Ramagem protege Bolsonaro e diz não se lembrar de atos para tentativa de golpe

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Ramagem disse às autoridades policiais que "não se lembra" de detalhes da articulação golpista do governo Bolsonaro

Jair Bolsonaro e Alexandre Ramagem – Foto: Carolina Antunes/PR

Protegendo Jair Bolsonaro, o ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Alexandre Ramagem disse às autoridades policiais que “não se lembra” de detalhes da articulação golpista do governo anterior.

A Polícia Federal (PF) escutou Ramagem, que atualmente é deputado federal, no âmbito da investigação da tentativa de golpe cometida pelo ex-presidente e membros do então governo. Ramagem aparece em provas coletadas pela PF como um dos motivadores dos atos criminosos e questionamento ilegal do processo eleitoral.

Em documentos recentes encontrados pelos investigadores, o então chefe de Inteligência chegou a encaminhar ao ex-presidente orientações para levantar dúvidas sobre o resultado eleitoral.

“A urna já se encontra em total descrédito perante a população. Deve-se enaltecer essa questão já consolidada subjetivamente (…) A prova da vulnerabilidade já foi feita em 2018, antes das eleições. Resta somente trazê-la novamente e constantemente”, sugeria Ramagem, em um dos arquivos apreendidos pelos policiais.

O ex-chefe da Abin também entregou a Bolsonaro informações falsas de uma suposta tentativa de “golpe no TSE” [Tribunal Superior Eleitoral], para que ele não vencesse as últimas eleições presidenciais.

Além das cartas e documentos enviados a Bolsonaro, Ramagem comandava a Abin quando o órgão foi apontado de esquema de espionagem ilegal, com interesses pessoais de benefício à família Bolsonaro.

Em outubro, uma nova fase da Operação da PF levantou mais provas de que o órgão era usado ilegalmente pelo ex-presidente junto a parlamentares.

A atual investigação mira diretamente o ex-presidente por tentativa de golpe e de permanecer no cargo após a derrota nas urnas, em 2022.

Às autoridades, Ramagem não esclareceu as perguntas dos investigadores nesta terça-feira (05) e disse, em diversos momentos, não se lembrar de atos ou detalhes dos quais ele e Jair Bolsonaro são acusados.

A investigação integra um inquérito que está em fase final de conclusão e deve apontar a articulação golpista do então governo para impedir a posse do presidente Lula.

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