Uma democracia bizarra
por Francisco Celso Calmon
A democracia nos EUA tem medo do povo. Tem um sistema eleitoral afunilante, no qual a guilhotina a cada etapa vai ceifando as minorias.
Uma democracia que descarta a minoria não é democracia. 50,1% do eleitorado pode escolher, via delegados, o presidente e 49,9% é eliminada em cada estado. O resultado é a obtenção de 270 (ou um pouco mais), num colégio eleitoral de 540 delegados, a favor de um candidato em detrimento de milhões de eleitores. É um processo elitista, que não valoriza a soberania popular. Vai na contramão de uma democracia participativa e da modernidade tecnológica, que vem possibilitando a ampla participação virtual de muitos.
Biden obteve a maior votação popular da história do país, entretanto, precisa de no mínimo mais 6 votos (considerando a contagem até quinta-feira, 5) de delegados de algum estado ainda em apuração para alcançar a vitória que o povo já o consagrou.
Ao desprezar o modelo uma pessoa, um voto, o país mantém conservadoramente um sistema que aliena o povo e consolida o poder da elite e da plutocracia. Talvez, possamos denominar como “muitos dólares, um voto”.
Como ousam falar em democracia em outros lugares se na própria casa não há.
Venezuela, Chile, Bolívia, Argentina …, dão exemplos de eleições democráticas. E Trump queria se autodeclarar vencedor antes do final da contagem dos votos, seguindo o exemplo do seu fantoche Guaidó.
Trump ao não reconhecer a derrota e judicializar o resultado está dividindo o país, dando exemplo perigoso a muitos seguidores, incluindo ao seu vassalo no Brasil.
É um país em decadência moral e política. Sendo um país imperialista fornece molde arriscado para a estabilidade dos países considerados democráticos.
Os institutos americanos de pesquisas mais uma vez foram frustrados em suas previsões, bem como os analistas políticos. Ou necessitam rever suas metodologias ou suas parcialidades.
Se aplicasse o próprio veneno que aplica nos países que não se sujeitam a ele e acusam de não democráticos, o do embargo econômico, entraria em falência em alguns poucos anos, isto se antes não entrasse em guerra civil.
Felizmente parcelas do povo estadunidense, especialmente a juventude, está se politizando e marchando em protestos vigorosos por demandas democratizantes.
Qualquer que seja o vencedor continuará a ser um perigoso país imperialista que fomenta a barbárie internacional. Os reflexos internos no Brasil ainda é cedo para examinarmos.
Francisco Celso Calmon, da coordenação do canal Resistência Carbonária, ex-coordenador nacional da Rede Brasil Memória, Verdade e Justiça – RBMVJ
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