Donos da Libra contratam ex-procurador como advogado

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
[email protected]

 
Jornal GGN – A investigação que recai contra o presidente Michel Temer no decreto dos Portos ganha um novo capítulo nesta semana: o grupo Libra, apontado como o principal beneficiário da medida de governo no Porto de Santos, contratou um ex-procurador-geral da República como advogado para atuar em negociações com a atual Procuradora-Geral Raquel Dodge.
 
É o segundo episódio que expõe as negociações e articulações dos investigadores da Operação Lava Jato com advogados. Anterior a este, o caso de Marcelo Miller, ex-procurador que atuou na banca de advogados da JBS e fez a ponte para o acordo de delação dos irmãos Batista e do grupo com o Ministério Público Federal (MPF), quando nem sequer havia se desligado oficialmente da Procuradoria, mostrou outras interfaces da Lava Jato.
 
Após o esquema que envolveu Miller e que, uma vez aos holofotes do noticiário, colocou em risco os benefícios da delação de Joesley Batiste e dos demais executivos da J&F, a Folha de S.Paulo traz outra manchete nesta segunda-feira.
 
Se o primeiro delator contra o atual mandatário, Joesley, sofre hoje as consequências de uma articulação envolvendo bancadas de advogados e procuradores da República da força-tarefa da Operação Lava Jato, os próprios investigados também cederam ao jogo. A notícia é que a família Torrealba proprietária do grupo Libra, principal investigado nos ilícitos envolvendo o Porto de Santos e o MDB, contratou Antonio Fernando de Souza.
 
O advogado é ex-procurador-geral da República e ele ficou responsável pela interlocução da empresa da família nas investigações do Ministério Público Federal (MPF).
 
Faltando poucos dias para a apresentação da denúncia ou não pela PGR Raquel Dodge, a contratação do advogado foi a estratégia encontrada pelo grupo Libra, responsável pelo Porto de Santos, de ampla influência do atual mandatário Michel Temer e de seu partido político, para se aproximar de seus acusadores. 
 
Em março deste ano, durante a deflagração da Operação Skala, que prendeu os amigos de Temer, além do coronel João Baptista Lima e do advogado e ex-assessor do emedebista, José Yunes, a Polícia Federal realizou buscas e apreensões, entre elas um contrato da Argeplan, empresa do coronel Lima e também alvo do inquérito, com o grupo Libra.
 
O coronel é apontado de ser o principal elo de propina das arrecadações com Temer. De acordo com reportagem da Folha, a Polícia Federal deve concluir nas próximas semanas o resultado dessa Operação deflagrada em março. A partir daí, caberá à PGR denunciar ou não os alvos, entre eles o presidente Michel Temer.
 
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

2 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Eu sei que aqui ninguém está

    Eu sei que aqui ninguém está muito preocupado com fatos, mas Antônio Fernando de Souza se aposentou em 2009, muitos anos antes da operação Lava jato. Ele não tem qualquer ligação com a operação.

  2. Que “capivara”!

    Esse agora advogado foi o promotor que fez a denúncia do chamado Mensalão petista, que cavou a midiática quantidade de 40 denunciados e os classificou como “quadrilha dos 40”, que não quis nem saber se a Visanet era privada ou não.

    Que mantém relações prá lá de suspeitas com o Daniel Dantas, a quem, a propósito, livrou a cara em diversas ocasiões.

    Tem larga experiência no apoio aos golpistas, portanto…

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador