
Do Brasil de Fato
Posse de Yamandú Orsi marca retorno da esquerda no Uruguai para resgatar legado de Mujica
A posse de Yamandú Orsi neste sábado (29) no Uruguai marca o retorno da esquerda ao poder no país para resgatar o legado de José “Pepe” Mujica após cinco anos de governo de centro-direita. Vencedor das eleições presidenciais em novembro, Orsi receberá a faixa do atual presidente Luis Lacalle Pou para governar até 2030 o país de 3,4 milhões de habitantes.
Ele será o terceiro presidente de esquerda em quase dois séculos de Uruguai independente, após seu mentor, o ex-guerrilheiro José Mujica (2010-2015), e do falecido oncologista Tabaré Vázquez (2005-2010 e 2015-2020).
Esta será a oitava posse presidencial do Uruguai desde 1985, quando terminou uma ditadura civil-militar de 13 anos, uma ferida ainda aberta diante do clamor por verdade e justiça para os quase 200 detidos e desaparecidos.
Representantes de mais de 60 países já confirmaram presença nos eventos oficiais, incluindo o rei da Espanha e os presidentes de Alemanha, Armênia, Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Guatemala, Honduras, Panamá, Paraguai e República Dominicana.
O presidente de extrema direita da Argentina, Javier Milei, anunciou que não comparecerá à posse, devido à abertura do ano legislativo em seu país.
Os presidentes de Cuba, Nicarágua e Venezuela foram vetados da cerimônia pelo direitista Lacalle Pou. “Ninguém da Venezuela vem”, disse nesta quinta-feira o futuro ministro das Relações Exteriores, Mario Lubetkin, descartando até mesmo a presença de representantes diplomáticos do país caribenho.
Duas vezes prefeito de Canelones, o departamento mais populoso depois de Montevidéu, o professor de História, de 57 anos chega à Torre Executiva com 53% de popularidade.
Diferente de seus antecessores, Orsi terá que lidar com um Parlamento dividido: seu partido, a Frente Ampla, controla apenas o Senado, enquanto políticos da centro-direita ocupam a Câmara dos Deputados.
No campo econômico, Orsi terá de aumentar o crescimento, estimado pelo FMI em 3% para este ano e, ao mesmo tempo, atender às demandas sociais sem aumentar ainda mais o déficit fiscal, que fechou 2024 em 4,1% do Produto Interno Bruto (PIB).
Outro desafio será combater a criminalidade, grande parte ligada ao tráfico de drogas. Segundo uma pesquisa da Equipos Consultores, a insegurança é o principal problema dos uruguaios (37%), seguida de longe pelo desemprego (17%).
No Uruguai, a taxa de homicídios é de 10,5 por 100 mil habitantes, e a população carcerária é de 445 presos por 100 mil habitantes, a mais alta da América do Sul e a décima mais alta do mundo.
Para este pequeno país agrícola, vizinho da Argentina e do Brasil, as relações internacionais são essenciais para o acesso ao mercado. Orsi terá de apelar ao equilíbrio, com o Mercosul questionado em nível regional e um mundo polarizado.
Cerimônia de posse
Neste sábado (1), por volta das 14h locais (mesmo horário em Brasília), Orsi deve jurar fidelidade à Constituição diante dos 30 senadores e 99 deputados reunidos em Assembleia Geral.
Do Palácio Legislativo, passará ao Auditório Nacional Adela Reta, onde Lacalle Pou lhe entregará o poder.
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.
O tom acerca da Venezuela, e de outros países marcados pelos estereótipos da OEA/Washington, já deixa claro:
Apesar da incrível história pessoal de Mujica, de seu desprendimento pessoal pelas mordomias palacianas, e enfim, de sua visão de mundo (gostemos dela ou não, em parte ou no todo), o fato é que o Uruguai é um quintal geopolítico como o Brasil.
Porém, mais charmoso, e que soube usar os recursos da lavagem de dinheiro sujo em seus cassinos para dotar seu povo se alguns confortos.
No resto, é a mesma coisa;
Gestão política de verniz social do desastre capitalista.
Não, a culpa não é de Mujica, nada disso.
Um homem que levou 13 anos isolado em um buraco não pode ser cobrado de nada, embora ele nunca tenha pedido nossa condescendência.
A responsabilidade é da esquerda, que se tornou uma vergonha.
Certamente, será cobrada da esquerda o aumento da taxa de crimes e presos, e pelo avanço do tráfico de drogas, por causa da política com a maconha.
Claro que o avanço do tráfico tem a ver com proibição, nunca com a liberalização, e com outros fatores e circunstâncias, como a geopolítica do tráfico regional e mundial.
Resta saber o que fará a “esquerda” uruguaia.
Com esse discurso sobre os convidados da posse, não tenho muita esperança.
Vai piorar muito, antes de piorar ainda mais.