Sem mencionar caixa 2 do WhatsApp, PGR defende aprovação das contas de Bolsonaro

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Adriano Machado/Reuters
 
Jornal GGN – A procuradora-geral Eleitoral, Raquel Dodge, quer a aprovação das contas de campanha do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). Apesar das acusações de crime de caixa dois e financiamento ilegal por empresários no esquema das Fake News pelo Whatsapp, a PGR defendeu apenas alertar ressalvas, sem impedir, contudo, a diplomação de Bolsonaro para comandar o país a partir de 2019.
 
Desde que a denúncia da Folha de S. Paulo foi divulgada, narrando o escândalo de caixa dois no Whatsapp, não houve nenhuma menção às acusações em todo o processo que tramitou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Começando pelos técnicos da Corte, que apoiaram a aprovação das contas de Bolsonaro, chegando agora à PGR.
 
As irregularidades apontadas pelos técnicos – e que foram endossadas por Raquel Dodge nas ressalvas – diziam respeito a outras irregularidades menores, em falta de alguns documentos que comprovassem a prestação de alguns dos serviços para a campanha do então candidato do PSL.
 
Os técnicos identificaram um total de 23 falhas na documentação entregue pela campanha de Bolsonaro à Justiça Eleitoral, como a falta do cadastro de uma empresa, a AM4, que não estaria habilitada para arrecadar recursos por financiamento coletivo, que foi a prestação informada.
 
O relator da prestação de contas do presidente eleito, ministro Luis Roberto Barroso, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), havia determinado há duas semanas que sete empresas que prestaram serviço para o candidato do PSL prestem esclarecimentos. O prazo já foi finalizado. 
 
No dia 14 de novembro, Barroso voltou a afirmar que as contas do presidente eleito devem ser julgadas pelo Plenário do Tribunal na primeira semana de dezembro, para liberar a diplomação de Bolsonaro, que também já foi marcada para o dia 10 de dezembro.
 
Os esclarecimentos referentes às notas fiscais das sete empresas, a AM4 Brasil Inteligência Digital, Digital Clip, Alfa 9 Solução Estratégica, Oliveiras Festas, Bureau Digital Serviços LTDA, Gráfica JB LTDA e Gráfica Eleal, foram enviados nesta semana pela campanha do presidente eleito.
 
Além de informar se prestaram serviços à campanha eleitoral de Bolsonaro, estas empresas tiveram que especificar as prestações, apresentar as notas fiscais, informar os endereços de distribuição ou entrega dos materiais produzidos ou dos serviços. A partir daí, a Procuradoria foi convocada a se posicionar.
 
E foi com base nessas irregularidades que Dodge atentou para as ressalvas. Mas nada foi mencionado pela procuradora a respeito das empresas que financiaram milhões em um pacote de disparo em massas de mensagens via WhatsApp, às vésperas do segundo turno. A prática se enquadrava em financiamento empresarial, o que é proibido pela Justiça Eleitoral desde a minirreforma, além de caixa dois, porque nem sequer foi declarado ao TSE.
 
O parecer da PGR foi enviado nesta segunda (26) ao TSE. Antes que a diplomação de Bolsonaro ocorra, marcada para o dia 10, as contas devem ser aprovadas. A expectativa é que o TSE o faça no dia 4 de dezembro, próxima quarta-feira.
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

6 Comentários

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  1. ESPERAR O QUE DE QUEM SE LAMBUZA

    Esperar o que de quem selambuza na cafajesticec crônica  da injustiça brasileira e do mistério público (mistério sim, pois está muito difícil saber onde há um que preste). e daí, embora eu saiba que o moderador vaI me cortar, digo e repito muitas vezes: já que não podemos matar gente dessa laia, só podemos desejar, do fundo da alma, que esses cafajestes morram todos com um câncer dos piores que existirem, com muita dor, ou alguma doença degenerativa que faça esses malditos irem perdendo os pedaços podres……….essa dodge é uma maldita…..que espero que morra à mingua e com muita dor…….desgraçados, que o inferno lhes seja eterno…….

  2. Essa daí  já levou chicotada

    Essa daí  já levou chicotada do capitão  no evento comemorativo dos 30 anos da Constituição. No livro do Apocalipse a prostituta da Babilonia monta a besta. Essa daí não, podendo montar a besta da Justiça prefere prostrar-se para ser montada.

    *.livro do apocalipse -capitulo 18 – 3. “Porque todas as nações beberam do vinho da ira da sua prostituição, e os reis da terra se prostituíram com ela; e os mercadores da terra se enriqueceram com a abundância de suas delícias.”

  3. Isso é muito apropriado. Jair
    Isso é muito apropriado. Jair Bolsonaro é um vagabundo. O MPF também. Aplica-se aqui o princípio jurídico importado dos morros cariocas que substituiu o art. 37, caput, da CF/88: “Tá tudo dominado, mano… É nóis na fita, maluco… Essa boca é nossa, porra…”

  4. Folha de São Paulo

    Pessoal,

     

    Alguém ainda leva a sério alguma matéria da FSP?

     

    Dificil alguém colocar o seu na reta por algum conteúdo da FSP.

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