A suspeita de retaliação contra o delegado que denunciou a Lava Jato

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Deflagrada nesta quinta (7), operação Caça-fantasma pode ser ofensiva da força-tarefa da Lava Jato contra o delegado Fanton, que denunciou grampos ilegais na cela do doleiro Youssef

Jornal GGN – A nova operação da Lava Jato, deflagrada na manhã desta quinta (7), levanta suspeitas sobre possível retaliação contra o delegado da Polícia Federal, Mario Renato Castanheira Fanton, que denunciou irregularidades praticadas pela força-tarefa, como a instalação de grampos ilegais na cela do doleiro Alberto Youssef (leia mais), preso na Superintedência da PF em Curitiba. A denúncia, se comprovada, poderia anular provas da Lava Jato.

Em depoimento sigiloso à CPI da Petrobras, em setembro de 2015, Fanton teria falado também sobre um outro grampo encontrado nas dependências da PF, em uma área de fumantes. O relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT), reportou à imprensa parte do que Fanton havia dito, como a queixa sobre as irregularidades terem virado objeto de sindicância interna que poderia “nem se concluir”, ao invés de terem embasado um inquérito policial próprio.

Por insurgir-se contra a Lava Jato, Fanton é processado por calúnia e injúria contra seus colegas, em ação movida pelo Ministério Público Federal. Em agosto de 2015, o Estadão publicou: “O delegado Fanton e o agente federal Dalmey Fernando Werlang [que também colaborou com a CPI] foram denunciados criminalmente à Justiça Federal pelo procurador Daniel Holzmann Coimbra, do Grupo de Controle Externo da Atividade Policial da Procuradoria.” Fanton teria atacado a honra de ao menos seis delegados da Lava Jato.

Na imprensa, circulou a versão de que Fanton e outros agentes seriam “dissidentes da PF”, possivelmente contratados pelas empreiteiras investigada na Lava Jato para achar uma maneira de comprometer as provas colhidas e anular parte da operação.

Nesta quinta, a Lava Jato avançou contra o FPB Bank, uma instituição financeira do Panamá, cujo representante no Brasil é “parente em primeiro grau” do delegado Fanton. A operação foi batizada de caça-fantasma.

Segundo informações recebidas pelo GGN, o empresário Edson Paulo Fanton, responsável pelo banco que atua à margem do Banco Central, é tio do delegado Fanton. Para justificar busca e apreensão e condução coercitiva contra Edson, a força-tarefa sustentou que há indícios de que alguns investigados usaram o banco panamenho para levar recursos ilícitos ao exterior, mas sem fornecer mais detalhes.

De acordo com o MPF, o banco usava os serviços da Mossak Fonseca – centro do escândalo Panamá Papers – para criar offshores em paraísos fiscais a seus clientes, que são mantidos sob anonimato.

À parte as suspeitas do MPF e da Polícia Federal, a Lava Jato apontou com veemência apenas um crime do banco: operar no Brasil sem conhecimento das autoridades locais.

Banco panamenho no Brasil é alvo de nova operação da Lava Jato

Um novo desdobramento da Lava Jato pautou ação da Polícia Federal em São Paulo, na manhã desta quinta (7). Nomeada Caça-Fantasmas, a operação investiga uma instituição financeira panamenha que atua no Brasil à margem do sistema financeiro nacional e comercializava empresas offshore, segundo a PF.

A Lava Jato encontrou indícios de que seus investigados fizeram circular dinheiro pela FPB Bank, de responsabilidade de Edson Paulo Fanton, irmão do delegado da PF Mario Renato Castanheira Fanton – que acusou membros da Lava Jato de irregularidades, como a instalação de grampos ilegais na cela do doleiro Alberto Youssef.

Cerca de 60 policiais cumprem 17 ordens judiciais, sendo sete conduções coercitivas e dez mandados de busca e apreensão, nas cidades de Santos, São Paulo e São Bernardo do Campo.

Para os investigadores, a instituição financeira panamenha tinha o objetivo de facilitar o envio de recursos ilícitos ao exterior. O banco oferecia a comercialização de empresas offshore registradas pela panamenha Mossack Fonseca, que já foi alvo da 22ª fase da Lava Jato, centro do escândalo Panamá Papers – esquema de ocultação de recursos usado por autoridades e celebridades, revelado este ano por um grupo internacional de jornalistas.

“Nesta fase da Lava Jato, a PF apura crimes contra o sistema financeiro nacional, a lavagem de ativos e a formação de organização criminosa internacional. O nome caça-fantasmas foi escolhido por causa do objetivo da operação: revelar a extensão da atuação e a clientela oculta da instituição financeira panamenha.”

16 Comentários

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  1. Deixa eu ver se entendi.
    O

    Deixa eu ver se entendi.

    O delegado que “denunciou” a Lava-Jato tem um tio que representa no Brasil um banco que comercializa offshores da Mossak Fonseca, envolvida com a Lava-Jato, e a suspeita é de retaliação contra esse delegado???

    Há outras coisas pra se suspeitar, principalmente sobre o comportamento desse delegado…

  2. Máfia Demotucana volta a atuar

    Máfia demotucana tomou conta dos órgãos públicos e atua no sentido de perseguir seus adversários e todos que se opuserem a seus desmandos. Ao mesmo, tempo cuida de livrar seus aliados políticos, os demotucanos. São criminosos de alta periculosidade. Mafiosos!

  3. Uiiiiiii… Nós somos super

    Uiiiiiii… Nós somos super mega poderosos. Mandamos, mandamos e mandamos. Só enroscou na censura dos blogs porque a Folha publicou. No mais,  nesta república das bananas quem manda é a meganhagem de Curitiba entranhada na república do paraná. Será que esses déspotas de merda são mesmo “bem intencionados e eficientes”?

  4. Assuntos internos

    Quando um Policial Federal é assassinado, as ruas sempre comentam que foi expurgo interno. Ninguém de fora peita a corporação. Somente quando há questões nebulosas de dentro descobertas por algum colega, e este se mete e fica instransigente em fazer vistas grossas, é que o PF fica exposto. Parece ser o caso.

  5. Depois de ver a notícia que o

    Depois de ver a notícia que o stf pediu investigação nos bonecos do janó e do lewandaski e ver essa aí desse delegado dissidente da trupe da vaza jato, certifico-me, sem dúvida, que estamos num regime de excessão. Chegamos num tempo em que qualquer crítica aos “homens de bem” da nossa purificada pátria redunda em histeria (otavio frias, diretor da fiesp,alguns menbros do judiciário etc)  e também casos de ação judicial como no pedido de explicaçao para presidente sobre o termo golpe usado corretamente por ela. Estamos cada vez mais próximos da idéia de pensamento único. Depois de alguns anos em que vivemos o sonho de um país livre e emancipado acho que inicio-se uma tenebrosa e longa noite de pesadelo e arbitrariedades.

  6. Lava a Jato versus….

    Cabeças e sentenças

    “Dito de outra maneira, o réu preso por decisão de um juiz de segunda instância ainda não é um condenado; um inocente pode ser mandado para atrás das grades?

    Cria-se um conflito entre a convicção do magistrado e a percepção geral de que a impunidade triunfa. Cabe ao Congresso —infelizmente, um sodalício de réus—resolver esse impasse.”

  7. Quando o sobrenome de um dos

    Quando o sobrenome de um dos envolvidos me lembrei na hora do delegado Fanton.

    Entretanto, devido minha ingenuidade, acreditei de ser apenas um mero parente muito distante ou mesmo um mesmo sobrenome sem relação de parentesco.

  8. Só que em relação a todos os

    Só que em relação a todos os outros envolvidos nessa tal mossack, como os marinhos e tantos outros menos notáveis, ficou tudo por isso mesmo? Ou seja, esses tais pf e mpf encontram e deixam para lá? muito estranho. muito estranho, mesmo. aliás, alguém está colecionando as tantas descobertas dessa tal sesforçarefa que foram para o beleléu?

  9. Retaliação pura e simples

    Prezados,

    Há alguns tolos, trolls e demotucanos que aproveitam dessa operação-retaliação para lançar suspeitas e desconfianças sobre os delegados e agentes que ousaram investigar e denunciar a ORCRIM da Farsa a Jato, como se o fato de um parente do delegado Mário Fanton ser representante de um banco panamenho não cadastrado pelo BC implicasse que o referido delegado tivesse/tenha algum envolvimento com atividades ilegais.

    As reportagens de Marcelo Auler e da revista CartaCapital contêm provas fartas das ilegalidades criminosas cometidas por delegados da FT da Farsa a Jato, acobertadas por procuradores do MP e pelo juiz sérgio moro. Por ter feito tais reportagens-denúncia, Marcelo Auler é perseguido, sofreu e sofre censura prévia e alguns dos delegados que cometeram ilegalidades criminosas moveram ações contra o jornalista, pedindo indenização por danos morais. Detalhe: um desses delegados, Maurício Moscardi Grillo, cometeu fraudes processuais ao entrar com a mesma ação em mais de um juizado, fornecendo endereço falso. Esse tipo de delegado é que agora investe contra Mário Fanton e contra o agente Dalmey. Não é difícil deduzir de que lado está a verdade.

  10. “…o banco usava os serviços da Mossak Fonseca…”

    Basta à defesa insinuar a existência de um, digamos, Marinho entre os clientes do banco.

    A denúncia vai “correndo” para o imenso arquivo “Não Vem ao Caso”.

  11. Não existe nada mais trivial

    Não existe nada mais trivial do que registrar um banco em um paraíso fiscal, isso não é crime nenhum. E mesmo que comprovem que esse banco tinha relacionamento com outro banco estrangeiro, isso também não é crime. No máximo evasão fiscal, paga uma multa e acabou. É óbvio que a prisão do tio do delegado foi retaliação. Quando se trata dos inimigos eles sempre conseguem encontrar o dinheiro escondido no exterior, só dos amigos é que não conseguem. Justiça parcial!

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