Moro tem medo de exceder limites sobre Temer, mas não sobre Lula

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – O juiz Sergio Moro demonstrou receio de ver o caso de Eduardo Cunha ser levado a outra instância e impediu que o advogado do deputado federal cassado fizesse perguntas sobre a participação de Michel Temer, que tem foro privilegiado, em esquemas de corrupção na Petrobras.

Segundo reportagem do Estadão, Moro indeferiu a pergunta da defesa de Cunha a Nestor Cerveró, sobre pagamento de propina à cúpula do PMDB, mas que ele pudesse manter seu cargo na Petrobras. Há informações na Lava Jato dando conta de que Michel Temer, em pessoa, teria discutido a manutenção do posto de Cerveró com emissários de Delcídio do Amaral.

“Isso não é objeto da acusação e não tem competência desse juízo para esse tipo de questão”, disse Moro.

Moro não demonstrou o mesmo receio ao questionar Delcídio sobre um caso investigado pela Justiça Federal de Brasília. Na audiência de segunda (21), com o senador cassado, o magistrado fez e permitiu que o Ministério Público Federal fizesse questões que fogem ao escopo da denúncia do caso triplex.

O MPF tentou implicar Lula em relação ao sítio de Atibaia e Moro quis saber qual o papel do presidente no esquema em que Delcídio tentou evitar que Cerveró fizesse delação premiada com a Lava Jato.

No momento, a defesa de Lula avisou que esse assunto não só nada tem a ver com o caso triplex como está fora da alçada de Moro. Cristiano Zanin Martins disse que o juiz de Curitiba estava afrontando decisões do Supremo Tribunal Federal.

Moro continuou mesmo assim, em busca de um “contexto probatório” contra Lula.

Moro não autoriza advogado de Eduardo Cunha perguntar a Cerveró sobre Temer

Do Estadão

O juiz Sérgio Moro não autorizou que um advogado completasse pergunta ao ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró (Internacional) sobre o presidente Michel Temer. O episódio ocorreu nesta quinta-feira, 24.

“Essa proposta financeira que o sr. recebeu para se manter no cargo de pagar 700 mil dólares por mês também foi levada ao presidente do PMDB à época?”, indagou o advogado, defensor do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), em audiência na Justiça Federal em Curitiba.

“Não dr, aí estou indeferindo essa questão”, interrompeu Moro, imediatamente. “Isso não é objeto da acusação e não tem competência desse juízo para esse tipo de questão”, completou o juiz da Lava Jato.

A preocupação de Moro é com a citação a autoridades detentoras de foro privilegiado perante tribunais superiores – caso do presidente da República.

A menção a pessoas nessas condições em processo de primeiro grau judicial pode levar até à anulação do caso ou provocar o deslocamento dos autos.

Cerveró foi arrolado pela defesa de Eduardo Cunha, réu da Lava Jato e preso em Curitiba por ordem de Moro.

Na audiência, Cerveró disse que foi nomeado para o cargo na Petrobrás em janeiro de 2003 ‘no novo governo Lula’.

O advogado do ex-presidente da Câmara indagou do ex-diretor da estatal petrolífera se
‘houve participação’ do então senador Delcídio Amaral (ex-PT/MS) em sua indicação.

“Sim, minha indicação (foi feita) pelo (ex) governador Zeca do PT (MS), por indicação do senador Delcídio.”

Indagado se houve ‘pagamento de vantagem indevida a Delcídio’, Cerveró respondeu. “Não na ocasião, mas posteriormente.”

O advogado de Eduardo Cunha perguntou a Cerveró quando ele ‘se aproximou do PMDB’. Na época, em 2006, Cerveró estava sendo pressionado para deixar o cargo.

“Foi o PMDB que se aproximou de mim, em 2006, logo depois do Mensalão, através do ministro Silas Rondeau que fazia parte do grupo do PMDB”, respondeu. “Fui procurado pelo Silas que me apresentou ao senador Renan (Calheiros) e, na época, ao deputado Jáder Barbalho (PMDB/PA). Me informaram que eu passaria a ser apoiado por esse grupo.”

Em sua delação premiada, Cerveró afirmou que em 2006 pagou US$ 6 milhões a Renan ‘a título de participação nos negócios da Petrobrás’. Renan nega.

“Realmente foi um acerto que houve com esse comando do PMDB. Delcídio não fazia parte desess seis milhões, mas houve uma destinação dessses seis milhões de dólares para esse grupo (do PMDB) de propinas (no âmbito) da primeira sonda que a Petrobrás contratou. Delcídio não fez parte. Dois anos depois fui substituído.”

“Minha substituição não foi de uma hora para outra, se iniciou com uma pressão do PMDB da Câmara. Fui cobrar o apoio do grupo do PMDB do Senado, mas esse grupo estava muito enfraquecido  na ocasião porque o senador Renan teve que renunciar (à presidência da Casa) por conta da história da filha dele. Esse grupo tinha perdido (força)”, relatou Cerveró, que acabou caindo em 2008.

O advogado de Eduardo Cunha questionou Cerveró se ele foi pressionado a fazer pagamento mensal de US$ 700 mil ‘ao grupo do PMDB’ para se manter no cargo. Ele confirmou.

Cerveró contou que esteve com Michel Temer. Na ocasião, Temer era deputado e presidia o PMDB. “Estive com Michel Temer, (fui) levado pelo dr. Bumlai (pecuarista José Carlos Bumlai, réu da Lava Jato). Ligou, marcou uma audiência com o deputado Michel Temer, no escritório dele em São Paulo. Fui lá, ele (Temer) me recebeu muito bem, mas disse que não podia contrariar os interesses da bancada que ele comandava, ele era o presidente do PMDB.”

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

8 Comentários

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  1. O jogo de Moro, do PSDB, e o nosso!

    O “contexto” do Guantánomoro é aquele balizado pelo seus chefes do Departamento de Estado. E, para estes, não faz diferença que seja Temer ou FHC quem faça o serviço sujo de entregar o Pré-Sal para as petroleiras estadunidenses e inviabilizar a Petrobrás, como a competente defesa do “Nunca Dantes” desmascarou na última semana.

    Já no contexto doméstico, a situação é bem diferente. O PSDB vai tentar manter Temer no cargo de qualquer jeito pois caso ele caia serão os “tucanos” quem terão de fazer o serviço sujo externo e interno. Assim, não teriam qualquer chance nas eleições presidencial de 2018.

    O Guantánomoro e o PSDB não estão em rota de colisão. Do lado da PGR, a postura de Rodrigo Janot ainda é uma incógnita apesar de ter salvo o Pó Pará e outros “tucanos” de muitos indiciamentos. Quando mandou prender próceres do PMDB perdeu apoio do PSDB e da mídia, e recuou. Mas, demonstrou que pode ser um obstáculo a política de “sangramento” que o PSDB parece ter como única alternativa em relação a deposição de Temer.

    Do lado de cá, nos resta aproveitar a oportunidade para derrubar todos os golpistas, um a um. Que caia Temer, toda a cúpula “tucana”, os bagrinhos do baixo-clero, todos! Então, fora Temer!

  2. Moro idealista

    Como todo o idealista Moro tem um modo de ver as coisas e segue meticulosamente seu roteiro, para não se perder, sempre em busca da verdade que ele escolheu como sua. Não que seja burro ou bitolado,  isto é muito comum entre pessoas que alcançam cargos de relevância, e certamente é capaz de grandes trabalhos.

    O único problema do idealista é que ele não consegue enxergar outras verdades ou realidades pois isto conflita com suas orientações, suas rotinas, seu modo de vida. O agravante do caso dele é que foi paparicado pela mídia espertíssima mídia empresarial, golpista, e também pelos vivíssimos americanos que viram no suburbano aplicado uma oportunidade de negócio, lucro e possibilidades estratégicas, e prossegue sempre em frente mesmo desafiando perigos de enfrentamentos com superiores da justiça e mesmos passando por cima da ética e moral comuns, tudo para atender seu ideal.

    Alguém tem que trazê-lo para a realidade do país, onde foram destruídas as bases de desenvolvimento, onde empresas de vulto foram fechadas apenas para a punição de seus administradores, onde milhões estão sofrendo pela atuação de um governo sem legitimidade das urnas. Mas como fazer um autista olhar para o que é evidente?

  3. três FDP !

    …………“Sim, minha indicação (foi feita) pelo (ex) governador Zeca do PT (MS), por indicação do senador Delcídio.”……..

    FDP – Filhos-da-pátria !!

     

     

  4. Ué! moro tem medo do temer?

    Ué! moro tem medo do temer? só se for medo do temer roubar a cena no picadeiro. Fóra golpistas conluiados! traidores lesa pátria discipulos do bôca móle! Vão todos prosquintosdosinferno, mas antes devolvam os nossos votos seus fdp!

    1. Genesio
      Tenho inveja de Putin

      Genesio

      Tenho inveja de Putin e Xi JinPing!

      Advinha onde estariam esses traidores e lesa patria, se ousassem fazer o que fizeram aqui?

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