Cunhada de Vaccari entrega documentos que explicam dinheiro recebido do PT

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Marice Corrêa, cunhada do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, apresentou esta semana à Justiça Federal dois documentos que comprovariam a origem dos R$ 240 mil que entraram em sua conta, em 2011, e foram usados na compra de um apartamento, no litoral paulista. Segundo Marice, o dinheiro é fruto de uma indenização paga pelo partido por seu nome ter sido associado ao escândalo do Mensalão, de 2005. As autoridades da Operação Lava Jato, entretanto, suspeitam que a operação de compra e venda do imóvel é lavagem de dinheiro.

Para o Ministério Público, Marice ajudou a ocultar o patrimônio de Vaccari. O caso extrapolaria os limites da Lava Jato (que investiga os crimes ocorridos na Petrobras entre 2004 e 2014) ao se relacionar com outro escândalo que orbita membros do PT, o caso Bancoop, em que o ex-tesoureiro é réu num rombo de R$ 100 milhões.

Um dos documentos, divulgado pelo Estadão nesta quinta-feira (7), é a cópia de um “Termo de Acordo Indenizatório”, assinado por Marice e pelo advogado e ex-deputado federal do PT Luiz Eduardo Greenhalgh, em fevereiro de 2011. O ofício relata o acordo para pagamento de R$ 240 mil à Marice “a título de indenização por danos morais e materiais e pela ruptura do contrato trabalhista e de prestação de serviços”.

“Os repasses deveriam ser feitos na conta bancária de Marice em uma parcela inicial de R$ 40 mil, a ser paga pelo escritório de Greenhalgh, e outras dez parcelas mensais de R$ 20 mil depositadas na última semana de cada mês na conta da cunhada de Vaccari”, explicou o jornal, que destacou que o documento não tem “qualquer registro formal ou timbre”. Um dos itens estabelece a renúncia de ambas as partes em levar qualquer temos do acordo à Justiça.

A cunhada de Vaccari declarou em seu Imposto de Renda que os R$ 240 mil tinham como origem “rendimento não tributável no item indenizações por rescisão de contrato de trabalho, PDV, acidente de trabalho ou FGTS”. Depois, a Caixa Econômica Federal mostrou que Marice “adquiriu dois contratos de empréstimo junto à instituição financeira, não mencionando nenhuma movimentação financeira na conta de FGTS” vinculada a ela.

Marice foi presa preventinamente pela Polícia Federal por alguns dias, ocasião em que foi questionada sobre “as aparentes contradições identificadas pela Receita Federal e confirmou que o dinheiro tinha como origem um acordo extraoficial com o PT, intermediado por Greenhalgh”. Ela, então, se comprometeu a entregar os documentos para comprovar o acordo verbal com o partido.

O segundo documento apresentado por Marice é assinado por Vaccari, então tesoureiro, em papel timbrado do PT. Nele, Vaccari disse que estava sendo insistentemente procurado por Marice e pediu que o acerto fosse feito, para evitar que o caso relacionado ao Mensalão causasse mais danos ao PT na Justiça ou no atrapalhasse o desempenho da legenda no processo eleitoral.

“Me parece que o mais aconselhável é pedir a sua intervenção no caso, como advogado, para iniciar diálogo e chegar a um acordo, a fim de se evitar qualquer tipo de ação reparatória, de natureza civil ou trabalhista, contra o Partido, especialmente que reflita no processo eleitoral”, registra a carta.

“O documento, apesar de estar em papel timbrado comum do PT, não tem registro interno do partido com numeração, nem validação formal em cartório. Nele, Vaccari explica que a ex-funcionária trabalhou na coordenação administrativa do PT entre fevereiro de 2003 e dezembro de 2005”, pontuou o Estadão.

Investigação

Além da origem do dinheiro, a venda do apartamento também é investigada. Isso porque o imóvel declarado por R$ 220 mil foi vendido por Marice, um ano depois, à OAS, por R$ 432 mil. A empresa é uma das acusadas de cartel e corrupção na Petrobras. Em 2014, o imóvel foi vendido por R$ 337 mil. Marice nega irregularidades na transação e sustenta que seu patrimônio é legal. Greenhalgh não tem se pronunciado sobre o caso. O PT também não se pronunciou oficialmente sobre o pagamento à Marice.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

8 Comentários

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  1. Apartamento mais barato

    Podia ter sido assessorada pelo Juiz Barbosa, que comprou por 10 dólares um apartamento em Miami. E ninguém perguntou nada nem achou suspeito.

    1. O aparatamento de U$ 10 não

      O aparatamento de U$ 10 não vem ao caso. Esse caso da cunhada do Vaccari precisa ser exclarecido com urgência e lisura, caso contrário será uma mancha que será sempre jogada na cara de quem milita na esquerda. Falou um militante de esquerda preocupado.

      1. Me desculpe,

        mas acho que vem ao caso sim. É que, quando o negócio suspeito é de um membro ou lacaio da direita, nunca levanta suspeita, muito menos é investigado. Ao revés, qualquer negócio que envolva alguém ligado ao PT logo é tratado, principalmente no imprensalão canalha e golpista, como ilegal. E olha que há mais de 500 anos a malta direitista rouba tudo do pobre povo brasileiro, inclusive a liberdade e a consciência, e ainda pousa de vestal.

      2. Tucanês. Militante de

        Tucanês. Militante de esquerda que se preza não apenas defende os companheiros por mais errado que seja, com certeza não foram esses que inventaram a roubalheira e nem roubaram, quando for o caso, nem 0,0001% de tudo que os outros já  afanaram

      3. Como assim “não vem ao

        Como assim “não vem ao caso”???

        Vem MUITO ao caso o apartamento em Miami comprado por quem deveria dar exemplo de honestidade (ao menos foi o que pregou no julgamento do mensalão) e transparência!!

        Deve-se SIM tomar o exemplo de Joaquim Barbosa como prova da hipocrisia de um país que se sabe que o valor registrado de compra de imoveis e na declaração de renda RARAMENTE coincide com o valor real e efetivo da transação!

         

  2. Tava sobrando dinheiro?

    Parece que estava sobrando dinheiro no Partido dos Trabalhadores.Quem é que no Brasil recebe indenização de danos morais (falta demonstrar os materiais) no valor de 240 mil reais?

  3. Mais uma cagada morosa…  ou

    Mais uma cagada morosa…  ou eh moronica?

    LEMBRETE DISCRETISSIMO AO EDU:

    Vai em frente, cara!  Em qualquer pais do mundo, juiz tem vergonha na cara exceto no Brasil.  Assinado, Ivan Moraes.

    Alem disso, juiz brasileiro eh puta.  Assinado, Ivan Moraes.

  4. “imóvel declarado por R$ 220

    “imóvel declarado por R$ 220 mil foi vendido por Marice, um ano depois, à OAS, por R$ 432 mil. A empresa é uma das acusadas de cartel e corrupção na Petrobras. Em 2014, o imóvel foi vendido por R$ 337 mil”:

    Vendido por esse preco PRA QUEM?

    Eu tou falando que tem tucano escondido nessa historia e nao vou sair disso por enquanto, vou?

    Tambem tou falando que quem participou de corrupcao nesse caso especifico foi a OAS e nao ela.  Nao, por enquanto nao vou sair disso nao:  eu so sigo o dinheiro.  Eh que eu sou cidadao norte americano -sabem como eh.

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