Justiça começa a investigar corrupção na Petrobras na era FHC

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Apesar de trazer à tona as primeiras informações antes da Lava Jato, a denúncia foi apresentada pelo MPF apenas em dezembro de 2015, enquanto a Vara de Curitiba abriu primeiro os processos
 
Jornal GGN – Um juiz da 3ª Vara Federal do Rio de Janeiro abriu precedente para que a suspeita de corrupção na Petrobras durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) seja investigada. O magistrado Vitor Valpuesta entendeu haver indícios de crimes apontados pelo Ministério Público Federal (MPF) sobre pagamento de propina da empresa holandesa SBM Offshore a funcionários da Petrobras de 1999 a 2012.
 
O caso no Rio começou a ser investigado antes da Operação Lava Jato, que tramita na Vara Federal de Curitiba, mas a denúncia foi feita apenas no mês passado, e tornou-se ação penal no dia 13 de janeiro. Investigará crimes de corrupção ativa, passiva e evasão de divisas pelos ex-funcionários da Petrobras Jorge Zelada, Renato Duque, Pedro Barusco e Paulo Roberto Buarque Carneiro, e os funcionários da SBM no Brasil, Julio Faerman e Luís Eduardo Campos Barbosa.
 
Apesar de integrarem outra ação penal, Julio e Barusco já firmaram acordos de delação premiada no âmbito da Lava Jato e com o Ministério Público do Rio de Janeiro, e por isso poderão ter descontadas as suas penas, se condenados. Pedro Barusco disse ter recebido cerca de US$ 21 milhões de Faerman e Luís Barbosa em contas no exterior.
 
O juiz decidiu, no entanto, desmembrar o processo referente aos sete representantes estrangeiros da SBM que também foram alvos da denúncia. Dois deles, Bruno Chabas e Sietze Hepkema, já manifestaram interesse em um “acordo de transação penal”, em que negociam uma pena de multa ou restrição de direitos e se livram do processo.
 
Já a SBM negocia acordo de leniência com o governo federal e assinou um acordo com o MP da Holanda, admitindo ter pago US$ 139 milhões em propina no Brasil. 
 
Em fevereiro do último ano, Fernando Henrique Cardoso disse que a corrupção da Petrobras começou com o PT. “Trata-se de um processo sistemático que envolve os governos da presidente Dilma (que ademais foi presidente do Conselho de Administração da empresa e ministra de Minas e Energia) e do ex-presidente Lula. Foram eles ou seus representantes na Petrobras que nomearam os diretores da empresa ora acusados de, em conluio com empreiteiras e, no caso do PT, com o tesoureiro do partido, de desviar recursos em benefício próprio ou para cofres partidários”, havia afirmado.
 
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Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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  1. FHC não é o único

    FHC não é o único responsável.

    Gilmar Mendes assinou o decreto que legalizou a corrupção na Petrobras e também tem culpa no cartório.

    É preciso investigar Gilmar Mendes também. 

    1. Acredito se investigarem a

      Acredito se investigarem a era FHC de fato, deve aparecer o Gilmar Mendes levando ” unzinho por fora”.

      Um agrado pelo bons serviços prestados.

  2. Adoxografia

    Há poucos dias me flagrei pensando em medalhas, comendas e certas homenagens que vejo serem prestadas.

    Nunca escondi as minhas dificuldades com coisas desse tipo. Há sete anos cheguei a escrever um pequeno texto sobre esse tema.

    Com pequenas modificações, eu o reescrevi e você pode ler aqui http://www.endodontiaclinica.odo.br/o-homenageado/.  

    Acho pouco provável que alguém pudesse ser mais feliz do que Aristóteles quando diz que “a grandeza não consiste em receber honras, mas em merecê-las”.

    Uma vez ouvi o Prof. Humberto Castro Lima, fundador da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública e homem de grande inteligência e cultura, dizer que já lhe era possível falar certas coisas porque a idade o colocara num patamar em que tudo, ou quase tudo, era permitido.

    Ainda que não seja uma regra para todos, há sim um respeito que se adquire com a chegada da neve que tinge os nossos cabelos.

    Entretanto, mesmo considerando-se a nenhuma convivência e as poucas vezes em que o vi falar, além dos cabelos brancos, certamente o Prof. Castro Lima conquistou o direito de dizer quase tudo que lhe viesse à mente por outras razões e a sua trajetória está aí para confirmar.

    Nos seus brilhantes discursos gostava de citar o “Elogio da Loucura”, livro de Erasmo de Rotterdam.

    Enaltecendo o poder da retórica, a obra de Rotterdam se tornou um clássico da literatura universal e como tal exerceu grande influência, como por exemplo na arte da adoxografia.

    Fernando Henrique Cardoso é a prova viva de que os cabelos brancos não permitem tudo.

    Diria mais.

    Fernando Henrique Cardoso é a negação da respeitabilidade que os cabelos brancos costumam trazer.

    Há cerca de 10 dias, o jornalista e escritor Laurez Cerqueira escreveu um artigo cujo título era “Fernando Henrique carrega um general golpista dentro dele” (http://laurezcerqueira.com.br/488/florestan-fernandes-entrou-para-a-historia-pela-porta-da-frente-fernando-henrique-pela-porta-dos-fundos.html).

    Transcrevo um trecho:

    “No discurso de despedida de Fernando Henrique Cardoso, do Congresso Nacional, antes da posse para o exercício do seu primeiro mandato, estava no meio dos parlamentares, elegantemente vestido, sentado na cadeira de sempre, como um aluno disciplinado, já bastante debilitado pela doença hepática, segurando uma bengalinha, o Professor Florestan Fernandes, reeleito por São Paulo.

    Fernando Henrique o viu no plenário. Pediu licença ao senador Humberto Lucena, que presidia a sessão, disse que quebraria o protocolo para cumprimentar uma pessoa.

    Desceu os degraus do alto da Mesa, embrenhou-se entre os parlamentares que o assediavam calorosamente, postou-se frente ao mestre e o abraçou. Florestan desejou-lhe boa sorte e êxito no governo.

    No final daquele momento, como que movido por um lampejo de confiança no ex-aluno, Florestan disse a Fernando Henrique: “Veja bem, Fernando: não crio gatos. Crio tigres”.

    Disse isso sob forte emoção, certamente lembrando-se de que ele teria sido um dos professores mais influentes na formação acadêmica dele…

    … Florestan teve uma conversa impactante com ele, falou sobre a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, sobre o curso de sociologia, e da importância de se formar sociólogos nas nossas universidades para ajudar nos estudos, nas pesquisas, sobretudo no desenvolvimento do pensamento e na interpretação do Brasil pelos próprios brasileiros.

    Foi com base nessa conversa que Fernando Henrique decidiu fazer o exame para cursar sociologia na USP. Florestan foi professor dele, orientador no mestrado e no doutorado.

    Ficaram tão amigos que Fernando Henrique mudou-se para a mesma rua que morava o mestre para conviver, frequentar a biblioteca e ouvi-lo mais. Florestan o tinha em alta consideração fraterna e intelectual.

    Aquele momento de despedida de Fernando Henrique  foi marcante para Florestan, mais marcante ainda a decepção com o rumo dado por ele ao governo, que apenas se somou a outras decepções políticas acumuladas ao longo da carreira do ex-aluno presidente. Mas nada disso abalou a relação pessoal e o respeito que tinham um pelo outro.

    Em 1996, Fernando Henrique havia dado um golpe na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) que estava sendo debatida na Câmara, sob a coordenação do então deputado Florestan Fernandes, com apoio do Fórum Nacional de Educação.

    Numa articulação comandada pelo seu vice-presidente Marco Maciel, ele aprovou no Senado o projeto de lei do governo tornando regimentalmente prejudicado o projeto de LDB da Câmara, que acabou sendo arquivado.

    Esse fato deixou Florestan indignado e decepcionado, por ter sido colocado por terra anos de debate e de construção democrática, com a participação da sociedade, de uma proposta de educação que provocaria uma transformação profunda no país.

    Dias depois, numa conversa sobre o golpe da LDB, ele sentado, tirou os óculos de hastes e lentes grossas, colocou-os sobre a mesa, passou os dedos nas sobrancelhas de fios compridos, e disse, referindo-se a Fernando Henrique, com todo o cuidado que tinha no trato com as pessoas: “É… Fernando está ficando politicamente irreconhecível”.

    Não sei quantos sabem que FHC é filho de general, o que não quer dizer nada e que também nada tem a ver com o título do artigo de Cerqueira.

    O título se reporta a outra coisa.

    Trata de um homem que já algum tempo eliminou qualquer possibilidade de dúvida que ainda pudesse existir sobre o que significa de fato o “esqueçam tudo que eu escrevi”.

    Não há mais limites.

    As histórias de traição de FHC às coisas e pessoas sérias que conviveram com ele são conhecidas.

    Um dos seus ministros mais respeitáveis, o professor Adib Jatene, já disse mais de uma vez para quem quis ouvir que ele não cumpriu a palavra com ele. Uma das vezes em que isso ocorreu foi no programa Canal Livre, da Band.

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=vKMdOXavNSA align:center]

    FHC é hoje um dos poucos homens que conseguem falar de democracia e golpe na mesma frase com tamanho despudor que os fazem parecer sinônimos.

    Ah, quase esquecia.

    Adoxografia – Enaltecimento desmerecido sobre algo ou alguém; elogio imerecido.

    É a “arte” de se fazer o elogio imerecido de pessoas ou coisas sem valor, pessoas vulgares.

    A mídia brasileira se tornou um ícone na arte da adoxografia.

  3. ponto fora da curva

    Resultará com certeza em apontamentos de ponto fora da curva, curva “brava”… Ato somente para efeito. “Tanto per dire”, ririam os italianos das maos polidas. A seletividade assumiu ares de desfaçatez. 

  4. tudo o que Brasil poderia ter economizado e acumulado…

    FHC gastou com maquiagens vendidas pela mídia para ficar parecendo que tínhamos um bom governo

    1. não faz nem ideia do que terá de encarar pela frente…

      que deus lhe dê bastante força para resistir, passar por mais essa ou provar tudo que já declarou, que a corrupção no Brasil começou realmente só nos governos trabalhistas

      se prepare, FHC

        1. será de dá(r) dó, acredito…

          mas que pelo menos aprenda, sinta o gostinho amargo no futuro da enganação

          que aprenda que o melhor posicionamento para todo enganador é no silêncio

  5.  
    … As investigações

     

    … As investigações necessariamente deverão recuar ainda mais no tempo!
    O próprio FHC apela neste sentido:
    em seu recente livro, FHC admite que em 1996 foi alertado de escândalos na Petrobras, mas nada fez para apurar os casos.

    Até o Tucano FHC está imbuído do propósito de limpar o Brasil da corrupção!
    Aproveitemos, pois, a disposição (sic) do ‘Príncipe da Privataria’!

    Bonjour!

  6. Tem que investigar, julgar e

    Tem que investigar, julgar e condenar esses golpistas, ladrões e enganadores.

    Não adianta investigar e engavetar, como sempre foi feito.

    Quem sabe agora baixe a bola desses golpistas, moralistas sem moral.

  7. duvido que esse juiz carioca

    duvido que esse juiz carioca seja incensado pela grande

    mídia golpístsa, xomo o outro juiz….

    é preciso reiventar a língua para arranjar uma palavra negativa para

    caraterizar as palavras entre aspas do fhc, constantes desse post…

    classificá-lo como mnentiroso simplesmente seria um terrível eufemismo….

  8. Monumental perda de tempo

    FHC? É do PSDB. Num vai dar em nada.

    Ao fim e ao cabo, vão condenar o PT, porque deveria ter feito uma oposição mais cocombativa ou coisa que eo valha.

  9. MAS TEM QUE AVISAR AO

    MAS TEM QUE AVISAR AO MAGISTRADO QUE SÓ VAI TER DELAÇÃO SE PRENDER O SUSPEITO E MANTÊ-LO EM CONDIÇÕES SUBHUMANAS ATÉ ELE CONFESSAR, SENÃO NÃO FUNCIONA.

    E QUANDO ELE MENCIONAR ALGUM TUCANO TEM QUE LEMBRAR QUE NÃO VEM AO CASO.

  10. Paulo Francis

    Seria interessante reavaliar os comentários e críticas do Paulo Francis, na época (1996 ou por aí). Principalmente, gostaria de saber nomes da parte que o denunciou e que o condenou. Até por justiça a sua família.

    Gostaria de uma devassa em Joel Rennó e mais sete diretores (nomes?) que o processaram através do Poder Judiciário dos Estados Unidos. “A indenização aos diretores, mais custas e honorários foi estipulada em 100 milhões de dólares”, quantia impossível de ser paga por Paulo Francis. Como consequência ocorreu sua morte, em fevereiro de 1997, em Nova Iorque, por um enfarte fulminante.

    1. Apenas lembrando:
      Os

      Apenas lembrando:

      Os jornalistas Ricardo Boechat, Aluízio Maranhão e Luiz Guilhermino ganharam o Prêmio Esso de Jornalismo, em 1989, por denunciarem a corrupção na Petrobras.

      http://www.premioesso.com.br/site/premio_principal/index.aspx?year=1989

      O então Presidente Sarney não autorizou a investigação.

      A jornalista Suely Caldas escreveu a premiada reportagem “PP/Collor, a Grande Farsa”, feita em 1992, sobre casos de corrupção na Petrobras.

      http://cadernosdereportagem.blogspot.com.br/2013/03/22-de-marco-de-2013-por-wesley-prado-e.html#.VQdumCw8p8E

      O então Presidente Collor não autorizou a investigação.

      O jornalista Paulo Francis denunciou a corrupção na Petrobras em 1996.

      https://www.youtube.com/watch?v=372q8hn6X-0

      http://www.brasil247.com/pt/247/poder/169283/PML-por-que-FHC-n%C3%A3o-investigou-a-den%C3%BAncia-de-Paulo-Francis.htm

      https://www.youtube.com/watch?v=SdxfYO0K9qw

      O então Presidente Fernando Henrique Cardoso não autorizou a investigação e pior, mandou a Petrobras processar o jornalista Paulo Francis em U$ 100.000.000,00

      O Brasil já foi colônia, império, república, ditadura e hoje é uma democracia.
       

      Em todos estes períodos históricos e com todos os chefes de estado que estiveram no poder em suas épocas, houve corrupção.

      Porém, pela primeira vez na história do Brasil, uma Presidente está tendo a coragem de investigar e punir aqueles que há anos saqueiam e sacaneiam a nação.

      Logo agora, que o Brasil está sendo passado a limpo, alguns midiotas querem tirar do poder esta corajosa mulher ?!?

      Por favor, explique-me a lógica desse raciocínio, de pedir a queda de justamente quem está combatendo a corrupção !!!

       

  11. É HORA DE DIVULGAR E DE ACOMPANHAR .

    É hora de divulgar os desdobramentos dessa investigação.

    Acompanhar de perto.

    O contraponto à  “Operação Vaza a Jato”  tem que existir.

    Não há santo  nessa história toda, mas não dá para deixar a imprensa golpista à vontade contra o governo.

     

     

     

    1. “É hora de divulgar os

      “É hora de divulgar os desdobramentos dessa investigação”:

      Nao vai haver nenhum, a “justica” esta mentindo.  Eh que se eles fingirem abrir fogo contra FHC, Lula nao pode ser excessao.

      Fica o aviso previo.  E veio deles, nao de qualquer pessoa mais.

  12. Se o juiz insistir nessas

    Se o juiz insistir nessas investigações daqui a pouco o PIG vai encontrar alguma forma de desacreditá-lo. Eles não vão aceitar passivamente o avanço do processo, principalmente se chegar a algumas figuras de proeminência no governo tucano. Força e Sabedoria ao magistrado Vitor Valpuesta !

  13. Que estranho…Onde estáo os

    Que estranho…Onde estáo os nomes de Cervero e Paulo Roberto Costa?

    Em 2009/2010(creio eu) , li um comunicado em que a Petrobras informava que uma operação da PF e seus desdobramentos foram colocadas em sigilo a pedido dos procuradores que investigavam no RJ. (se não me falha a memória o nome era operação ouro negro ou congenere)

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