Moro cria Secretaria para concentrar poderes sobre policiais, reduzindo independência

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Divulgação
Dois policiais federais do Paraná foram indicados pelo ex-juiz da Lava Jato a segundo escalão. Ministério da Justiça deve controlar órgãos, até então independentes
 
 
Jornal GGN – Como futuro ministro da Justiça, o juiz exonerado Sérgio Moro indicou que quer ter maior controle sobre as ações da polícia do que vinha tendo o órgão em sua relação de subordinação ao Planalto. De dentro do Executivo, Moro já indicou quem será o futuro chefe do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e também que a Polícia Federal, assim como as outras, deverão responder a uma pasta dentro da Justiça.
 
Um policial federal do Paraná será responsável pelo comando do Depen, aonde deverá atuar seguindo a linha de “combate à corrupção” e ao “crime organizado” estabelecido por Moro. Para isso, escolheu Fabiano Bordignon, que já foi chefe da PF de Foz do Iguaçu, no Paraná.
 
“É um profissional extremamente qualificado para exercer essa função, no só fortalecendo os presídios federais, mas igualmente contribuindo para aprimoramento e fortalecimento dos presídios estaduais”, disse Sérgio Moro, admitindo que seu interesse a nível federal irá incluir, também, intenções na região onde se instaurou a Lava Jato.
 
Moro teve contato com Bordignon enquanto ele era diretor de penitenciária federal de Catanduvas, e o ex-juiz da Lava Jato era então corregedor da penitenciária. Um dos objetivos, revelou Moro, é “valorizar” os agentes e a construção de “mais presídios em tempo mais curto”. 
 
Assim, não seria a regularização da Justiça, a fiscalização de sentença e, consequentemente, a diminuição de pessoas presas as saídas para a superlotação dos presídios brasileiros. Mas, para Moro, a construção de mais cadeias.
 
Além do nome de confiança para o comando dos presídios, Sérgio Moro também mostrou que quer ter um maior controle sobre os policiais. Para isso, criou uma pasta dentro do seu futuro ministério, a Secretaria de Operações Policiais Integradas. Nela, policiais federal, delegados, policiais civis, rodoviários, etc, estarão suborninados à metologia do ex-juiz da Lava Jato.
 
E para comandar essa pasta dentro da Justiça, Moro escolheu Rosalvo Franco, que é o delegado da Polícia Federal ex-superintendente da PF no Paraná, que atuou diretamente na Operação Lava Jato de Sérgio Moro. O ex-delegado estava ao lado Moro nos processos de investigação e vinha, nos últimos dias, assessorando o ex-juiz na equipe de transição de Bolsonaro.
 
“A ideia da secretaria é coordenar operações policiais a nível nacional. Hoje nós temos muitos grupos criminosos que transcendem as fronteiras estaduais, e essa ação precisa muitas vezes de coordenação a nível nacional”, admitiu o ex-juiz.
 
Nesse sentido, Sérgio Moro concentrará poderes de ministro, a nível do Planalto, sobre a atuação das polícias federais e estaduais, não mais totalmente independentes, mas subordinadas a ele. “A criação de uma secretaria específica para isso é de todo oportuno”, completou o futuro ministro.
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

3 Comentários

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  1. A decisão da ONU em março que

    A decisão da ONU em março que condenará a Lava Jato, o Juiz Moro e o Estado brasileiro pela perseguição ao Lula talvez seja a única forma eficáz de denunciar perante o mundo os absurdos que vem ocorrendo no Brasil contra o ex-presidente.

    1. … e não vai adiantar nada.

      … e não vai adiantar nada. Lula está preso para todo o sempre e só sairá de lá morto. Só não vê quem não quer. O bolsonaro vai c*gar e andar para essa decisão da ONU.

  2. Esse provinciano…

    … só conhece gente do Paraná?

    ———————————–

    Lá se vai a tão falada autonomia da Polícia Federal. Agora vocês têm chefe, meganhada.

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