O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) prestou depoimento à Polícia Federal nesta terça-feira (5), a fim de esclarecer suposto envolvimento em tentativa de golpe de Estado enquanto era chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Realizada na sede da PF em Brasília, a oitiva durou aproximadamente 2h40 e teve a autorização do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após a Procuradoria-Geral da República (PGR) apontar indícios de conluio para fazer com que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) permanecesse no cargo após a derrota nas urnas, em outubro de 2022.
A PF vai tomar o depoimento ainda de um general e dos coroneis Anderson Lima e Carlos Geovani, ambos indiciados semana passada em inquérito policial militar, na próxima quarta-feira (6).
A investigação está em fase final e tem Bolsonaro como um dos principais alvos, além de ex-ministros e militares, acusados de atentar contra a democracia brasileira.
Em julho, foi revelado que o então chefe da Abin orientou o presidente Jair Bolsonaro (PL) a questionar a confiança das urnas. Porém, a PF encontrou mais elementos que demonstram que o deputado federal cometeu, naquela época, atitudes que remetem a tentativa de golpe de Estado.
Entenda o caso
De acordo com a investigação da PF, o então chefe da Abin enviava textos de “possível interesse” do ex-presidente. Em um deles, chamado “Presidente TSE informa.docx”, há uma orientação para traçar uma estratégia de reforçar politicamente a “vulnerabilidade” das urnas eletrônicas.
“Por tudo que tenho pesquisado, mantenho total certeza de que houve fraude nas eleições de 2018, com vitória do sr. (presidente Bolsonaro) no primeiro turno. Todavia, ocorrida na alteração de votos”, diz trecho do documento.
Ramagem ainda sugere que Bolsonaro mine a confiança das urnas eletrônicas com informações falsas. “(…) a urna já se encontra em total descrédito perante a população. Deve-se enaltecer essa questão já consolidada subjetivamente (…) A prova da vulnerabilidade já foi feita em 2018, antes das eleições. Resta somente trazê-la novamente e constantemente.”
No arquivo, também consta a descrição de como foi constituído grupo de confiança para “trabalho de aprofundamento da urna eletrônica”, que contaria com a ajuda do major da reserva do Exército Angelo Martins Denicoli.
Já em outro arquivo, registrado como “Presidente.docx“, Ramagem indica um suposto golpe no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra Bolsonaro. “Há armadilhas sendo colocadas. O inquérito do Celso de Mello possui relação com o inquérito das fake News do Alexandre de Moraes com intuito de fundamentarem o golpe no TSE.”
Em julho, Ramagem foi questionado sobre os documentos, mas afirmou que não se lembrava de que tais mensagens foram passadas adiante.
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