Promotores intervirem na eleição compromete a imagem do Ministério Público, diz memorando

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – A suspeita de que promotores e procuradores da República apresentam denúncias contra candidatos, no meio do processo eleitoral, apenas para “ganhar holofotes” e influenciar a opinião pública mancha a imagem do Ministério Público e, por isso, uma investigação deve ser feita sobre os procedimentos adotados em ações contra Fernando Haddad, Geraldo Alckmin e Beto Richa. É o que afirma Luiz Fernando Bandeira de Mello Filho, em memorando à Corregedoria do Conselhor Nacional do Ministério Público, divulgado pela imprensa nesta quarta (12).
 
O conselheiro propôs à Corregedoria uma investigar sobre a “cronologia dos procedimentos preparatórios de tais ações (e se houve coincidência proposital com o calendário das eleições) e não o mérito das acusações contra os candidatos, já que essa análise é de competência exclusiva do Poder Judiciário e encontra-se protegida pelo Enunciado nº 6 deste CNMP.”
 
Segundo Mello Filho, é “evidente que um promotor não pode deixar de ajuizar uma ação
cujos procedimentos preparatórios foram concluídos, por acaso, à época da eleição”. Mas se o dizer de maneira atropelado ou a partir da reativação de um inquérito que “dormiu por meses”, “apenas com o objetivo de ganhar os holofotes durante o período eleitoral”, a atitude deve ser condenada, pois é a imagem do MP como instituição que está em xeque.
 
“(…) essa verificação da Corregedoria Nacional confirmará minha percepção de que tais procedimentos refletirão a conduta correta, imparcial e não dirigida ao calendário eleitoral dos membros do Ministério Público. Mas entendo que a ausência de uma apuração mínima permitirá que desconfianças maldosas possam fermentar dúvidas quanto à atuação do Ministério Público brasileiro, cuja imagem é nosso dever defender.”
 
No documento, Filho expõe “preocupação surgida de recentes fatos envolvendo o Ministério Público brasileiro e o regular andamento das eleições gerais de outubro de 2018”. Ele menciona precisamente os casos de Haddad, Alckmin e Richa, que estão sendo denunciados somente agora, em meio à eleição, por fatos que ocorreram a 4 ou 6 anos atrás.
 
O presidenciável do PT já foi representada pelo Ministério Público de São Paulo em 3 frentes distintas (ação eleitoral, cível e penal) com base na mesma causa: uma delação da UTC sobre eventos de 2012. O jornalista Kennedy Alencar até ironizou a investida dos promotores, indicando que só falta Haddad ser denunciado “na Vara da Família”.
 
Alckmin, candidato do PSDB à Presidência, também teve uma delação da Odebrecht reciclada para ser denunciado por improbidade administrativa. Os fatos remontam à campanha de 2014.
 
Já Beto Richa, candidato ao Senado pelo Paraná – e segundo colocado nas pesquisas – foi preso na terça (11) por uma operação do Ministério Público estadual. Mas a força-tarefa da Lava Jato também colocou uma mega operação nas ruas que atinge o ex-governador e seus aliados, também por fatos relativos à campanha eleitoral de 2014.
 
“Considerando o tempo decorrido entre a suposta prática dos atos delituosos e a propositura das ações, e particularmente a coincidência de tal propositura com o processo eleitoral, solicito a V.Exa. que a Corregedoria Nacional verifique cada um desses casos, examinando os atos que foram praticados nos procedimentos preparatórios ou inquéritos nos últimos 24 meses para saber se ocorreram atos tendentes a acelerar ou retardar as investigações a fim de produzir tal
coincidência temporal e consequente eventual impacto nas eleições”, solicitou Mello Filho.
 
A defesa de Haddad e Alckmin já haviam indicado à imprensa que estudam denunciar no Conselho Nacional do Ministério Público os promotores envolvidos nos casos. O PT, particularmente, chegou a tratar as ações contra Haddad como uma espécie de operação boca-de-urna.
 
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

9 Comentários

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  1. Compromete que imagem? todo

    Compromete que imagem? todo mundo tem clareza da real imagem do mp depois de DD, Janot e dodge. Esta preocupação é puro cinismo e demagogia. Os excessos já foram escancarados e só pra ficar num exemplo, daquela do jano que quando viu a chapa esquentar pro seu lado no caso da jbs, tratou de fazer aquilo que todo mundo do golpe faz que é tirar o foco de si , inventando duas dunúncias vazias contra o Lula.

  2. Fogo amigo 2

    Ih! Acho que isso não vai dar em nada. Afinal, mexeu com Tucano mexeu com o judiciário! Quando surge a notícia que um Tucano foi preso e/ou investigado, o patrulhamento corporativista entra em cena para ativar o fogo amigo contra os audaciosos, que se insurgiram contra a tradição atucanada da justiça. 

  3. Três tucanos. Para poderem
    Três tucanos. Para poderem dizer que não estão preocupados com abusos apenas contra tucanos, colocaram o tucano ptista nessa. É preciso mostrar um pouquinho de imparcialidade, claro.

  4. Sobre mexer com tucanos

    Vamos lembrar de uma coisa: o tucano paranaense só foi incomodado pra abrir espaço pro parceiro comercial da primeira-dama da Lava-Jato.

    O resto dos tucanos incomodados tem a relevância zero.

  5. O Alckmin, o Richa e o Flávio Arns salvaram o Haddad

    O Beto Richa foi preso com vinte anos de atraso. O Haddad teve sorte. levante as mãos para o céu e agradeça ao Flávio Arns.

  6. DESCOBRIRAM ISTO SOMENTE AGORA?

    São 40 anos de Redemocracia, a Esquerdopatia a partir de SP, com estes ‘Honestos’ fazendo Carreira Política sem precisar fazer absolutamente nada. Bastava dar prosseguimento ao Ministério Público extorquindo, chantagenado e ameçando a Paulo Maluf. PT e PSDB se enraizaram e progrediram a partir de uma única estratégia. Agora estão incomodados com MP? Só agora que acham que o MP interfere nos resultados políticos? É para levar isto a sério? Ah! Mas Maluf era Corrupto !! Entendi. Como entendo estes 40 anos Redemocráticos e sua Lisura Política. O Brasil é de muito fácil explicação. (P.S. Só para lembrar a respeito dos “Santos” que gravitaram na Política nestas 4 décadas. ARNS é a Família Beatificada dentro da Igreja Católica, de Zilda e D. Paulo Evaristo. Realmente a fruta nunca cai longe do Pé. “Conheceis a Verdade. E a Verdade Vos Libertará). 

  7. Interferência

    A maior interferência nas eleições foi feita pela justiça federal de Curitiba, pelo tse, pelo stj e pelo stf. Então, qual a surpresa quando um mero promotor ou procurador interfere, se o exemplo vem de cima?

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