Rússia corta gás de países europeus que não pagaram em rublos e UE fala em “chantagem”

Victor Farinelli
Victor Farinelli é jornalista residente no Chile, corinthiano e pai de um adolescente, já escreveu para meios como Opera Mundi, Carta Capital, Brasil de Fato e Revista Fórum, além do Jornal GGN
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Estatal russa Gazprom suspendeu completamente o fornecimento para Polônia e Bulgária. Presidenta da União Europeia assegura que “estamos preparados para dar uma resposta coordenada”

Foto: Alexander Demianchuk / Agência TASS

A empresa Gazprom, estatal russa que fornece e exporta gás natural líquido a diversos países da Europa e da Ásia, anunciou nesta quarta-feira (27/4) a suspensão do convênio com a polonesa PGNiG e a búlgara Bulgargaz. Com isso, a Rússia passa a cortar o fornecimento do combustível a esses dois países.

A medida adotada pela Gazprom está em sintonia com a política adotada por Moscou há algumas semanas, quando afirmou que só exportaria gás a países que aceitassem pagar pelo produto em rublos (moeda russa), em uma tentativa de driblar as sanções impostas pelos Estados Unidos, entre as quais se incluía a expulsão da Rússia do sistema Swift, baseado no dólar norte-americano.

Esta situação poderia afetar toda a Europa, já que tanto a PGNiG quanto a Bulgargaz revendem o gás dos russos para terceiros países, membros da União Europeia – que apesar das sanções impostas à Rússia em função da guerra, continuam a receber gás russo dessa forma, através de intermediários do Leste Europeu.

Em comunicado, a Gazprom explicou que “em caso de extração não autorizada dos volumes de trânsito para terceiros países, o fornecimento também será reduzido nesses volumes” – ou seja, a empresa continuará enviando para a Polônia e a Bulgária somente o gás que passa por esses países através dos gasodutos, mas que são direcionadas a outros países, que ainda estão pagando em rublos, mas afirma que se esses dois governos decidirem extrair esse “gás em trânsito” para aumentar suas próprias reservas, também haverá cortes nesse fornecimento intermediário.

Segundo matéria do jornal britânico Financial Times, publicada em 2021, a Rússia exportou 55% do gás usado pela Polônia no ano de 2020. No caso da Bulgária, 75% do gás natural consumido no país no mesmo período foi enviado pela estatal russa.

A resposta da União Europeia à medida anunciada nesta quarta foi bastante indignada. A alemã Ursula van del Leyen, presidenta da Comissão Europeia (Poder Executivo do bloco), declarou através do Twitter que “O anúncio da Gazprom é outra tentativa da Rússia de nos chantagear com gás”.

No entanto, a líder europeia também assegura que o bloco estava preparado previamente para enfrentar este cenário. “Estamos definindo uma resposta coordenada para toda a União Europeia. Os europeus podem confiar que estamos unidos e solidários com os Estados-Membros afetados”, garantiu a política.

Victor Farinelli

Victor Farinelli é jornalista residente no Chile, corinthiano e pai de um adolescente, já escreveu para meios como Opera Mundi, Carta Capital, Brasil de Fato e Revista Fórum, além do Jornal GGN

1 Comentário

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  1. Essa Ursula é uma fofa: pagar pelo gás em rublos é quebra de contrato; confiscar as reservas russas depositadas no Ocidente, não. Confiança ilimitada na burrice da audiência.

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