Delcídio quer que procurador que pediu absolvição de Lula seja investigado

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: EBC
 
 
Jornal GGN – Em mais de 200 páginas de alegações finais, o ex-senador Delcídio do Amaral reafirmou à Justiça de Brasília que “Lula foi o único mentor” do plano para comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró. Ele também exigiu uma investigação contra o procurador da República Ivan Cláudio Marx, que defendeu a absolvição de Lula alegando que apenas o senador cassado tinha interesse em evitar uma delação de Cerveró.
 
Além disso, Delcídio afirmou que o grampo que gerou sua prisão, em 2015, deve ser anulado porque foi orquestrado pelo procurador Marcelo Miller – hoje investigado por causa da JBS.
 
As alegações finais de Delcídio encerram o processo em que ele, Lula e outros réus são acusados de criar um plano para obstruir a Lava Jato. Mas, no decorrer do julgamento, o procurador Ivan Marx admitiu que não há provas da participação do ex-presidente no esquema. Mais do que isso: o membro do Ministério Público Federal criticou a Procuradoria da República por ter aceitado as declarações de Delcídio, que não foram corroboradas com provas materiais.
 
O senador cassado foi preso em novembro de 2015 e fechou um acordo de delação em fevereiro de 2016, quando foi solto. Ele denunciou Lula e a cúpula do governo Dilma, ajudando a criar a atmosfera perfeita para a votação do impeachment na Câmara. 
 
Delcídio foi flagrado oferecendo uma rota de fuga para Cerveró e afirmando que poderia interferir no Supremo Tribunal Federal para conseguir um habeas corpus. Em seus depoimentos, Cerveró deixou claro que convivia com Delcídio desde os anos FHC, quando ambos detinham cargos na Petrobras e começaram a receber propina de multinacionais interessadas em atuar no Brasil à época do apagão.
 
O ex-petista pediu que a gravação comprometedora seja anulada, assim como todas as provas derivadas dela e, consequentemente, que a ação toda seja extinta. Isso porque, segundo Delcídio, o filho de Cerveró, Bernardo, foi orientado por Marcelo Miller para fazer o grampo irregular, sem autorização do Supremo. A defesa alegou “absoluta ausência de prova idônea que justifique a condenação” de Delcídio.
 
“As escutas ambientais se tornaram o instrumento predileto das investigações conduzidas pelo ex-procurador Marcelo Miller, agiu assim no caso em exame, na colaboração de Sérgio Machado, e repetiu a estratégia no caso JBS, onde foi desmascarado pela própria Procuradoria-Geral”, assinala a defesa de Delcídio. “Assim, desprezou a determinação da Constituição da República invadindo a privacidade de um senador da República sem autorização do Supremo Tribunal Federal dando ensejo às mais variadas práticas criminosas, como a absurda interceptação criminosa ambiental da Presidência da República.”
 
Ainda insistindo na tese de que Lula é o único culpado, Delcídio usou como “provas” a condenação do ex-presidente no caso triplex, numa tentativa de cravar que o petista teve “íntimo envolvimento” em um esquema maior de corrupção, que não deveria ter sido ignorado pelo procurador Ivan Marx. 
 
Delcídio pediu “a remessa do caso ao Conselho Nacional do Ministério Público ‘para apuração de eventual conduta irregular’ do procurador”, forçando a ideia de que Ivan Marx ignorou provas de culpa de Lula. As provas citadas pelo ex-senador são agendas, comprovantes de vôos que ele tomou para se encontrar com o ex-presidente em São Paulo.
 
“Estranhamente, nada disso foi considerado pelo sr. Ivan Marx. Este se preocupou, ignorando a prova dos autos, em desviar o foco de Luiz Inácio Lula da Silva e substituir o chefe desta operação de obstrução e, por consequência, a liderança da organização criminosa por Delcídio do Amaral Gomez.”
 
As alegações finais estão em anexo.
 
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

3 Comentários

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  1. Prezado Senador ,

    V. Excia. está se esquecendo que não é mais do PSDB ? V. Excia mudou para o PT. Agora guenta, prá ver como é “bão prá tosse”.

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