Explicações para a alta popularidade de Putin na Rússia

Sugerido por Adir Tavares

Do Informação Incorrecta

Putin: porquê

Vladimir Putin?

Um tirano, um oportunista, um déspota, um anti-democrático, praticamente um ditador segundo os media ocidentais.

Problema: na Rússia, a grande maioria dos eleitores gosta de Putin. E muito até. 

A mais recente pesquisa do Instituto Vciom-Levada, considerado o mais confiável no País, credencia o líder do Kremlin dum índice de popularidade de quase 76 por cento (75,7% para sermos mais precisos). Sim, sem dúvida, o número cresceu após os factos da Crimeia: mas em Maio de 2012 já era 68,8 % e ,em média ao longo dos últimos 13 anos, esse número tem-se mantido mais ou menos estável, sempre acima de 60%.

Comparem com a popularidade dum Barack Obama, por exemplo: nas últimas sondagens (Outubro de 2013), apenas 42% dos entrevistados apoiavam as suas decisões, enquanto 51% declaravam como “não satisfatório” o trabalho do Presidente. O facto é que o Nobel da Paz fica apenas 5% acima do pior resultado de Bush.

Explicação? Complicada, pois as palavras têm um significado muito diferente quando pronunciadas em Lisboa ou em Moscovo.

Democracia? Para os russos comuns, especialmente na periferia do País, muitas vezes é uma palavra suja. A nova classe média? Nas margens do rio Moskva a palavra soa pejorativa. A arrogância do regime contra um оligarca democrático como Khodorkovsky, que queria desafiar Putin nas urnas? Para muitos nas redondezas do Kremlin é um acto de justiça contra os muitos oligarcas enriquecidos nunca saciados de dinheiro e poder.

Ucrânia, Crimeia, o preço do gás que aumenta…quase impossível entender-se.
E tudo começa nos anos noventa.

Na noite de 25 de Dezembro de 1991, os russos não conseguiam dormir. Um dia antes eram cidadãos dum País, a União Soviética, no dia seguinte já não. Foi um choque. Milhões de pessoas de nacionalidade russa encontraram-se abandonadas pela pátria, cidadãos em Países que não os queriam e que, muitas vezes (como aconteceu nas Repúblicas Bálticas), negou-lhes os direitos mínimos de cidadania. Mas não havia nem tempo nem força para lidar com isso.

Logo as coisas começaram a piorar. Chegou a política do Fundo Monetário Internacional, chegaram os Meninos de Harvard, tudo introduzido pelo governo de Boris Yeltsin: liberalização e privatização.

Era chamado de “terapia de choque”. Um choque no choque. A promessa era de que, no fim do túnel, haveria um País finalmente livre, democrático e próspero. Os russos confiavam, estavam prontos para sacrificar-se: pensavam que o Ocidente, depois de ter sido capaz de proporcionar bem-estar, democracia e justiça em casa própria, teria feito o mesmo com a Rússia.

A confiança desmoronou lentamente, sob os golpes da realidade.
Cedo percebeu-se que o Ocidente via na Rússia um novo território de conquista.

Sob os olhos de pessoas impotentes, para “o bem do País”, as empresas começaram a ser vendidas por um preço próximo do zero, entre 1,5 e 2 % cento do real valor. Ao todo, o Estado conseguiu da operação cerca de 10 % daquilo que poderia (e deveria) ter conseguido com a venda de empresas, bens móveis e imóveis.

As pessoas comuns receberam um pedaço de papel, chamado de voucher, que era o equivalente ao que era considerado “justo” segundo o mercado. Cada voucher valia 10 mil Rublos, 200 Euros no câmbio de hoje. Mas o valor real era muito mais baixo: os voucher eram vendidos nas esquinas em troca duma garrafa de vodka, três mil Rublos.

Como escreve a jornalista Naomi Klein no seu Shock Economy:
Em 1998 mais de 80% das empresas agrícolas russas foram à falência e cerca de 70 mil fábricas estatais foram fechadas: tudo isso resultou numa epidemia de desemprego. […] 74 milhões de russos viviam abaixo da linha da pobreza, segundo o Banco Mundial.

Não havia nenhum trabalho, os rapazes sonhavam a fuga e pediam computador, as reformas estavam atrasadas​​, os salários não chegavam: médicos, professores, engenheiros, quem podia procurava um emprego no estrangeiro.

As filas nas lojas tinham desaparecido, simplesmente porque tinha desaparecido o dinheiro para comprar. Floresciam lojas temporárias, nas ruas, onde tudo era pago em Dólares. Os hospitais nem os lençóis entregavam, o crime floresceu ao ponto que tornou-se muito arriscado sair à noite mesmo numa cidade como Moscovo.

Enquanto isso, o dinheiro foi para ​os bolsos de alguns empreendedores, que tornaram-se bilionários e poderosos, os chamados “oligarcas”.

Khodorkhovskij, por exemplo: quando foi preso em 2003, era o dono da Yukos, o terceiro gigante do petróleo do País, e tinha adquirido a empresa através da participação num leilão. Pormenor: ele era o dono do banco Menatep, que tinha organizado o leilão. Assim, conseguiu obter 77% das acções da Yukos com 309 milhões de Dólares. E dado que o valor real era de cerca de 30 biliões de Dólares, entrou directamente na lista dos homens mais ricos do mundo (segundo Forbes).

Isso é o que vêem os russos.
Quando Putin foi para o poder, reencontraram um pouco de confiança.

De acordo com Freedom House e outras organizações sem fins lucrativos, Putin é um político oligárquico e autoritário, com contornos ditatoriais. Putin e o seu governo são também acusados ​​de inúmeras violações de direitos humanos e de limitar a liberdade de expressão.

Pode ser.
Mas agora os russos têm comida nas lojas e dinheiro para adquiri-la. Recebem reformas e ordenados. E também a criminalidade baixou: no ano 2000 houve mais de 41.000 homicídios; em 2010, menos de 19.000.

Segundos o dados da CIA, em 2010 a Rússia tinha 13.1% da população abaixo a linha de pobreza (  2 Dólares por dia): nos Estados Unidos, a percentagem era de 15.1%. 

A Rússia apresenta uma taxa de crescimento entre as mais elevadas no Mundo. 
E ainda não invadiu um País estrangeiro, nem tem tropas que controlam os cultivos de opio.

Há Nobels da Paz que não podem dizer o mesmo.

Ipse dixit.

Fontes: La Voce della RussiaIl Venerdí di Repubblica (pagg. 24-25), Wikipedia: List of countries by percentage of population living in poverty (versão inglesa)

Redação

12 Comentários

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  1. Nazistas apoiados por EUA / UE / OTAN agridem…

    …Oleg Tsarev, candidato a presidente da Ucrânia. Os democratas preferidos dos anglo-saxões mostram o seu apreço pela liberdade… A máfia da OTAN apoia a Al-Qaeda, no Oriente Médio e no norte da África, e os nazistas na Europa do leste… quem irão apoiar aqui?

    [video:http://www.youtube.com/watch?v=CLMeldu18hs%5D

     

  2. O livro “A vingança da

    O livro “A vingança da geografia”, de Robert Kaplan, recentemente resenhado na Carta Capital, fornece algumas pistas sobre a alta popularidade de Putin. O autor, um insuspeito intelectual de Think Thank’s estadunidense, é extremamente competente em descrever como a configuração territorial da Rússia foi importante para a construção do ethos russo, ao longo dos séculos.

    Uma vasta e imensa planície, carente de fronteiras naturais, que se estende da Europa até o extremo Oriente, localizada em latitudes que implicam em temperaturas baixíssimas e com tendência a formação de pequenas populações dispersas, o traço que une os russos sempre foi a insegurança e a paranóia da invasão externa.

    Por não possuir defesas naturais, como montanhas e mares/oceanos em torno de seu território, o território russo sofreu ao longo de sua história inúmeras invasões ou tentativas de invasão, notadamente de tártaros, chineses, franceses, alemães e mongóis.

    Assim, os russos desde há muito enxergam a necessidade de expansão, expandir para não ser invadido, anexando novos territórios, ou construindo uma rede de Estados-satélite em sua volta, protegendo o país de invasões externas.

    Desde o primeiro império, o Principado de Kiev, até os bolcheviques da União Soviética, passando por Ivan “O Terrível” e os três séculos de reinado dos Romanov, o expansionismo e a conquista de novos territórios é uma constante na história do país.

    Kaplan ressalta que, enquanto as esquadras navais inglesa e francesa enfrentaram ferozes inimigos no mar, os confrontos da Rússia foram, em grande parte, em seu próprio território. Napoleão e Hitler que o digam. Então, a combinação de condições de sobrevivência duras e insegurança territorial explica, para o autor, o porque da Rússia, ao longo de sua história, conviver muito mais com o autoritarismo do que os ingleses, estes separados de seus inimigos pela água, possibilitando construir instituições muito mais estáveis e uma sociedade mais livre.

    Destarte, não causa surpresa o fato dos russos, após ficarem de joelhos depois de uma década de democracia ocidental e economia de mercado, optarem por Putin, malgrado todos os seus defeitos. Com a OTAN se posicionando cada vez mais perto de suas fronteiras, e organizações não governamentais e funcionários do Departamento de Estado dos EEUU instalados na Ucrânia e em outros países próximos, a insegurança e o medo da invasão externa se torna de novo uma constante na vida do eleitor russo.

    Putin, então, é o líder certo para o país certo. Não há nenhum outro líder recente em seu país que consiga melhor entender e traduzir os medos e ansiedades da população, e transformá-los em decisões governamentais. Seu projeto, baseado na ideologia do “Eurasianismo” – uma tentativa de reeditar, de forma menos abrangente, a zona de influência da União Soviética -, vai de encontro com a necessidade sempre presente de os russos possuírem Estados-satélite para proteger suas fronteiras.

    Qualquer medida que Putin tome, então, no sentido de resguardar os limites  territoriais e a segurança do país, será aplaudido pela população. Ao contrário do que a mídia ocidental apregoa, não acredito que isto seja manipular a aflição alheia. A ameaça externa que pesa sobre a Rússia sempre foi e nos dias de hoje ainda é real, e caso o eleitorado russo cometesse novamente o erro de escolher líderes indolentes como Ieltsin, os mísseis da OTAN já estariam debaixo do nariz de Moscou.

    Outro erro é tentar entender a Rússia através dos olhos do “Ocidente”, e criticar Putin por isto. Novamente, Kaplan é muito claro nisto: quando o Renascimento se espalhou pela Europa, os russos estavam sob jugo mongol, o que trouxe consequências políticas e culturais sentidas até hoje. Dizer que a Rússia rejeita o modelo liberal Ocidental por manipulação de seus líderes é uma meia verdade. Estamos falando de outra civilização, diferente da europeia, com valores, história e localização territorial muito diversa.

    Qualquer tentativa, então, de rotular Putin como “ditador” pura e simplesmente, ignorando todos os aspectos culturais, históricos e geográficos que compõem este país tão complexo de ser entendido pelo ocidental, deriva de equívoco ou simplesmente manipulação interessada. Equivocado ou não, o líder russo tem um projeto de nação plenamente compreendido por seus eleitores, e daí pode-se inferir a razão de sua alta popularidade.

  3. As últimas eleições Putin

    As últimas eleições Putin ganhou com as calças na mão. Sorry.”ganhou’ porque havia vários indícios de fraudes.

       E não se esquecendo do povo nas ruas pedindo a saida dele- igual a Maduro, mandou prender as principais lideranças da oposiçãO.

    Quanto ao Obama, ninguém ficou mais decepcionado que eu.Fiz campanha pra ele e o cara é um zero a esquerda.

         Concluindo: A recente popularidade de Putin é falsa.Se deve mais a inoperância de Obama.

      1.  
        Muito boa Indagação.
          Mas

         

        Muito boa Indagação.

          Mas direita jamais faria o ObaMACARE. E tbm não deixaria a Síria na situação que está.

           E muito menos,aí sim de esquerda pura, deixar Putin dominar a Crimeia e logo..logo…a Ucrania.

                   OBAMA é incopetente mesmo.E que não se atribua a ela a pecha de esquerdista.Porque não é por ideal.

                  É por não entender que os E U A é o mediador do mundo( ou parte considerável).E com sua covardia, passou a bastião pra Putin.

                    Se Obama continuar frouxo a extinta U S S volta .

                     Putin disputou 3 torneios com Obama e ganhou todos: Siria,Irã e Crimeia.E é forte candidato pra ganhar mais dois.

                     Obama não faz nenhum gol de honra.Perde de ZERO mesmo.

  4. UCRÂNIA

    MAIS PERTO DA GUERRA TOTAL

    Putin tem, repetidamente, declarado que está preparado para proteger os russos étnicos do outro lado da fronteira.

    The Independent | KIM SENGPTA | 15 Abril 2014

    http://www.independent.co.uk/news/world/europe/ukraine-crisis-obama-calls-on-putin-to-rein-in-armed-prorussian-separatists-9261011.html

    Ukraine crisis: Horlivka (Gorlovka), near Donetsk

    Ativistas pró-Rússia atiram pedras antes de invadir o prédio da polícia regional, na cidade ucraniana oriental de Horlivka (Gorlovka), perto de Donetsk | lexey Kravtsov / AFP / Getty Images

    Crise Ucrânia: Horlivka (Gorlovka), perto de Donetsk

    Homens pró-Rússia invadem uma delegacia de polícia na cidade ucraniana oriental de Horlivka | AP / Efrem Lukatsky

    Crise Ucrânia: Horlivka (Gorlovka), perto de Donetsk

    Mascarados homens pró-russos atacam o fotojornalista britânico Frederick Paxton durante o assalto a delegacia de polícia na cidade ucraniana oriental de Horlivka | AP / Efrem Lukatsky

    Crise Ucrânia: Horlivka (Gorlovka), perto de Donetsk

    Polícia ucraniana tentar impedir ativistas pró-Rússia de invadir o prédio da polícia regional na cidade ucraniana oriental de Horlivka (Gorlovka), perto de Donetsk | Alexey Kravtsov / AFP / Getty Images

    Crise Ucrânia: Slovyansk

    Um ativista pró-Rússia aponta uma barricada com a bandeira russa na estrada que conduz à cidade ucraniana oriental de Slavyansk

    Crise Ucrânia: Slovyansk

    Manifestantes armados pró-Rússia se preparam para a batalha com a equipe especial da polícia ucraniana na periferia da cidade ucraniana oriental de Slavyansk | Anatoliy Stepanov / AFP / Getty Image

    Crise Ucrânia: Slovyansk

    Ativistas pró-russos ocupam a delegacia levando pessoas como escudos, no leste da cidade Ucrânia de Slovyansk | AP / Efrem Lukatsky

    Crise Ucrânia: Kramatorsk, perto Slovyansk

    O ministro do Interior relatou um ataque noturno a um posto policial na cidade de Kramatorsk, perto da cidade de Slovyansk | AP / Maxim Dondyuk, repórter da revista russa

    Crise Ucrânia: Slovyansk

    Um homem armado pró-Rússia fica de guarda em um posto de polícia apreendeu no leste da cidade Ucrânia de Slovyansk | AP / Efrem Lukatsky

    Crise Ucrânia: Luhansk

    Manifestantes pró-Rússia colocam arame farpado em uma barricada fora do escritório do serviço de segurança de Estado SBU em Luhansk | Reuters / Shamil Zhumatov

    Crise Ucrânia: Lugansk

    Ativistas pró-russos escoltam um homem (mascarado) que dizem ser um provocador na frente do prédio do serviço secreto na cidade ucraniana oriental de Lugansk | Dimitar Dilkoff / AFP / Getty Images

    Crise Ucrânia: Lugansk

    Apoiadores armadas pró-russos conduzem uma quadro com imagem de Maria Madalena da Igreja Ortodoxa de Maria Madalena em frente ao prédio do serviço secreto na cidade ucraniana oriental de Lugansk | Dimitar Dilkoff / AFP / Getty Images

    Crise Ucrânia: Luhansk

    Separatistas pró-russos reforçam as barricadas ao redor do prédio da segurança estadual na cidade ucraniana oriental de Luhansk e pedem ajuda ao presidente Vladimir Putin depois que o governo alertou que pode usar a força para restaurar a ordem | Reuters / Shamil Zhumatov

    Crise Ucrânia: Luhansk

    Uma efígie retratando a candidata presidencial, Yulia Tymoshenko, enforcada em uma placa de propaganda em frente aos escritórios do serviço de segurança do Estado SBU em Luhansk | Reuters / Shamil Zhumatov

     

    Crise Ucrânia: Kharkiv

    Manifestantes pró-Rússia participam de um rali perto do tribunal distrital em Kharkiv, enquanto a Rússia rejeita as  acusações de que estava concentrando tropas para uma invasão da Ucrânia e acusa o Ocidente de fazer acusações sem fundamentos | EPA / Volodymyr Petrov

    Crise Ucrânia: Kharkiv

    Apoiadores pró-Rússia em confronto com simpatizantes pró-Ucrânia, no centro de Kharkiv | EPA / Olga Ivashchenko

    Crise Ucrânia: Kharkiv

    Manifestantes pró-russos queimam pneus perto de um prédio da administração regional, depois que a polícia recuperou o local em Kharkiv. Os manifestantes estão exigindo um referendo sobre o estatuto da região de Kharkiv, semelhante ao referendo realizado recentemente na Criméia | EPA / Oleg Shishkov

    Crise Ucrânia: Kharkiv

    Ativistas pró-russos seguram bandeiras vermelhas com a foice e o martelo comunista e as iniciais os soviéticas “URSS” durante uma reunião no prédio da administração regional na cidade ucraniana oriental de Kharkiv | Sergey Bobok / AFP / Getty Images

    Crise Ucrânia: Kharkiv

    Manifestantes pró-Rússia (esquerda) em choque com ativistas (direita) de apoio à integridade territorial da Ucrânia com membros do Ministério do Interior (centro) fazendo a tentativa de separá-las durante comícios na cidade oriental de Kharkiv | Reuters / Stringer

    Crise Ucrânia: Kharkiv

    Manifestantes pró-Rússia e policiais cercam um grupo de cerca de quinze membros do grupo ultranacionalistas Setor Direito durante um comício em Kharkiv. Várias centenas de manifestantes pró-russos cercaram o grupo de ultranacionalistas que foram obrigados a marchar por uma colina íngreme de joelhos no que parecia ser um ritual de humilhação que não atraiu nenhuma resposta da polícia durante o comício na cidade ucraniana oriental de Kharkiv | Sergey Bobok / AFP / Getty Images

    Crise Ucrânia: Kharkiv

    Uma vista do interior da chancelaria para a administração do Estado Kharkiv depois de ter sido destruída por manifestantes pró-russos. Policiais ucranianos ficaram feridos como resultado de uma operação para libertar o prédio da administração da separatistas pró-russos. O presidente em exercício da Ucrânia disse, em 8 de abril, que trataria os separatistas russos que tomaram prédios no leste do país como “terroristas” que serão processados ​​com toda a força da lei | SergeyY Bobok / AFP / Getty Images

    Crise Ucrânia: Donetsk

    Um manifestante pró-Rússia segura um cartaz trazendo uma OTAN riscada por um ‘x’ durante um comício na cidade ucraniana de Donetsk leste | Alexander Khudoteply / AFP / Getty Images

    Crise Ucrânia: Donetsk

    Manifestantes pró-russos acenam bandeiras russas durante a manifestação no centro de Donetsk | EPA

    Crise Ucrânia: Donetsk

    Ativistas pró-russos guardam uma barricada próxima do edifício regional de Serviço de Segurança da Ucrânia na cidade oriental de Donetsk | Alexander Khudoteply / AFP / Getty Images

    Crise Ucrânia: Donetsk

    Ativistas pró-russos manuseiam uma enorme bandeira nacional russa em frente ao prédio da administração regional em Donetsk, Ucrânia | AP

    Crise Ucrânia: Donetsk

    Manifestantes pró-Rússia em conflito com a polícia, na tentativa de ocupar um prédio da administração regional em Donetsk, Ucrânia | EPA

    Crise Ucrânia: Donetsk

    Cerca de 100 manifestantes pró-russos invadiram o prédio do governo regional na cidade ucraniana de Donetsk leste | Reuters

    Crise Ucrânia: Donetsk

    Apoiadores pró-Rússia em conflito com membros da polícia antimotim durante a invasão do prédio da administração regional na cidade ucraniana de Donetsk leste | Getty Images

    Crise Ucrânia: Donetsk

    Manifestantes pró-Rússia ao lado de uma barricada em frente ao prédio da administração regional, ocupado em Donetsk. Segundo relatos, manifestantes pró-russos após a invasão do prédio da administração, em Donetsk | EPA

    Crise Ucrânia: Donetsk

    Manifestantes criar uma barricada dentro de um prédio da administração regional ocupado em Donetsk | EPA / Roman Pilipey

    Crise Ucrânia: Donetsk

    Manifestantes pró-Rússia participar de um comício em Odessa, Ucrânia | EPA

    Tropas ucranianas usam helicópteros de ataque para retomar aeroporto de milicianos pró-Rússia, enquanto as forças terrestres se reúnem em torno do reduto separatista de Slovyansk

    Um confronto prolongado e cada vez mais vicioso no leste da Ucrânia se transformou em conflito armado com tropas ucranianas usando helicópteros de ataque para tomar de volta um aeroporto que estava sob o controle de milicianos pró-russos.

    O ataque em Kramatorsk veio com as forças terrestres que se reuniram em torno Slovyansk, que havia se tornado um reduto simbólico para os separatistas bem armados.

    No aeroporto de  Kramatorsk, duas aeronaves metralhar as pistas, antes de outros dois desembarque de tropas. Quatro pessoas foram feridas, mas o relato de pessoas mortas, algumas delas civis, não pôde ser verificada.

    Soldados ucranianos se esconder perto do aeroporto Kramatorsk (Reuters)

    Soldados ucranianos se escondeM perto do aeroporto de Kramatorsk | Reuters

    Um impasse se desenvolveu depois, quando manifestantes desfraldaram uma bandeira com as frases “Que vergonha! Voltem para casa” e gritavam eenquanto os soldados dispararam no ar. A oito quilômetros de distância os moradores de Slovyansk marcharam em direção à sua própria pequena pista de pouso. Eles afirmaram que estavam fazendo isso para protegê-lo de “fascistas e nazistas” que voavam do oeste do país.

    A eclosão da luta levantou a apreensão profunda que a Ucrânia, que já perdeu Criméia, poderia estar entrando em uma guerra civil que pode levar à intervenção de Vladimir Putin, que tem repetidamente declarado que está preparado para agir para proteger os russos étnicos do outro lado da fronteira.

    O primeiro-ministro russo, Dmitry Medvedev, advertiu que “a Ucrânia está à beira de uma guerra civil”, acrescentando que espera que a administração em Kiev tenha “inteligência suficiente” para evitar uma escalada catastrófica. Ele culpou o governo de Kiev pela criação de uma situação em que as pessoas sentiram que não tinham escolha a não ser levantar-se pelos seus direitos.

    As principais instalações em 10 cidades e vilas já saiu do controle de Kiev e estão nas mãos de manifestantes que exigem um referendo sobre o futuro do país. Os ultimatos repetidos para homens armados se renderem foram ignorados, danificando seriamente a credibilidade do governo, que chegou ao poder após a derrubada de Viktor Yanukovich.

    Quando a noite caiu o presidente em exercício da Ucrânia, Olexander Turchinov, anunciou que o aeroporto havia sido retomado em uma “operação anti-terrorista”. Ele também afirmou que uma série de edifícios públicos na região tinham sido retomados; mas não houve a verificação imediata de quais eram os locais apontados por ele.

    A operação em Kramatorsk parecia estar destinada a preparar um local de pouso para posicionar forças em uma futuro ataque a Slovyansk.

    Ucranianos cantar seu hino nacional durante uma manifestação pró-Kiev na cidade oriental de Luhansk (Getty)

    Ucranianos cantam o hino nacional durante uma manifestação pró-Kiev na cidade oriental de Luhansk | Getty

    As forças aerotransportadas, juntamente com as unidades policiais do Ministério do Interior, estavam em Kamianka, perto Izyum, com veículos blindados, artilharia leve e helicópteros de transporte. Mais atrás, uma escavadeira blindada, para limpar barricadas, havia sido estacionado perto de um hotel.  O General Vasily Krutov, comandante do serviço de segurança da Ucrânia, SBU, não tinha dúvidas sobre a necessidade de uma ação efetiva ou sobre a identidade do inimigo, que terá que ser enfrentado.

    “Precisamos destruir este invasor estrangeiro. São agentes de inteligência, militares russos com longa experiência em todos os tipos de conflitos. Temos um vizinho que não quer Ucrânia se torne um país estável e independente – um Estado soberano – temos uma potência estrangeira que está tentando separar uma parte do nosso país “, disse ele.

    O general também exigiu ação punitiva severa contra os manifestantes. Questionado sobre se deve ser dado outro ultimato para os rebeldes abandonarem as posições e serem desarmados, ele afirmou que seria “muito humanitário” e acrescentou: “Infelizmente, estamos diante de uma situação difícil, porque aqueles que planejaram estão se escondendo atrás de escudos humanos. Faremos todo o possível para evitar vítimas civis, mas, infelizmente, vítimas acontecem em todas as guerras “.

    Questionado sobre as críticas da administração em Kiev pela lentidão de sua resposta ofensiva, o general Krutov disse: “agentes secretos disfarçados da Federação Russa estão ativos. Eles são verdadeiros profissionais e é isso que está tornando a tarefa tão difícil.”

    O Comandante Aleksandr Radievsky, chefe da unidade policial do Ministério do Interior, tem a esperança que o derramamento de sangue poderia ser evitado. “Nós queremos ver um fim negociado para isso, mas não podemos tolerar aqueles que realizam abusos; nós temos que fazer o nosso dever.”

    Um carro pintado com as cores da bandeira russa perto de um monumento da era soviética para Vladimir Lenin, em Donetsk (AP)

    Um carro pintado com as cores da bandeira russa estacionado perto de um monumento da era soviética para Vladimir Lenin, em Donetsk | AP

    Outro alto funcionário, que tinha acabado de voltar de uma missão de paz na República Democrática do Congo, balançou a cabeça: “Não se deve ser surpreendido: eu acho que isso foi planejado por algumas pessoas há muito tempo, talvez 15, 20 anos atrás. “

    Em Slovyansk, um dia de sol relativamente relaxado se transformou em uma preparação defensiva frenéticas com mais barricadas de blocos de concreto, pneus, árvores mortas e fogueiras levantadas. Chegaram carros com grupos de homens carregando fuzis Kalashnikov e caixas de munição. Um dos homens, Leonid, disse que entrou em uma delegacia de polícia ocupada pelos manifestantes: “Não estamos aqui apenas para lutar por nós mesmos, mas pelo povo desta cidade. Se eles capturarem este lugar, os soldados estará acompanhados  pelo Setor Direito [um grupo nacionalista radical] e vamos ver a vingança ser realizada. Essas pessoas usam a suástica, então você pode temer o que eles podem fazer. “

    Aleksandr, um ex-soldado que recentemente se juntou aos protestos contra Kiev, disse: “O tempo todo pedimos um referendo. A junta que assumiu Kiev respondeu enviando helicópteros e carros blindados. Eles querem que a violência seja iniciada. Instamos os soldados a não disparar contra seus irmãos e irmãs,  para não seguir ordens ilegais “. Enquanto ele falava, bandejas de coquetéis molotov foram sendo colocadas nas calçadas. Valentina, uma avó de 63 anos de idade, colocou pães sobre uma mesa.”Você acha que eu estaria fazendo isso na minha idade, se eu não acreditasse que nós estamos fazendo tão bem o que nos propomos?. As pessoas em Kiev querem matar os seus próprios cidadãos. Desta vez, nós precisamos da Rússia para nos proteger. Precisamos Putin para nos proteger – eles são os únicos que podem nos salvar agora. “

    Um oficial do regimento aerotransportado também mostrou-se sombrio com a perspectiva do que pode acontecer. Um soldado, que havia servido 12 anos no Iraque, em um dos tempos violentos após a invasão por forças americanas e britânicas disse que  “o Iraque era muito mais difícil, mas isso é muito mais difícil, é algo emocional. Foi-nos dito que não vamos exercer as agressões a estes edifícios, que serão feitas pela polícia do Ministério do Interior; que estamos lá apenas para apoiá-los. Só vamos dispara se eles dispararem contra nós, de acordo com as regras de engajamento. Eu espero que não chegue a esse ponto. “

  5.  No tempo da Diligências e
     No tempo da Diligências e das Troikas….  Diligencia, meu querido, com denodo, tua vida. 
         Descobre que o desejo de clareza é teu pecado 
         E ostentar, com insolência, alma tão metida 
         Para a qual o grande amor é apenas um recado. 

         Se o mar sobrevive na obscuridade e na tormenta 
         Imita-o no livre carinho de seu beijar a praia. 
         Não busques na amada horror que te atormenta, 
         Para nela encontrares só alegria e tua alfaia. 

         Guardas da infância pobre, míope e solitária 
         A soberana indiferença pelo mundo que te cerca 
         Mesmo quando alegas defender a luta proletária. 

         Todo o thalássico amor que navega em teu peito,
         Tua obstinação o desbussula até que ele se perca. 
         Só para a tua própria dor; esse é o teu jeito.

    *Jefferson Barros,1942/2000

    *Critico de cinema ,ensaista , poeta,jornalista e marxista.

  6. É sempre bom lembrar
     
    Após o

    É sempre bom lembrar

     

    Após o fim do regime socialista russo, o país estava arruinado. Isto se deu porque a credibilidade do país pelos investidores era nula após décadas de repressão à propriedade privada. E depois a Russia ainda iniciou um programa desastroso de privatização a preço de banana o que completou a ruína.

    A Russia foi forçada a se abrir para o capitalismo porque após décadas de isolamento, inclusive tecnologico, não conseguiu acompanhar as inovações tecnologicas do ocidente. E como não havia iniciativa privada, o estado tinha de bancar tudo, ficou pra trás com relação ao ocidente.

    A Venezuela começou a entrar pelo mesmo caminho, de mexer na propriedade privada. Imagine-se o fim que terá. A Esquerda Latino Americana na Argentina e Brasil só prosperou, porque combinou a ajuda aos pobres com o respeito pela propriedade privada e pelos investidores.

  7. Sei que para entender um país

    Sei que para entender um país como a Rússia são necesários anos de estudo e prática. Não sou eu quem vai julgar o que os russos acham mais conveniente para si mesmos, muito embora a nossa maligna imprensa e a parte mais “esclarecida” da nossa população tenha essa pretensão abjeta.  Fato que é a Rússia é considerada uma grande potência desde Pedro, o Grande e sempre foi um país autoritário (também com um território daquele tamanho e com uma população tão diversificada tem que ter mão-de-ferro mesmo para controlar) e quando se é acostumado a ser forte e independente a população não esquece.

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