Bancoop: o fim de uma operação boca de urna contra o PT que inocentou Vaccari

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Após seis anos de processo, Ministério Público não conseguiu comprovar nenhuma das acusações feitas contra Vaccari, nem que a Bancoop financiava o PT. Juíza absolveu os réus apontando que “ilações” não superam provas

Jornal GGN – Em 19 de outubro de 2010, Veja publicou, a menos de 15 dias do segundo turno eleitoral entre José Serra e Dilma Rousseff, que o promotor José Carlos Blat, do Ministério Público de São Paulo, enviara à Justiça um pedido para processar João Vaccari Neto e outras cinco pessoas envolvidas no caso Bancoop.

A cooperativa de crédito habitacional para bancários teria lesado, de acordo com a denúncia, mais de 3 mil mutuários que não receberam os imóveis. A causa era da ordem de R$ 170 milhões. O motivo do prejuízo? Um suposto esquema de desvio de recursos que serviria ao enriquecimento pessoal dos dirigentes da Bancoop e ao financiamento das campanhas petistas, apontou Veja.

Blat, que tocava o inquérito sobre o caso desde 2007, decidiu anunciar o envio à Justiça numa sessão da CPI da Bancoop, da Assembleia Legislativa de São Paulo, presidida, à época, por um deputado do PSDB. A bancada petista na Casa tentou evitar que a exposição de Vaccari fosse prejudicial à campanha de Dilma. A defesa do ex-tesoureiro, hoje implicado nas mãos de Sergio Moro em função da Lava Jato, classificou o processo como uma operação “boca de urna”, feita sob medida para atingir o PT às vésperas da eleição presidencial.

A sentença do processo saiu no último dia 8, assinada pela juíza Cristiana Ribeiro Leite Balbone Costa, da 5ª Vara Criminal de São Paulo. Em pouco mais de 70 páginas, ela absolveu Vaccari e os demais réus de todos os crimes imputados: lavagem de dinheiro, estelionato, falsidade ideológica e formação de quadrilha. Supostos crimes que estamparam páginas de jornais e revistas, alimentando mais um caso de “trial by media”.

A magistrada observou que, “ao cabo de seis anos de instrução e diante do imane volume de documentos produzidos”, o que o Ministério Público levou a julgamento foi uma acusação confusa, frágil e carente de provas.

“Sustenta o Ministério Público que o que sucedeu foi a instauração de verdadeira ‘organização criminosa’ na Bancoop, que passou a ser utilizada por seus dirigentes unicamente para o desvio de recursos dos cooperados em benefício próprio e de outrem, insinuando ainda a acusação e chegando mesmo a afirmar que as vantagens indevidas obtidas pelos réus destinaram-se a fomentar campanhas políticas”, relatou a magistrada.

“Ocorre que o Direito Penal não se compraz com conjecturas ou suposições, mas tem por princípio a legalidade estrita, não sendo assim possível admitir que ilações ou estimativas se sobreponham à prova dos autos”, afirmou.

“Se desvio de recursos houve, mediante tais práticas, estes não restaram demonstrados nos autos. (…) De fato, para além de insinuar que tais valores supostamente desviados tenham sido destinados a fomentar campanhas políticas, a Acusação não demonstrou a destinação de tais recursos que alega terem sido ‘desviados’ da Cooperativa pelos acusados, não havendo sequer demonstração de que, efetivamente, eventuais vantagens econômicas indevidas tenham sido obtidas pelos acusados ou por terceiros”, sentenciou.

A FÓRMULA 1

Dentre as inúmeras falhas e artimanhas do MP neste processo – como apresentar dados conflitantes sobre qual seria o montante desviado da Bancoop; acusar Vaccari por fatos que ocorreram antes de sua entrada na cooperativa; deixar de denunciar Ricardo Berzoini, à época com foro privilegiado, só para que evitar que a ação não fosse para o Supremo Tribunal Federal; e usar dados de um laboratório especializado em lavagem com erros crassos –  a juíza Cristina Ribeiro atacou, ao analisar a imputação de estelionato, o argumento de que os réus descontavam cheques nominais na boca de caixas de bancos, dificultando o rastreamento dos recursos supostamente desviados.

Segundo ela, o MP sequer conseguiu apontar a materialidade dessa tese. Na denúncia mesmo, só usou dois cheques emitidos pela Bancoop, em outubro de 2004 e janeiro de 2005, nos valores de R$ 50 mil e 55 mil, assinados por Luiz Malheiro e Tomas Fraga (ex-dirigentes da Cooperativa) em um caso, e Tomas e Vaccari em outro, depositados na conta de um hotel. O MP alardeou o fato como desvio de verba para pagar o luxo da estadia para os grandes prêmios de Fórmula 1.

“É mesmo curioso que um cheque de uma Cooperativa tenha sido usado para pagamento de estadia em hotel. Contudo, a Acusação não indicou nos autos de onde tirou a conclusão de que estes dois cheques serviram para pagar hospedagens nos Grandes Prêmios de Fórmula 1 de 2004 e 2005. Aliás, esta alegação da Acusação conflita com a própria data em que o segundo cheque foi pago, em 19 de janeiro de 2005, enquanto a corrida somente ocorreu em 25/09/2005”, disse.

“Ou seja, o Juízo desconhece de onde a Acusação tirou a conclusão de que este cheque pagou hospedagem para espectadores dos Grandes Prêmios e tampouco consta, na fase de instrução, qualquer demonstração de quem seriam os beneficiários de tais hospedagens”, concluiu.

Para ela, se “provada a efetiva utilização fraudulenta destes únicos dois cheques concretamente indicados pela Acusação, poder-se-ia ter delito patrimonial diverso, pelo qual os réus não foram denunciados. Tudo para sequer mencionar que as cifras tratadas nos dois cheques em muito se distanciam dos montantes apontados na denúncia [que chegam a R$ 170 milhões, que é a soma do valor de vários empreendimentos, como se investir nos imóveis fosse o prejuízo]”.

Ainda de acordo com a magistrada, inúmeros cheques levantados pelo MP foram analisados e boa parte deles serviu à defesa, que sustentou que foram usados para pagar serviços contratados pela cooperativa, comprovadamente prestados.

Ao analisar as acusações sobre estelionato, que concentram os argumentos do MP de que Vaccari e outros teriam desviado dinheiro para enriquecimento pessoal e financiamento do PT, a juíza considerou que era “impositiva a absolvição dos acusados”.

Mas “não por estar o Juízo convencido de que não ocorreram, em absoluto, práticas ilícitas no bojo da administração da cooperativa, mas sim por não estarem demonstradas nos autos as imputações tais quais feitas na denúncia”, ressalvou.

O SUPERFATURAMENTO

Ao longo de sua decisão, a juíza Cristiana Ribeiro Leite Balbone Costa apontou o que poderia ter sido o real objeto de acusação do Ministério Público. Mas Vaccari não estaria na lista de acusados.

Ela viu “desinteresse” do Ministério Público em denunciar o verdadeiro crime identificado pelo Juízo na análise dos autos do caso Bancoop: o de que houve pagamento de propina, sim, mas a uma diretoria que antecedeu Vaccari, com o agravante de que os cabeças do esquema estão mortos e que não há como afirmar que o ex-tesoureiro do PT sabia ou tirou vantagem das ilicitudes.

“(…) vem mesmo a demonstrar a ocorrência de fraudes o depoimento do empreiteiro Valter Amaro, que emitia notas em valores superiores aos que lhe eram devidos, recebia tal montante e, em seguida, depositava boa parcela na conta de Helio Malheiro, irmão do então presidente [da Bancoop] Luiz Malheiro que, segundo a testemunha, era quem determinava tal procedimento espúrio.”

“(…) o que se demonstra aqui é a possível existência de condutas criminosas diversas daquelas descritas na denúncia [do MP contra Vaccari], em valores muito inferiores aos mencionados pela Acusação e, principalmente, cuja autoria somente se demonstra em relação ao próprio Luiz Malheiro.”

“Portanto, os únicos indícios concretos de desvios de recursos através de cheques sacados vêm através de pagamentos feitos pela Germany (custeados, indiretamente, pela BANCOOP), mas, se aqui há evidências de materialidade de delitos (diversos daqueles denunciados), não há nenhuma prova segura em que se possa fundamentar a responsabilidade de qualquer dos denunciados por tais desvios, ao contrário: as provas da própria Acusação apontam, diretamente, para os falecidos dirigentes da Bancoop, sem nenhuma menção a atos concretos que possibilitem identificar a participação dos acusados naquelas movimentações suspeitas.”

A juíza também apontou que o MP fez uso de uma testemunha mantida em sigilo, e sublinhou que informações repassadas aos promotores devem servir de base para conduzir as investigações, pois não superam a necessidade de provas que corroborem o que é delatado.

A sentença está em anexo.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

40 Comentários

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  1. Agora…

    Agora, vai ter algum juiz garantista disposto a peitar a plutocracia e indenizar os, previamente, criminalizados?

    E as instituições estão funcionando….

    1. Não, não vai ter. E nem o PT

      Não, não vai ter. E nem o PT vai se interessar por isso. Só nós tontos aqui nos interessamos por essas injustiças.

      Quando um funcionário da Veja foi flagrado tentando entrar no quarto de hotel do Dirceu, a justiça considerou “crime impossível” e inocentou o réu. O que Dirceu fez? Nada. Nem colocou no blog dele e ajudou a esquecer o assunto. 

  2. Ele é o Larry ou o Moe?

    Esse promotor José Carlos Blat não é aquele que integra a equipe dos “Tres Patetas” do MP Tucano do Tucanistão? Aqueles que pretendendo demonstrar erudição, revelam, ao contrário, proverbial inguinorança ao confundir Engels com Hegel? 

    http://www.pragmatismopolitico.com.br/2016/03/promotores-confundem-engels-com-hegel-em-pedido-de-prisao-de-lula.html

    http://oglobo.globo.com/brasil/quem-sao-os-promotores-que-pediram-prisao-de-lula-18849172

    Na verdade eles não passam de impostores. Os verdadeiros Tres Patetas são esses:

    Larry, Moe and Curly Joe.

    https://www.youtube.com/watch?v=OXnDD7GCr7o

    1. Eu acho um profundo

      Eu acho um profundo desrespeito a comparação feita entre nobres profissionais e pessoas que, do alto da fama, vive da produção de escárnios.

      Exijo respeito aos queridos Moe, Larry e Curly.

  3. começa a desmoronar o bicho

    começa a desmoronar o bicho papão construido pelo PIG….

    ele nunca esteve ali. mas foi apontado, descrito como aterrorizante e assustador durante ultimos 8 anos….

    mas o PT, esse mudou o brasil pra melhor. e por isso foi escolhido como adversário/inimigo por diversos setores q se viram “prejudicados” sob uma nova realidade em q possuiam menos privilégios.

    e todo colega de trabalho sabe q os verdadeiros irmãos metralha são os três patetas q andam pelos corredores da alta adm. é, eles mesmo. os titios da paulinha de paraty, a famosa paulinha do triplex.

  4. Muito a propósito do tema

    Não é mais possível a esta altura ignorar o efeito da manipulção midiática sobre o eleitor desinformado, alijado da informação de qualidade e minimamente isenta. Qualquer debate sobre o resultado das recentes eleições que não contemple a influência da mídia sobre o eleitor que nunca ouviu falar em Jânio de Freitas ou Jornal GGN, estará prejudicado. Foi o que motivou o comentário entre constrangido e perplexo da professora de Jornalismo da UFRJ Sylvia Moretzsohn, ontem pelo Facebook, a respeito do artigo da Rosana Pinheiro-Machado, na Carta Capital: 

    O comentário da professora: 

    É uma pena e chega a ser inacreditável que alguém com a qualificação da Rosana diga que a periferia não é manipulada. É sim, e muito, e não só ela, como a classe média também. E se aplica ao eleitorado americano e britânico também, por óbvio. Ou a indústria cultural não teria razão de ser, nem influência. Infelizmente, afirmar esse grave equívoco parece ser a consequência natural do alerta sobre a necessidade de ouvir e de tentar entender os que são diferentes de nós. O que não é fácil, e não apenas pela arrogância de quem se acha dono da verdade, mas porque me parece muito evidente que a emoção (e não a razão, na qual apostamos classicamente) e o inconsciente têm um peso fundamental no comportamento coletivo, especialmente em momentos de crise, que jamais foram favoráveis à esquerda.

    Quem pôde cultivar o senso crítico consegue ver e questionar o que a maioria naturaliza. Mas parece que dizer isso é arrogante, é querer cagar regra, é se considerar superior. Então essa espécie de má consciência (que eu não tenho e nunca tive) leva a afirmar que as pessoas, independentemente da sua formação e condição social, sabem muito bem o que querem e são perfeitamente autônomas, decidem de acordo com suas consciências. Porque o bacana é dizer que é tudo “horizontal”, que todos estão (pós-modernamente) no mesmo nível.

    É um erro grave, que não nos ajuda em nada a enfrentar o problema.

    O artigo da Rosana Pinheiro-Machado: 

    O que a vitória de Donald Trump pode ensinar à esquerda global

    por Rosana Pinheiro-Machado — publicado 09/11/2016 11p6, última modificação 09/11/2016 13p3No Brasil e no mundo, o capitalismo atua de forma muito mais inteligente do que no passado. Com isso, a subjetividade política dá lugar ao niilismoinDANIEL LEAL-OLIVAS / AFPDonald Trump

    Jornal repercute vitória de Donald Trump no pleito americano

    Após as eleições municipais, velhos clichês voltaram à tona, como o que o povo brasileiro não sabe votar porque é ignorante e manipulado. A coisa fica mais complexa quando vemos que essa fórmula, em tese, não se aplicaria para o eleitorado do país mais rico do mundo que votou em Donald Trump, nem para a classe trabalhadora britânica, que virou pró-Brexit.

    Se não quisermos um Jair Bolsonaro para 2018, é fundamental que mudemos radicalmente nossa postura, especialmente em relação às camadas populares.

    Tal como no início do século XX, a onda conservadora é uma reação global às diversas insurgências de massas por mudanças radicais que caracterizaram o século XXI.

    O quadro piora quando pensamos que as esquerdas e o campo progressista de um modo geral estão muito mais fragmentados hoje, em comparação com a onda fascista do século passado.

    O cenário do século XXI, portanto, não é uma cópia do século XX. Da China ao Brasil, passando pelas potências do norte global, o neoliberalismo atual se caracteriza justamente pelo esvaziamento da vontade política e democrática em meio ao pleno desmonte da classe trabalhadora.

    O capitalismo se transformou e atua agora de forma muito mais molecular e inteligente do que no passado. O resultado disso é que a subjetividade política é substituída pelo niilismo político e a aversão à política institucional.

    Essa revolução subjetiva, em curso no mundo todo, é o que precisamos entender, pois ela esvazia o senso de coletivo e o aniquila a identidade de classe trabalhadora.

    No lugar deixado no vazio do coletivo e do abandono político, entram em cena, além do ódio e a rejeição política, os valores sobre o mérito e a recompensa individual, a gestão, a aspiração social, os prazeres do consumo e toda a racionalidade do indivíduo empreendedor de si – o self empreendedor, como alguns autores definem.

    A racionalidade de mercado, as igrejas com discurso empreendedor, entre outras esferas, ocupam espaço nesses lastros deixados no vácuo democrático do neoliberalismo.

    Escutava na Inglaterra um homem da região mais pobre do país apoiar fervorosamente o Brexit enquanto gritava: “eu voto SIM porque eu odeio política”. Essa frase, aparentemente sem sentido, é completamente lógica e sintomática.

    Empobrecida, sem direitos, enfrentando crises econômicas e entregue às traças, a classe trabalhadora está totalmente vulnerável aos discursos totalitários, às respostas fáceis que culpem “os outros” ou, simplesmente, avessa à política “do andar de cima”.

    A classe trabalhadora, globalmente, é quem paga a conta neoliberalismo. Ao mesmo tempo, muitas vezes, é quem compra o seu discurso.

    Parece-me fundamental entender essa contradição, ao invés de simplesmente encerrar a discussão inferindo a maior parte da população do mundo é ignorante e não sabe votar. 

    Há os que votaram no Marcelo Crivella no Rio de Janeiro e há os que anularam. Há os que votaram na saída do Reino Unido da Europa e há quem nem tomou conhecimento do plebiscito. Há quem votou em Trump, mas também muitos não foram votar.

    Essa não é uma diferenciação sociológica trivial. Parece-me que, globalmente, existem dois fenômenos diferentes: os eleitores que estão sendo cooptados pela extrema direita e o discurso de ódio e os eleitores que estão completamente indiferentes (os que pensam que é “tudo a mesma m…”).

    No Brasil, essa discussão precisa ser colocada em contexto histórico, em que essa classe trabalhadora ao estilo clássico “mineradores ingleses” praticamente nunca existiu. A economia informal manteve-se em maior número do que a formal por muito tempo.

    A maior parte dos trabalhadores já nasce trabalhando para si próprio, desregulado e sem direitos sociais: são os camelôs, as diaristas e os “faz tudo”.

    Meu ponto é unicamente alertar que a racionalidade neoliberal no Brasil entra muito mais violenta, mais crua e mais selvagem. É o desmonte de um coletivo que talvez nunca tenha existido num sentido marxista mais clássico.

    Soma-se a isso, o abandono total do Estado nas periferias, que só aparecendo na hora de bater, matar e chacinar.

    As lutas ideológicas pelas classes trabalhadoras no Brasil travadas pelo PT foram sendo abandonadas: o orçamento participativo, caracterizado por organização e debate político comunitário, por exemplo, dá lugar à distribuição de renda, que empodera, mas também reforça um modelo de relação individual, apolítico e que vem junto com políticas ferozes de financeirização das periferias.

    Desistiu-se da política de base nas periferias e deixaram-nas entregue às outras forças que conseguem preencher o vácuo da esperança, do conforto e do sonho.

    A esquerda não é, por geração espontânea e empatia natural, a porta-voz dos interesses dos mais pobres. Admitir nossa cegueira e se reconectar com a classe trabalhadora e com as periferias é o que precisamos para que não sejamos engolidos pela onda Trump.

    A primeira vez que eu mencionei que Bolsonaro era um fenômeno a ser observado, as pessoas riram. Hoje, quando o presidente do país mais rico do mundo é eleito falando que não gosta de mulher gorda e que vai construir um muro para barrar a imigração mexicana, eu acho que poucos teriam firmeza para dizer que uma figura como Bolsonaro é apenas ridícula – e não uma possibilidade real.

    Para quem é cooptado pelo discurso de extrema direita, é importante pensar sociologicamente de onde vem tanta raiva. Sempre insisto que chamar o povo de coxinha e fascista não ajuda em nada nessa batalha ideológica que nós perdemos – e perdemos feio.

    Nós apenas afastamos essas pessoas de nós – de nossa soberba e superioridade moral – e o jogamos ainda mais para a direita, que, por sua vez as recebem de braços abertos, vendendo sonhos e ódio.

    Nós também precisamos falar sobre votos nulos e sobre aqueles que não veem diferença entre Crivella e Freixo, Lula e Bolsonaro, que sabem que suas vidas podem continuar no total abandono da esfera pública, na fila do SUS e na escola sem professores.

    Os que entendem que lá para a cima a farra é grande, os acordos são muitos e a vida segue do jeito que dá. No fundo, há um entendimento de que “é tudo briga de branco”.

    Não estou falando em lutar pelos votos nulos. Afinal, isso é o que a política tradicional fez a vida toda. Estou falando em entendê-los. Escutá-los.

    Falta-nos muita escuta, mas sobram preconceitos de classe que se resumem a dizer que “pobre não sabe votar”, que as pessoas são ignorantes e que funk, igreja e rolezinho são expressões da “baixa cultura”.

    Também sobra muita teoria marxista de classe proletária para pouca classe operária no Brasil. Sobra gente se rebatendo para enquadrar “o povo” como “proletários”, “lumpem” e “precariado”.

    A periferia não é manipulada, tampouco vítima. São agentes de sua história e têm muito mais senso de realidade sobre a discriminação de classe e de raça que sofrem do que muitos acadêmicos podem imaginar.

    Falta entender como as classes populares se organizam coletivamente por meio de redes de troca e solidariedade; sobram modelos pré-fabricados da esquerda tradicional, do aparelhamento, da distribuição de ficha de filiação de partido em pleno rolezinho.

    Falta sair da universidade e das redes sociais e conversar com as pessoas, não para doutriná-las, mas para uma única vez na vida escutá-las. Falta entender que a micro política está pulsante nas camadas populares – ela está na fé e no consumo –mas que ela não se cabe nas caixinhas dos manuais de política revolucionária do século XIX.

    Tem um mundo amplo e grande a ser negociado e dialogado. É claro que é preciso que a esquerda volte a fazer trabalho de base lá onde ônibus não chega, mas primeiramente é preciso ouvir os próprios movimentos orgânicos da periferia, que talvez não queiram a luta de classe, mas lutem pela a sua arte, sua vida, seu atendimento médico ou mesmo por um poste de luz.

    Todos aqueles que nunca precisaram de um poste de luz, e sequer entendem o drama para negociar eletricidade, precisam refletir que a própria luta da esquerda sobre a perda de direitos pode ser pouco apelativa entre aqueles que se sentem destituídos de direitos.

    Não podemos perder o bonde da história, nos temos que pegar carona nele.

    Os tempos são sombrios, mas também são promissores de novas formas de fazer política, mais horizontais, democráticas e radicais. A luta de classe está lá no consumo popular, na igreja, na vida cotidiana das pessoas que sofrem, mas também amam e se ajudam.

    A luta de classes está pulsante e vibrante, e ela emerge justamente nas brechas deixadas pelas contradições de um mercado neoliberal excludente, classista e racista. A política está lá e ninguém melhor do que a periferia para saber de seus interesses. Não é preciso politizar a periferia. A esquerda é que precisa se periferizar
    .

     

  5. Perfídia processual

    Vaccari foi condenado a 20 anos sem nenhuma prova, só com base em delações forçadas.

    Até agora, nos processos e julgamentos contra  Zé Dirceu, Vaccari… sequer se pode falar de “convicções”, as penas foram baseadas, pura e simplesmente, na perfídia do juiz , procuradores e mídias venais.

  6. O Judiciário terá coragem de condenar os excessos da Mídia?

    Mais uma vida destruída, mais uma reputação assassinada. Algum juiz nesse país terá coragem e dignidade de fixar uma condenação exemplar contra o Poder Midiático? Que bom que pelo menos uma juíza exige prova cabal de crimes, não se contentando em usar literatura estrangeira de interpretação manipulada, inventando domínio final do fato para linchar alguém ou se baseando em meras convicções político-partidárias para condenar um cidadão inocente. Viva os Direitos Fundamentais! Parabéns à Magistrada por ter decidido com independência, coragem e integridade! Há juízes em São Paulo!

  7. É tradicionalemente assim:

    É tradicionalemente assim: acusa sem  nenhuma prova e depois caça-se as provas a passo de tartaruga. Caso não tenha prova, tenta-se condenar pelo domínio do fato. Ou se nem isso consegue, absolve nos autos, garantindo assim que o indevidamente acusado se matenha como condenado ad eternum.

  8. Onde essa juíza pensa que

    Onde essa juíza pensa que está, na Dinamarca ? Absolvendo por falta de provas? No judiciário decretou o fim de sua, dela, carreira. Se quiser provas mude para o Magistério, onde terá a de seus alunos.

  9. Enquanto isso, Serra, Temer, Alckmin serão canonizados p/ MP

    Luiz Roberto Barroso, o ministro do Supremo que dorme tranquilo sabendo que todos os encarcerados por Sérgio Moro não são inocentes, vai continuar defendendo essa impostura que é a Lava Jato? Até quando, Catilina! Liberdade a Vaccari, a Dirceu, a todos que foram presos nessa engranagem juridico-policial, que pretendem chamar justiça.

  10. Ministério público e

    Ministério público e promotores não podem ser processados cível e criminalmente?

    Baseado na Teoria do Domínio do Fato, a cúpula do Ministério Público de SP não pode ser responsabilizada pelos crimes de seus funcionários?

    A corregedoria não estaria prevaricando?

  11. E não vai acontecer p**ra nenhuma!
    É MESMO?E DAÍ?O QUE VAI ACONTECER COM OS CALUNIADORES E DIFAMADORES?PORRA NENHUMA SERIA UMA RESPOSTA ACEITÁVEL?

     

  12. Lula e Vaccari: A Arma para Derrotar o Inimigo

    As condições políticas para derrotar o inimigo, avançando politicamente, através dos processos judiciais, sobre os pilares que os sustentam, o maçônico institucional (judiciário, MP e PF) e o midiático monopolista (Globo-Marinho, Folha-Frias e Veja-Civita), estão dadas através dos processos do ex-presidente Lula e de João Vaccari Neto, cheios de fios soltos e delações insustentáveis, além do momento favorável em que, para não serem atropelados pela mesma Vaza Jato, organizam anistia ampla, geral e “restrita”, aos “usuários do Caixa 2”.  

    No caso do ex-presidente, a equipe jurídica que o defende, também atua na esfera política, com extrema competência, e isso vem fazendo a diferença, o que já não ocorre em relação ao processo contra Vaccari, preso há mais de um ano.

    É necessário pois, “juntar” os dois processos, mantendo-os tratados por equipes distintas, em sinergia política e judicial, de forma que o embate político se entrelace, respeitando as diferenças processuais, com o objetivo principal de aumentar-se a força, esclarecer aos cidadãos e pressionar as instituições brasileiras, que alguma coisa está muito fora da ordem, jurídica e democrática, em função de objetivos políticos não inerentes e permitidos a instituições republicanas, como o judiciário, ao alimentar a mídia e ser alimentado por essa, auto declarada líder da oposição, em retroalimentação permanente e incremental, entre esses, com objetivo único de derrotar o Partido dos Trabalhadores, através  da criminalização do partido e de seus membros, eleitos ou não.

    O PT precisa urgente encampar, centralizar, organizar e priorizar, essa luta, estruturando o processo e a operação do mesmo, começando por fortalecer a defesa jurídica política de Vaccari, para reagir partindo ao ataque ao núcleo inimigo (Marinhos, Civita, Frias, Gilmar, Janot, Moro, Dallagnol, Aécio, Serra, Temer, FHC, Alckmin, etc.) por desvio de finalidade, seletivismo, perseguição, proteção institucional e atividades ilícitas, e, obviamente, isso passa antes pela imediata troca de Rui Falcão por alguém com comando e peso político (Haddad, Franklin Martins, Gleise, Lindbergh, Damous, Pimenta, Paulo Teixeira, etc.), na presidência do PT.

    Resumo da ópera: É preciso que esses processos saiam do foco da orbita jurídica e passem à orbita política, para desmantelar a farsa seletiva a partir do contraditório que estabelece a dúvida e possíveis outros propósitos, junto aos cidadãos, contrapondo-se ao ataque político unilateral então vigente.   

    É o momento de reagir, atacá-los e derrotá-los, antes que fragilizem de vez o Brasil, e esse é um dos caminhos, mas com Rui Falcão permanecendo na presidência do PT, estacionado para manutenção em plena batalha de sobrevivência, beira inexplicavelmente as raias do absurdo e definitivamente não dá para aceitar.

    A psicoterapia partidária, verdadeira paixão de muitos, deixemos para mais à frente, com direito a intensa salivação, comes & bebes e muita musica.   

    Basta de aparelhismo, amadorismo, isolacionismo, anomia e inapetência política: Vá pra casa, Rui Falcão. 

  13. Proteção para ela
    A canalhada vai matar essa juíza. Temo pela vida dessa “dissidente”. O GM, senhor e dono supremo do judiciário brasileiro vai mandar os seus capangas executarem o serviço.

  14. Muito difícil, talvez até

    Muito difícil, talvez até impossível, distinguir até onde vai a inépcia e se inicia a má fé(dolo) do Ministério Público contra o PT e seus propostos. Essa mancha indelével tingiu para a sempre a história dessa instituição. Gerações passarão até que seja resgatada a sua credibilidade. 

    Equivalente em vilania é o comportamento de uma mídia partidarizada e irresponsável que trata casos ainda em fase de julgamento,quando não até mesmo de denúncia, como verdades definitivas. Claro que para os aliados políticos e ideológicos o tratamento é o oposto: escondem até quando podem eventuais imputações. O último exemplo é o do José Serra. 

    Quanto a Vaccari, este sempre contará com a presunção da culpa. Alguém observou com que “ligeireza” o Juiz “imparcial” Moro o condenou? Terminada essa Operação lava a Jato talvez só reste ele como condenado e cumprindo pena em regime fechado. Restará a cambada de delatores curtir suas mansões e iates. Para quem não possui senso de moralidade tornozeleira passa a ser um charme. 

    1. Diria mais, JB, a

      Diria mais, JB, a tornozeleria é um triumfo:

      Da torpeza da justiça

      Da seletividade das sentenças

      Da roubalheira institucionalizada

      Da impunidade dos mesmos de sempre

      E mais, devem exibi-la com orgulho!

       

  15. Que situação vivemos, os

    Que situação vivemos, os superpoderes destes picaretasque fazem ação politica a partir do ministerio publico ou do judiciario podem achincalhar a qualquer um por anos e ao fim de tudo isso nada provam e fica por isso mesmo, faz tempo que o direito morreu no Brasil.

  16. ministério público =

    ministério público = gestapo

    vamos acabar com esta “porra” e criar algo que funcione no lugar. Não será permitido o ingresso de concurseiros decorebas.

    idade mínima(45 anos) e tempo de advocacia mínimos(15 anos).

    1. Lá vem de novo…

      O discurso contra o concurso público, sem que se diga como vai ser o provimento do cargo. Eleição? Legal, já imaginaram Jader Barbalho ou Maluf no MP?

      Associar o concurso público ou a pouca idade com a conduta do MP é de uma rasura de pensamento fora do comum. Nenhum dos membros da “República de Curitiba” é menininho de 20 e poucos anos, muito menos esse Procurador José Carlos Blat. Aliás, a Juíza que proferiu a sentença é tão concursada quanto eles.

      Se posse sem concurso e idade acima de 45 fossem garantia de alguma coisa, Gilmar Mendes seria um exemplo de conduta reta e acerto moral…

      1. Pois é…

        Trabalho a anos numa estatal e te digo:

        Depois da instituição da obrigatoriedade do “concurso público”  para ingresso em cargos público (na CF de 1988), o que tenho visto é muita gente entrando por ser bom em decorar para “passar” nos tais concursos, mas que na hora do “vamos ver”, no dia a dia, não tem a mínima intimidade com o trabalho.

        Em sua maioria, são bons para “passar” nos concursos mas péssimos profissionalmente (claro que há excessões).

  17. Morto tem muito a aprender com Carmen

    “Ocorre que o Direito Penal não se compraz com conjecturas ou suposições, mas tem por princípio a legalidade estrita, não sendo assim possível admitir que ilações ou estimativas se sobreponham à prova dos autos”, afirmou.

    Sérgi moro deverioa estudar direito com esta Juíza. Parabéns Dra. Carmen.

  18. Vaccari é só mais um dos presos políticos dessa ditadura.

    Prezados,

    Como era de se esperar, a acusação contra João Vaccari Neto foi manchete, mas sua absolvição sequer foi citada nos principais veículos do PIG/PPV. Vaccari teve assassinada sua reputação; e quem vai pagar pelas falsas acusações a ele imputadas e pelo assassinato de sua reputação. O caso da Escola Base me veio logo à mente. Vale dizer que João Vaccari, assim como José Dirceu são presos políticos; nenhuma das condenações que sofreram foi baseada em provas, as quais JAMAIS foram apresentadas.

    1. As provas… ora, as provas….

      As provas, para o preclaro MP, são as manchetes dos jornais produzidas conforme os seus interesses comerciais e políticos. A partir das publicações das manchetes dos panfletos partidários, o MP inicia investigação. Enquanto faz as supostas diligências de supostas investigações, vaza elementos pontuais meticulosamente selecionados para atender aos interesses partidários mesquinhos da corporação e de seus comparsas, empresários corruptos controladores de empresas de rádio, TVs e jornais impressos e online. Os comparsas da mídia publicam os vazamentos em sistema de saturação, simultaneamente em todos os veículos durante dias e semanas a fio. Introduz em determinado momento, mais alguma denúncia, que volta aos comparsas do MP par geração de novos supostos inqueritos, novas supostas diligências, novas investigações e novos vazamentos. Tudo pago com o nosso dinheiro dos impostoa pagos para financiar os SERVIÇOS PÚBLICOS que são sistematicamente desviados em prol de interesses privados. Uma dúvida. O que é mesmo que o MP diz que combate? A corruppão? O que é desviar recursos públicos para atender interesse privados? Não seria CORRUPI$$$ÃO?

    1. Quanto a juizes…..

      Quanto a juizes já há um conjunto robusto de evidências para concluir em “cognição sumária” que, como diria o Mino Carta, “…é tudo a mesma SOPA!!”

  19. Meios de manipulação

    Há de se enquadrar a veja, a globo, a folha como Organizações Criminosas. Essas são mesmo! Isso não “convicção”! Existem provas, essa sentença é uma dessas provas.

    1. Vou ter contar algo que

      Vou ter contar algo que muitos leram e poucos sabem.

      Dias antes de Vaccari ser levado numa coercitiva, teve uma notinha lançada online pelo grupo, este mesmo. Não me lembro quem era o jornalista, aliás nem vi se tinha o nome.

      Mas, dizia assim, (em síntese – não básica):

      Vaccari não compareceu em audiencia marcada no caso bancoop

  20. Uma juíza sem ”atuais”

    Uma juíza sem ”atuais” convicções.

    Sem prêmio, sem holofotes, sem fãs, sem biografia…

    Enfim, uma juíza com juízo.

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