Os primeiros dias de Bonat na Lava Jato de Curitiba

Sem nenhum despacho ou decisão registrado no diário eletrônico da Justiça, o juiz Luiz Antônio Bonat participou de audiências na primeira semana de trabalho

Jornal GGN – Sem nenhum despacho ou decisão registrado no diário eletrônico da Justiça, o juiz que entrou para substituir Sérgio Moro ainda não demonstrou o perfil que deve tomar para conduzir as ações da Operação Lava Jato. Até agora, o magistrado que até então se assume como reservado participou apenas de audiências junto a testemunhas.

Luiz Antônio Bonat, de 64 anos, assumiu nesta quarta-feira (06) a 13ª Vara Federal de Curitiba, deixando para trás as atuações de Sérgio Moro, em definitivo, e de sua então substituta temporária Gabriela Hardt, que vinha adotando um perfil similar ao antecessor.

Como o GGN mostrou ao analisar o currículo e decisões anteriores tomadas pelo novo juiz, Bonat atuava na área previdenciária, sendo apontado por colegas como “tranquilo” e “sensato”, disposto a absolver réus em casos que não forem comprovados crimes.

Leia mais: O perfil do substituto de Sérgio Moro, Luiz Antônio Bonat

E com esse perfil foi que o magistrado se apresentou nesta quinta-feira (07), segundo dia de trabalho como titular da Lava Jato de Curitiba. No dia, o juiz ouviu três testemunhas de acusação do processo sobre a construção da sede da Petrobras em Salvador, Bahia.

E no meio da audiência, um procedimento considerado protocolar e natural de juízes se destacou: o cumprimento de Bonat aos advogados, chamando-os de “ilustres defesas” e “vossa excelência”, além de “douta” à procuradora da República presente.

As menções feitas aos presentes na audiência não fogem ao padrão de uma audiência normal de um julgamento. Mas obteve destaque simplesmente porque o ex-juiz Sérgio Moro e sua sucessora Gabriela Hardt não o faziam.

Tampouco houve espaço para holofotes – comum em audiências e julgamentos comandados por Moro. É que na audiência, Bonat não permitiu a entrada da imprensa ou de observadores alheios ao processo e muito menos transmitiu a sessão em vídeo ao vivo pelas redes sociais, uma prática comum de Moro.

A audiência para dar sequência ao processo foi realizada em uma sala especial devido ao número de réus da ação, ao todo, são 42. Lá estavam, por exemplo, o doleiro Alberto Youssef e dezenas de advogados. Uma das testemunhas prestou depoimento por videoconferência, mas tampouco houve grandes contratempos na sessão.

Deixou Youssef falar livremente, assim como a procuradora e os advogados dirigirem perguntas, sem interrupções. Resolveu fazer perguntas de esclarecimentos apenas ao ex-executivo da Odebrecht, Fernando Migliaccio da Silva. Migliaccio confessou recentemente à Lava Jato que era o responsável pela entrega de dinheiros do departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht, aonde os investigadores apontam ocorrer a maior parte dos ilícitos.

No processo em questão, Bonat quis saber especificamente sobre a acusação de o ex-executivo ter feito repasses ao réu Valdemir Garreta, publicitário que atuou em campanhas do PT. Questionou quais executivos da Odebrecht fizeram os pedidos de pagamentos de propina; com quem ele conversou ou procedeu para realizar estes pagamentos e quem efetivamente recebeu os montantes acusados.

Hoje, terceiro dia de trabalhos de Luiz Antônio Bonat, o magistrado irá ouvir mais quatro testemunhas de processos da Lava Jato, entre eles o ex-gerente da Petrobras, Pedro Barusco, e o delator da empreiteira Odebrecht, Benedicto Barbosa Júnior.

Redação

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  1. De acordo com esta matéria, ao que parece, foi pela primeira vez indicado um juiz de verdade para esta vara. Mas vamos aguardar. Não consigo entender esta mudança de atitude, já que o juiz anterior era na verdade um político (sempre foi) claramente parcial e que se achava uma estrela. Já a substituta, afoita, incompetente, parcial, e que obedecia ao juiz anterior a ponto de copiar seus arquivos e abruptamente fazer uma condenação cheia de falhas grotescas, pois que estava prestes a deixar o cargo.

  2. De acordo com esta matéria, ao que parece, foi pela primeira vez indicado um juiz de verdade para esta vara. Mas vamos aguardar o que há por trás desta decisão. Não consigo entender esta mudança de atitude, já que o juiz anterior era na verdade um político (sempre foi) claramente parcial e que se achava uma estrela. Já a substituta, afoita, incompetente, parcial, e que obedecia ao juiz anterior a ponto de copiar seus arquivos e abruptamente fazer uma condenação cheia de falhas grotescas, pois que estava prestes a deixar o cargo.

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