Subprocurador acusa procurador do TCU de ser amigo de Moro e retirar acesso da investigação

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Em conflito interno, Lucas Furtado acusa procurador sorteado Júlio Marcelo de ser amigo de Sergio Moro

Júlio Marcelo de Oliveira é fã do ex-juiz Sergio Moro – Foto: Reprodução/Twitter

O inquérito que apura possível ilegalidade no contrato e remuneração do ex-juiz e pré-presidenciável Sergio Moro (Podemos) junto à consultoria Alvarez & Marsal está gerando um conflito interno no Tribunal de Contas da União (TCU), com o procurador junto ao TCU Lucas Furtado acusando o procurador Júlio Marcelo, sorteado para a investigação, de suspeição por ser amigo de Sergio Moro.

O pedido de investigação no TCU sobre possíveis sonegação de impostos e irregularidades nas remunerações de Moro partiu do procurador Lucas Rocha Furtado. Entretanto, de acordo com autos obtidos pelo GGN, desde dezembro, uma pressão interna tenta retirar Furtado da apuração, restringindo ao procurador sorteado Júlio Marcelo, que teria bom trânsito com o ex-juiz da Lava Jato.

Num requerimento no último 17 de janeiro, Lucas Furtado informa ao ministro relator do caso no TCU, Bruno Dantas, que verificou que partes dos autos não puderam ser acessadas pelo próprio procurador. Ele pede que as peças não somente sejam liberadas a ele, como também pediu que o ministro determine a abertura do sigilo de todo o material relacionado à investigação de Moro no TCU ao público, exceto trechos que tenham necessidade de segredo de Justiça.

No dia seguinte, o ministro atendeu positivamente ao pedido de Furtado e informou que as peças seriam cuidadosamente analisadas para, então, a retirada do sigilo do que fosse possível e que, enquanto isso, o procurador detinha acesso ao material.

Entretanto, ainda no mesmo requerimento de Furtado, o procurador manifestou em tom de defesa de que “tomou conhecimento” do movimento por parte de Júlio Marcelo, também procurador junto ao TCU, de retirá-lo da investigação, alegando suspeição.

Furtado acrescenta que ele não seria “suspeito” para conduzir a investigação. “Ressalto que minha atuação se encontra respaldada nos regulamentos internos, não havendo suspeição de minha parte. Em caso de suposta suspeição a ser verificada, entendo que deveria avaliar a do próprio Sr. Júlio Marcelo, visto ele ser amigo do responsável em análise (ex-juiz Sérgio Moro).”

Dantas responde ao protestos de Lucas afirmando que “não há razões para impedir o amplo acesso ao acervo documental do processo ao subprocurador, considerando que ele era o “autor da representação e membro do Ministério Público junto ao TCU”. O ministro não comenta sobre investigar suspeição, tanto de Lucas Furtado, como de Júlio Marcelo.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

2 Comentários

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  1. É inacreditável a alucinada velocidade da degradação das estruturas do Poder Judiciário Brasileiro. Mais ainda é a incrível lentidão nas punições, que não acontecem e dificilmente acontecerão, enquanto o martelo da justiça estiver em mãos do criminoso, debochado e ultrajante corporativismo judiciário. Além de dos fortes indícios, réus confessos e uma série de infrações que foram apontadas, ainda sumiu o contrato de leniência homologado por Sério Moro com a Andrade Gutierrez. Vale lembrar que os documentos do contrato sumiram na Secretaria Extraordinária de Infraestrutura, a mesma que defende o arquivamento da investigação sobre Moro e a Alvarez & Marsal, conforme o Portal Brasil 247. Isso me fez lembrar o sumiço do processo contra a Tv Globo (como anda a investigação?). O Poder Judiciário desta última década está sendo o mais vexaminoso, inconfiável e ganancioso que eu conheci, nos quase 70 anos de minha existência.

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