Delegados acusados de corrupção na Previdência foram soltos

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – Os três delegados da Polícia Federal acusados de receber até R$ 800 mil para evitar investigações de fraudes contra a Previdência Social, em São Paulo, foram soltos na noite desta quarta-feira (20). De acordo com o advogado de um dos acusados, Ulisses Vieira Mendes, a juíza entendeu que seu cliente não oferecia nenhuma ameaça de obstrução ao inquérito instaurado ou risco à sociedade.
 
Os três delegados foram acusados de transformar “a Delegacia de Combate a Crimes Previdenciários (Deleprev) em um balcão de negócios e de impunidade”, pelo Ministério Público Federal. A juíza Ana Clara de Paula Oliveira Passos, da da 9ª Vara Federal Criminal de São Paulo, considerou as prisões desnecessárias. 
 
De acordo com a Procuradoria da República, os policiais cobravam até R$ 800 mil, entre 2010 e 2015, para barrar uma Operação da PF contra fraudadores da Previdência. Um alvo da Deleprev teria feito pagamentos irregulares para evitar as investigações.
 
Foram presos, no último dia 14, pela Operação deflagrada pela PGR os delegados Ulisses Francisco Vieira Mendes, ex-chefe da Deleprev agora aposentado, Rodrigo Cláudio de Gouvea Leão e Carlos Bastos Valbão. “Pesam contra eles várias provas de sua participação, inclusive obtidas com interceptação ambiental e ações realizadas em seus gabinetes com autorização judicial”, disse o MPF.
 
Segundo os procuradores, “os investigados transformaram a Deleprev, que deveria atuar na apuração de delitos previdenciários – que tanto sangram os cofres da União – num balcão de negócios e de impunidade”. Mas, de acordo com a juíza de São Paulo, “os requisitos para a prisão preventiva não foram preenchidos”. 
 
Isso porque, de acordo com a defesa, a Operação quebrou o sigilo telefônico de Ulisses e não foi identificada nenhuma vinculação dele com irregularidades. “Ele foi alvo da Operação porque foi chefe da Deleprev, só por conta disso”, disse o advogado. “Além disso, ele não representava nenhum risco para a instrução processual, até porque está aposentado. Ele foi incluído na Operação exclusivamente porque era o chefe da Deleprev na Operação Trânsito”, respondeu.
 
Além do MPF, fez parte dessa investigação o setor de contra-inteligência da Polícia Federal. Na última semana, os investigadores também cumpriram 10 mandados de prisão preventiva, com relação a seis intermediários do esquema e quatro investigados que supostamente pagaram propina aos policiais.
 
Segundo a apuração, Marivaldo Bispo dos Reis, o Miro, teria pago entre R$ 500 mil a 800 mil aos delegados que investigavam fraudes em dezenas de agências do INSS em São Paulo. Miro é dono de uma consultoria previdenciária. Além dele, outras quatro pessoas ligadas foram alvo de condução coercitiva.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

7 Comentários

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  1. Os meliantes são delegados,

    Os meliantes são delegados, dispões de um poder de coação e intimidação como poucos cidadãos neste país, mas quem fica detido preventivamente é Zé Dirceu e Vaccari né não Meretríssima?

  2. Reportagem incompleta, muito vaga.

    Prezados,

    A reportagem começa afirmando que os três delegados acusados de corrupção da Deleprev foram libertados; mas no desenvolvimento da matéria apenas sobre um deles, Ulisses Francisco Vieira Mendes, são dadas informações explicando as razões que levaram a juíza a determinar  soltura: o de que pelo fato de estar aposentado, Ulisses não ofereceria risco à continuidade das investigações. E sobre a libertação dos outros dois delegados, Rodrigo Cláudio de Gouveia Leão e Carlos Bastos Valbão, quais as razões que levaram a magistrada a determinar a libertação deles?

    No mesmo dia em que os delegados tinham sido presos, eu comentei que se tratava apenas da ‘ponta do iceberg’. Se puxassem o fio da meada outras quadrilhas e facções dentro da PF seriam desmascaradas. No comentário eu disse também que a PF poderia dar o troco e desmascarar quadrilhas envolvendo procuradores do MP e juízes. O que percebo e presumo a partir desta reportagem vaga e incompleta é que a PF reagiu fazendo ameaças de retaliação. É fato que a PF anda arapongando milhões de brasileiros; portanto é muito provável que essa polícia disponha de farto material explosivo, bombástico, capaz de liquidar carreiras de procuradores e juízes, vaidosos e hipócritas. Ou seja, não foi preciso a PF desmascarar uma quadrilha de que participam procuradores do MP e juízes; bastou que fizesse ameaça de retaliação, para que os delegados acusados de corrupção fossem prontamente libertados.

    Como diz e escreve o PHA: essas quadrilhas institucionais pensam que o povo não está percebendo essas coisas.

     

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