Augusto Aras se despede no STF atacando “narrativas falsas” sobre atuação na PGR  

Renato Santana
Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.
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Aras não deve ser reconduzido ao cargo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem cabe indicar o procurador-geral, ainda não definido

Augusto Aras
Augusto Aras acompanha sessão do Supremo Tribunal Federal (STF). Foto: Agência Brasil

Na abertura da sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) desta quinta-feira (21) o procurador-geral da República (PGR) Augusto Aras se despediu dos ministros e ministras da Corte pelo final do segundo biênio de sua gestão frente ao Ministério Público (MP), que se encerra na próxima semana. 

Em seu discurso, Aras atacou a “equivocada narrativa” de que ele, como procurador-geral, apoiou ou “caminhou com projetos políticos partidários (…) sejam eles de direita ou esquerda”. 

Aras foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro à PGR em 2019, e  reconduzido para segundo mandato em setembro de 2021, sendo que nas duas ocasiões Bolsonaro deixou de lado a lista tríplice apresentada por representantes do Ministério Público Federal (MPF) em eleição interna.  

Para o procurador-geral, instituições como a PGR são “contramajoritárias e não têm compromissos com governos ou partidos”. Comparou ainda o Ministério Público com o evangelho de Cristo, com a missão de servir ao próximo e, no caso da instituição que conduziu por quatro anos, a sociedade brasileira.   

O PGR fez um rápido balanço da gestão fazendo críticas veladas à Operação Lava Jato ao afirmar que sob o seu gabinete “foram conduzidas 200 investigações, sem espetáculos midiáticos”. 

Concluiu dizendo ser “incompreensível a narrativa de alguns sobre o PGR, que entregou sangue, suor e lágrimas” 

Gilmar Mendes faz homenagem

Após o discurso de Aras, o ministro Gilmar Mendes fez uma homenagem ao PGR que deixa o cargo afirmando que ele “herdou uma casa em um estado de conflagração”. 

Mendes destacou que Aras esteve à frente da PGR em um “período desafiador da história da nação. Nesses quatros anos, o Brasil passou pela pandemia, que teve peculiaridades entre nós, como sabemos, eleições conturbadas e ataques à democracia, que culminou no ataque aos prédios dos Três Poderes”. 

O ministro destacou alguns números da gestão de Aras à frente do MP, ressaltando que no primeiro biênio do PGR foram 39 mil manifestações em processos judiciais com tramitação na Corte Suprema, além de ter ajuizado 400 ações diretas de inconstitucionalidade. 

Lula ainda não decidiu

Aras não deve ser reconduzido ao cargo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem cabe indicar o procurador-geral. 

Embora já tenha se encontrado com os principais candidatos ao posto, Lula não está convencido sobre quem deve assumir o posto atualmente ocupado por Augusto Aras.

O vice-procurador-geral Eleitoral Paulo Gonet e o subprocurador-geral Antônio Carlos Bigonha são os nomes favoritos. No entanto, Lula volta dos Estados Unidos nesta quinta-feira (21) e fará novas reuniões com outros candidatos ao posto. 

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1 Comentário

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  1. Agora que voltou para o piso, o “adevogado” da bandidagem e da bestialidade bolsonarista terá que ser investigado e eventualmente punido na forma da Lei. Ele não é menos responsável do que chefes.

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