Delegados afirmam que Estado não deve ser culpado pela morte do reitor

Foto: Divulgação/UFSC
Jornal GGN – A ADPF (Associação dos Delegados de Polícia Federal) emitiu uma nota pública em defesa da delegada Erika Marena, responsável pela Operação Ouvidos Moucos, que levou ao suicídio o então reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Luis Carlos Cancellier.
A nota diz que a Marena não cometeu nenhum erros na investigação. Ao contrário disso, a ADPF reafirmou as suspeitas de que Cancellier teria atuado para obstruir a Justiça e manter um suposto esquema de corrupção na universidade.
Na visão da ADPF, tampouco houve abuso de autoridade, pois “a atuação da Polícia Federal foi absolutamente regular e devidamente autorizada pelo Judiciário. Também o foram os procedimentos de deflagração, de comunicação social e de recolhimento dos presos, que seguiram os mesmos procedimentos técnicos de todas as operações da PF.”
“Lamenta-se profundamente a morte do investigado e são compreensíveis os questionamentos da família, ante um acontecimento tão doloroso para si, porém não há erros que possam imputar ao Estado responsabilidades pelo suicídio do reitor”, diz a instituição.
A nota ainda afirma que a imprensa que critica a atuação de Marena está servindo a “setores alcançados pelas investigações”.
No final, a ADPF diz que “ao tempo em que apoia o trabalho técnico e republicano da Dra Érika Marena, reafirma a luta e conta com o apoio da sociedade para que, em vez de obstáculos indevidos aos atores da persecução criminal, sejam criados mais mecanismos que fortaleçam a prevenção e repressão da corrupção”.
Leia a nota completa abaixo.
Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal – ADPF vem a público repudiar as manifestações que objetivam manchar a imagem da Polícia Federal e da Delegada Erika Mialik Marena em relação à Operação Policial Ouvidos Moucos.
A Operação Ouvidos Moucos foi lastreada em farto material produzido pela Controladoria Geral da União – CGU, que demonstrava irregularidades na aplicação de recursos públicos em projetos de ensino à distância na Universidade Federal de Santa Catarina-UFSC. Durante a primeira fase da investigação, professores da UFSC prestaram depoimentos sobre a existência de pressões do reitor para manter o quadro de irregularidades. Tais testemunhos foram fortalecidos pela comprovação documental de que o mandatário da Universidade procurou interferir na atuação da própria Corregedoria da Universidade, que conduzia investigação preliminar sobre o caso.
Diante desse quadro, a Dra. Erika Marena, presidente da investigação, no cumprimento regular de suas atribuições, representou perante o Judiciário, numa peça de 126 páginas, pelas medidas cabíveis, dentre elas a prisão temporária de seis investigados, incluindo a do reitor, para que as investigações pudessem avançar sem interferências e destruição de provas. Tais pedidos foram corroborados fundamentadamente pelo Ministério Público e deferidos pelo Judiciário. Como se vê, a atuação da Polícia Federal foi absolutamente regular e devidamente autorizada pelo Judiciário. Também o foram os procedimentos de deflagração, de comunicação social e de recolhimento dos presos, que seguiram os mesmos procedimentos técnicos de todas as operações da PF.
Lamenta-se profundamente a morte do investigado e são compreensíveis os questionamentos da família, ante um acontecimento tão doloroso para si, porém não há erros que possam imputar ao Estado responsabilidades pelo suicídio do reitor. Logo, não se pode admitir que terceiros se utilizem da dor e comoção da família para tentar macular a imagem da Polícia Federal, mormente quando não se observa o mesmo empenho em questionar a forma como eram geridos aqueles recursos públicos.
Infelizmente, é possível que setores alcançados pelas investigações empreendidas pela Polícia Federal nos últimos anos estejam capitaneando um movimento para induzir a imprensa e a sociedade ao erro de apoiar medidas que criminalizem e dificultem a atuação dos atores da persecução penal, como os chamados crimes de hermenêutica, em que, por exemplo, um delegado, promotor, procurador ou juiz poderia ser preso por atuação lastreada na sua convicção jurídica devidamente fundamentada.
Hoje, 09 de dezembro, é dia internacional contra a corrupção. Assim, a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal, representante de um dos protagonistas na atuação contra a corrupção, ao tempo em que apoia o trabalho técnico e republicano da Dra Érika Marena, reafirma a luta e conta com o apoio da sociedade para que, em vez de obstáculos indevidos aos atores da persecução criminal, sejam criados mais mecanismos que fortaleçam a prevenção e repressão da corrupção, dos desvios ao recurso público e da criminalidade organizada e que garantam à Polícia Federal a continuidade da prestação do serviço relevante que tanto orgulha a sociedade brasileira.
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

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  • PF

    Além de covardes são mentirosos!!!!!!

    Apresentaram alguma prova? 

    Testemunhos de quem ? Do imbecil que delatou o reitor?

    Se o que dizem fosse verdade já teriam vazado as provas a muito tempo como de hábito e a delegada não teria saido de SC para Se em uma "promoção".

     

  • Delegados afirmam que Estado não deve ser culpado pela morte do

    Uma pergunta:

    - Por que a PF não chamou o Reitor para se manifestar ?

    Ouviram só os acusadores.

    O outro lado "não vem ao caso" ?

    Destruição de provas ?

    E a possibilidade de "plantar" provas por parte dos acusadores ?

  • CANALHAS E COVARDES

    CANALHAS E COVARDES

    Puseram todo o poder do Estado Fascista para esmagar e assassinar um cidadão, o Reitor Luis Carlos Cancellier, levando-o, pela tortura e humilhação pública e privada, a se tornar instrumento deles, para tirar a própria vida. Agora, não satisfeitos, querem isolar a família do Reitor para também esmagá-la com o PF do Estado, o Poder Fascista do Estado, usando argumento dos gorilas da ditadura, que não cabe a terceiros se solidarizar e lutar contra o sofrimento e o homicídio que causaram.

    Canalhas e covardes na sua cumplicidade fascista, querem, com seu argumento gorilesco, impedir que se tenha e se exerça a SOLIDARIEDADE para com as vítimas do Estado PF - o Estado Policial Fascista. Não conseguirão e terão que responder por seus crimes covardes e canalhas.

  • É sempre mais do mesmo: o uso
    É sempre mais do mesmo: o uso de informações sobre as quais eles não apresentam uma prova sequer e a omissão proposital de dados essenciais a quem quer entender o caso.

    Omitem a desastrosa atuação do corregedor da CGU, o clima de terror e autoritarismo vigente na UFSC, omitem a inimizade do mesmo com o reitor, omitem a "revista anal", omitem a sua necessidade, omitem porque as investigações "exigiam" a prisão naqueles moldes de espetáculo dantesco, omitem porque a necessidade de CENTO E VINTE POLICIAIS vindos de todas as partes do Brasil, omitem que, na verdade, o reitor Cancellier se colocara totalmente à disposição das autoridades, fato confirmado por inúmeras testemunhas. Omitem, por fim, uma verdade óbvia: que procuradores e juízes tanto podem ser manipulados pelas informações distorcidas de delegados da polícia federal afeitos a um "bom espetáculo" e aos holofotes da mídia. Ou, como parece ser o caso, serem literalmente cooptados, todos desejosos de sua "casquinha de fama" na Globo.

    A nota é um escárnio, como diz um articulista do blog, é "tautista do início ao fim", reinventa a realidade, cria uma ficção para justificar o injustificável. É como se o mundo existisse a partir da Polícia Federal, como se o país tivesse que se curvar aos seus objetivos, métodos e essa "fé em si mesma" em vez de se portarem como o que são: servidores públicos a serviço do Estado, da nação, devendo portanto cumprir com seriedade e dignidade as suas atribuições.

    Erika Marena é responsável direta sim, pela morte do reitor, e quem assina essa nota torna-se seu cúmplice. Em países de cidadãos minimamente conscientes e informados provocaria revolta e indignação.

    No nosso mundo-matrix, é capaz de ser "bem aceita" por muitos.

    Todo repúdio é pouco a essa arrogância e falta de senso crítico dos delegados da polícia federal.

  • PF: polícia fascista

    Condução coercitiva sem nunca o cidadão ter sido intimado a depor; decretação da prisão de um cidadão sem que tenha sido condenado ou sequer sofrido um processo judicial; utilização de 105 policiais federais para prender um reitor e seis professores universitários indefesos; entrevista coletiva mentirosa associando o nome do reitor ao desvio de 80 milhões de reais. Tudo isso com os aplausos frenéticos de uma mídia sequiosa de produzir espetáculos e continuar com a narrativa do "Mar de Lama" que empesteia o Brasil e necessita dos justiceiros da PF, do Judiciário e do MPF para "limpar" essa sujeira toda. Teria sido interessante, em vez de produzir uma nota em defesa da "dra" Érica, que a Gestapo Federal se desse ao trabalho de divulgar o montante de desvio dinheiro havido na UFSC. Fala-se em 500 mil reais, 300 mil, 150 mil, mas, apesar da ação espalhafatosa, até o momento, não vi qualquer autoridade divulgar um balanço sério a respeito dessa investigação que serviu para ceifar  a vida do reitor Cancelier. A propósito, o Helicoca, um helicóptero carregado com 450 kg de pasta base de cocaína, de propriedade do senador Zezé Perrela, amigão de Aécio Neves, há mais de quatro anos,  aguarda investigação dos impolutos agentes públicos instalados na PF, no MPF e no Judiciário. Em tempo 1: por que a PF não se interessou em investigar a corrupção envolvendo a FIFA, CBF e a Globo? Em tempo 2: por que razão, a destemida PF jamais se interessou em investigar a Mossack Fonseca, uma das maiores lavanderias de dinheiro, cujos executivos foram presos na malfadada fase Triplo X da operação "Vaza a Jato". Apenas para constar, os executivos foram presos e, rapidinho, foram soltos porque, certamente, não vinha ao caso investigá-los. 

  • E não satisfeitos em defender

    E não satisfeitos em defender e fazer apologia da Delegada sensação ainda reiteram as acusações irresponsáveis contra o falecido reitor. Em absoluto e agressivo desrespeito a sua memória e a dor da família.

    A meganhagem que se recusa, ao contrário do que manda a lei, a inocentar dona Marisa, agora faz o mesmo com o reitor. Agrediram e humilharam um cidadão levando-o a morte. E insistem em ofender sua memória seus entes queridos e toda a sociedade civiizada brasileira.

    Sua arrogância não se fundamente em força moral, que não possuem, mas na força de pistolas, metralhadoras e fuzis. O colunista do GGN, Armando Coelho conhece bem essa gente. Já traçou o perfil aqui várias vezes. Que Deus nos protega dos delegados da PF 

  • Esperar o que, destes

    Esperar o que, destes fascistas de merda? Assumir que erraram?

    Para isso, deveriam ter o mínimo de grandeza.

  • Trabalho técnico e republicano da Dra Érika Marena?

    Trabalho técnico e republicano agora mudou de nome, esconder (e proteger) os tucanos e seus aliados faz parte deste trabalho técnico e republicano. É o espírito de porco que tomou conta da polícia federal, da  associação dos delegados da polícia federal, do ministério público e judiciário.

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