O papel da intervenção federal no caso Marielle

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
[email protected]

Mudanças no comando da Polícia Civil ocorreram dois dias após antes do assassinato; general Braga Netto era o chefe da segurança estadual

Foto: CMRJ/Renan Olaz

O livro “Quem Matou Marielle” conta desde o primeiro momento em que as investigações sobre o assassinato da vereadora e de seu motorista, Anderson Gomes, tiveram início. E a intervenção federal no Rio de Janeiro foi um dos primeiros pontos citados pelo delegado Giniton Lages, que liderou a operação entre 2018 e 2019.

“A Marielle morre no dia 14, e o chefe de polícia (dr. Rivaldo) que tinha saído da delegacia de Homicídios para ser alçado, escolhido pelo Braga Netto para ser o chefe da Polícia Civil, se deu dois dias antes do homicídio”, explica Lages, em entrevista exclusiva à TV GGN 20 horas.

O delegado destaca que a cúpula da Polícia Civil, que atuaria na interveção, ainda estava em formação. “A relação era: o (general Walter) Braga Netto era o chefe maior da pasta de Segurança Pública – ele era o governador, mas de uma parte do governo”.

“E ele (Braga Netto) nomeou como secretário de Segurança Pública o general Richard Nunes. E Richard Nunes, por sua vez, escolheu o delegado Rivaldo Barbosa”, explica o policial.

“Nós informávamos durante toda a investigação diretamente, semanalmente, o passo a passo das investigações, ao general Richard, que imediatamente levada a conhecimento do general Braga Netto, o interventor federal da segurança pública, e ele diretamente reportava ao presidente em exercício Michel Temer”.

Lages ressalta que todas as informações subiam rapidamente ao conhecimento da presidência, “mas essa penetração de informação e contrainformação em alguns momentos trouxe muito prejuízo evidentemente”, diz o delegado.

“Tão logo que o crime ocorreu, na época o ministro da Segurança Pública Nacional, Raul Jungmann, veio ao Rio de Janeiro e junto ao Braga Netto, ao próprio presidente, reivindicava que a investigação fosse federalizada, dando conta que estariam ali presentes os requisitos necessários para que se faça uma federalização de uma investigação”, afirma Giniton Lages.

Tais requisitos não se cumpriram e a movimentação de Jungmann não teve resultado em um primeiro momento. Porém, esse quadro mudaria mais adiante, como explica o delegado da Polícia Civil.

“E lá mais a frente, permeando a investigação em cima de uma suposta investigação em torno de um miliciano que teria prestado termo de declaração e fazendo acusações para procuradores no presídio de Mossoró, traz informações sobre como se dava o crime organizado no Rio de Janeiro, formula algumas questões sem nenhuma prova evidentemente”, diz Lages.

Isso foi suficiente para que Jungmann voltasse a pedir a federalização do caso, mas agora com a criação de uma força-tarefa que fosse ao Rio de Janeiro apurar o que chamou de “supostas tentativas de desvio aos trabalhos que estavam sendo realizados pela minha equipe, na minha presidência pela delegacia de Homicídios, mas sem nenhuma evidência concreta (…)”, diz Lages.

Veja mais sobre os bastidores do caso Marielle na íntegra da TV GGN 20 horas. Clique abaixo e confira!

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

1 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Arrumem o texto :
    “Dois dias após ou dois dias antes” ? do assassinato…
    Ou antes ou após, antes e após, não dá. Obrigada

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador