto prazo, mas tratam de reiterar a importância do país em seus projetos de longo prazo.

No geral, os presidentes da Unilever, Nestlé, Iberdrola, Renault-Nissan e do Carlyle Group manifestaram ligeira diferença de tom, que deve refletir o que a presidente pode ouvir na sua conversa hoje com mais de 80 executivos numa reunião fechada no fórum.

Carlos Ghosn, presidente da montadora Renault-Nissan, disse que 2014 será muito bom para a indústria automobilística globalmente e também no Brasil. Mas assinalou que a expansão do mercado brasileiro “ficará um pouco limitada” neste ano. “Em termos de potencial, não temos nenhuma dúvida que o Brasil será um dos maiores mercados, mas precisamos de crescimento um pouco maior”, afirmou.

Indagado se havia inquietação sobre a desaceleração no Brasil, ele disse: “Há um pouco de inquietação no curto prazo, em 2014-2015, mas no longo prazo, não.”

Ghosn reiterou que investimentos do grupo continuarão, embora ainda não será desta vez que o Brasil se tornará o terceiro maior mercado mundial para o setor automotivo. “Mas isso virá”, disse.

Por sua vez, a Nestlé, maior fabricante mundial de alimentos e que tem o Brasil como seu terceiro mercado, após EUA e França, vai além e aponta uma das razões do fraco crescimento no país. “É verdade que o crescimento no Brasil está pequeno, porque o Brasil não fez as reformas estruturais”, afirmou o presidente mundial do grupo, Paul Bulcke. Indagado se os investimentos diminuirão no Brasil, ele respondeu que “se não há crescimento, o investimento diminui. Mas o Brasil é um grande mercado, temos confiança [no país]”.

O governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, encontrou-se com o vice-presidente da Nestlé para as Américas, Chris Johnson, e saiu com a impressão de que a companhia suíça planeja expandir suas fábricas no Estado.

Já a Unilever destaca o longo prazo. Seu presidente, Paul Polman, disse que a empresa vê sempre oportunidades. “Estive no Brasil há dois meses, falando com muita gente. Estamos focados no longo prazo, e o potencial pelo longo prazo é enorme no Brasil”, afirmou. “A direção que o Brasil adotou nos últimos 20 anos foi positiva e confiamos nos próximos 20 anos também.”

José Ignacio Sánchez Galán, presidente do grupo espanhol Iberdrola, falou é em aumento de investimentos em 2014, ao contrário da Nestlé. “Continuamos com todos nossos esforços na nossa aposta no Brasil”, afirmou. “Todos os planos de investimentos continuam e neste ano serão mesmo superiores ao do ano passado, tanto em eletro como em energia.”

Para Galán, um certo pessimismo no mercado sobre o Brasil se explica facilmente: “Foi como aconteceu com a Espanha, o Brasil é um país de moda do pessimismo. O Brasil é país com tremendas possibilidades e estamos nessa direção. É país do futuro.”

Homem forte no mercado, o financista David Rubenstein, presidente e fundador do Carlyle Group, um dos maiores fundos de participação em empresas (private equity) do mundo, deixou claro que ninguém pretende parar de investir no Brasil e nos outros grandes emergentes. “Quem quer ganhar dinheiro vai continuar a investir nos Brics”, afirmou.

Para o executivo, mesmo se o crescimento no Brasil e nos outros Brics desacelerou, o fato que ninguém ignora é que o aumento populacional continua, o consumo permanece forte e os fundamentos econômicos são bons. “Ninguém vai sair do Brasil, Índia, Rússia por causa do nível atual do crescimento”, afirmou. “O fato é que mesmo com desaceleração os Brics continuam crescendo mais que os países avançados, na média”, acrescentou. O Carlyle Group tem mais de US$ 185 bilhões de ativos sob gestão através de 122 fundos.

O presidente de grande grupo industrial, que pediu para não ser identificado, comparou os resultados do PIB no governo Lula (6,1% em 2007, 5,2% em 2008, -0,3% em 2009 e 7,5% em 2010) e no governo Dilma (2,7% em 2011, 1% em 2012, estimativa de 2,3% em 2013 e projeção de 1,9% em 2014). “Está pequeno, está pequeno”, completou.

 

Redação

5 Comentários

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  1. Bem no final, e usando alguem

    “que pediu para não ser identificado” (que sorte), deram uma em cima da Dilma.

    O “jornalista” vai ganhar seu bonus.

  2. Empresário bandido

    Aqui no Brasil empresário bom é os do forum de Davos, todos estrangeiros e sem nenhum comprometimento com o Brasil, assim, largam o Estado para ser rapinado pelos vocacionados ao fracasso e a economia é totalmente desnacionalizada, afinal, brasileiro não presta para ser empresário, pelo menos no Brasil, assim, vamos para o Paraguay.

    Acorda, Dilma!

    Seu governo começou tudo errado, com o Lula dando uma de malandro otário e achando que ia passar a perna no sistema financeiro. 

    Deu com os burros n’água e o seu governo continua como começou no primeiro dia, sem norte, sem rumo e sem estrela.

    Renuncia e pense nos brasileiros e no Brasil.

    1. Investidores perderam US$ 284

      Investidores perderam US$ 284 bilhões no Brasil em 3 anos, diz jornal

      País era ‘queridinho’ dos investidores e virou ‘pária’, diz ‘Financial Times’.
      Analistas ouvidos pela publicação dizem que perdas devem continuar.

       

       

      Os investidores perderam quase US$ 285 bilhões no Brasil nos últimos três anos, segundo as contas do jornal “Financial Times” com base em dados do Banco Central, apresentadas em texto publicado nesta quinta-feira (23).

      saiba maisBrasil está em ‘clube’ de países sob risco monetário, diz ‘Financial Times’

      “O Brasil era o queridinho dos investidores há apenas quatro anos, mas para muitos agora se tornou pária”, diz o FT.

      A soma teria sido varrida dos ativos do país no período, à medida que o Brasil tentava recuperar o nível de crescimento dos anos seguintes ao início da crise mundial, de 2008 e 2009. Segundo a revista, perdas de investimentos ocorreram em todos os emergentes, mas no Brasil a destruição de valores ocorreu numa “escala sem precedentes”.

      Para chegar ao valor, o jornal considerou dados do Banco Central que mostram que a soma do fluxo de investimento estrangeiro direto para o Brasil e os investimentos estrangeiros em ativos brasileiros em carteira valiam mais de US$ 260 bilhões entre janeiro de 2011 e novembro de 2013. No mesmo período, apesar do fluxo, o valor dos ativos de estrangeiros caiu de US$ 1,351 trilhão para US$ 1,327 trilhão, uma perda de US$ 24 bilhões. A soma leva à contabilização de mais de US$ 284 bilhões em perdas em menos de três anos.

      O texto diz que as perdas não querem dizer que os investidores individuais não fizeram dinheiro. Ao longo de 2009, de acordo com o BC, citado pelo FT, o valor das ações de estrangeiros subiu de US$ 150 bilhões para US$ 376 bilhões. A alta de quase US$ 227 bilhões em um ano que os fluxos foram de apenas US$ 37 bilhões leva a criação de valor de US$ 190 bilhões em ações durante o ano.

      As perdas, no entanto, podem ter sido maiores que os números sugerem, diz a publicação. Durante o período, estrangeiros investiram US$ 23,5 bilhões e viram o valor do investimento cair quase US$ 130 bilhões, levando à destruição de mais de US$ 150 bilhões.

      Pela primeira vez desde que o banco central começou a compilar os dados anuais, em 2001, o valor de ações detidas por investidores estrangeiros caíram por três anos seguidos, diz o jornal.

      A perspectiva de analistas ouvidos pela publicação é que as perdas continuem, a não ser que haja alguma mudança no crescimento global ou na política econômica do governo.

      Os críticos apontam que os problemas começaram nos anos finais do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que terminou em 2010, e continuaram no da presidente Dilma Rousseff. “Sob ambos, dizem os críticos, a expansão do papel do governo na economia prejudicou a competitividade e frustrou o crescimento da produtividade”, diz o FT.

       

  3. contas

    Rombo do país com transações externas cresce 50% e bate recorde em 2013, com US$ 81,4 bilhões

    As contas externas brasileiras tiveram um rombo recorde de US$ 81,4 bilhões em 2013. De acordo com os dados do Banco Central, divulgados nesta sexta-feira, o déficit de todas as trocas de serviços e do comércio do Brasil com o mundo cresceu nada menos que 50% apenas no ano passado. Além disso, extrapolou a projeção do BC que era encerrar o ano no vermelho em US$ 79 bilhões

    Na comparação com o tamanho da economia, o rombo das contas externas passou de 2,41% do Produto Interno Bruto (PIB), em 2012, para 3,66% do PIB no ano passado. Dentre os principais motivos que influenciam a saída de dólares do país estão a remessa de lucros e dividendos e gastos com viagens. Essa despesa também bateu recorde: os brasileiros levaram para outros países US$ 25,3 bilhões em 2013, contra US$ 22,2 bilhões gastos em 2012.

    http://oglobo.globo.com/economia/rombo-do-pais-com-transacoes-externas-cresce-50-bate-recorde-em-2013-com-us-814-bilhoes-11390721

  4. Realidade economia não se

    Realidade economia não se forma por jornalistas, discursos, propaganda. A realidade se forma pela visão média de milhares de empresarios, ninguem engana o mercado com promessas vagas e palavras ocas.

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