Países que abastecem Israel podem ser cúmplices de guerra, diz estudo

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Pesquisa rastreia remessas de petróleo e combustível que podem ter ajudado ataques realizados desde outubro; Brasil é um dos países citados

Foto de Zbynek Burival na Unsplash

Os veículos usados pelo exército de Israel para bombardear a faixa de Gaza e a Cisjordânia ocupada têm sido abastecidos pelo combustível fornecido por diversos países signatários das convenções sobre genocídio – e especialistas jurídicos dizem que isso pode levar tais países a serem apontados como cúmplices de crimes contra o povo palestino.

Pesquisa comissionada pela organização sem fins lucrativos Oil Change International e divulgada pelo jornal The Guardian revela que quase 80% do combustível de aviação, diesel e outros produtos petrolíferos refinados fornecidos a Israel pelos EUA nos últimos nove meses.

Três remessas deixaram o Texas após a decisão da Corte Internacional de Justiça em 26 de janeiro ordenar que Israel previna a ocorrência de atos genocidas em Gaza – uma decisão que lembrou aos estados que integram o Tribunal de Haia que, sob a convenção ligada a genocídio, eles possuem “interesse comum em garantir a prevenção, supressão e punição do genocídio”.

Ao todo, foram rastreados 65 embarques de petróleo e combustível para Israel entre 21 de outubro do ano passado e 12 de julho.

Brasil como cúmplice de genocídio?

A pesquisa sugere ainda que diversos países forneceram 4,1 milhões de toneladas de petróleo bruto para Israel, com quase metade do envio efetuado desde a decisão de janeiro.

Esse petróleo foi fornecido por países como Azerbaijão, Cazaquistão, Gabão, Nigéria, a República do Congo, Itália e o Brasil – vale lembrar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é um crítico notório das ações israelenses e retirou o embaixador brasileiro de Israel.

A estimativa é que dois terços do petróleo bruto vieram de empresas petrolíferas privadas e de propriedade de investidores e Israel fica responsável pelo seu refino para uso doméstico, industrial e militar.

No caso do Brasil, a pesquisa diz que o país responde por 9% do petróleo bruto total fornecido a Israel nos últimos nove meses: após a decisão do Tribunal de Haia, um carregamento de petróleo bruto e um navio-tanque de óleo combustível foram enviados para o território israelense.

Segundo porta-voz do governo brasileiro, as negociações eram realizadas diretamente pelo setor privado, conforme as regras de mercado, e que a posição tradicional do país sobre sanções é “não aplicá-las ou apoiá-las unilateralmente”.

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