Siro Darlan deixa cargo no TJ-RJ

Enviado por Mara L. Baraúna

Do Consultor Jurídico

Por criticar auxílio-educação, Siro Darlan deixa cargo no TJ-RJ

Siro Darlan chamou benefício concedido a filhos de juízes de “exclusivista”

Por Giselle Souza

A crítica à criação do auxílio-educação para os filhos dos juízes e servidores do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro rendeu ao desembargador Siro Darlan o afastamento do cargo de coordenador das comissões de adoção internacional e articulação das varas da infância e juventude. O pedido de dispensa foi uma decisão do presidente do TJ-RJ, desembargador Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho, publicada na noite desta terça-feira (2/6). Darlan estava no cargo havia quatro meses. 

Em uma carta enviada à Darlan, Carvalho diz que decidiu dispensá-lo das funções por causa da “conduta reveladora de incompatibilidade de sua parte com a orientação, pensamento e filosofia de trabalho da administração, esta última baseada na uniformidade do sentido de suas ações, na coesão e harmonia de esforços e, ainda, na intrínseca lealdade que, inafastavelmente, deve nortear sua coerência”.

Carvalho se referia à carta aberta divulgada por Darlan, na qual critica o projeto de lei que TJ enviou à Assembleia Legislativa do Rio para instituir o auxílio-educação para os filhos dos juízes e servidores do Judiciário fluminense. O projeto foi aprovado no dia 26 de maio. Pelo texto, servidores e juízes com até três filhos, em idade entre 8 e 24 anos, receberão R$ 2.860,41 por mês para pagar as despesas escolares.

Na carta, Darlan chamou o benefício de exclusivista e disse que a “população não tem nenhuma obrigação de custear a educação dos filhos dos magistrados e dos servidores do Tribunal de Justiça”.

O presidente do TJ-RJ não gostou nada da crítica. “A Presidência não pode acolher comportamento estanque ou autárquico de qualquer de seus segmentos. A mensagem publicizada em seu Facebook de 17 de maio último claramente assinala posição contrária à da administração”, disse Carvalho no documento enviado à Darlan.

Para Carvalho, divulgação da carta foi incompatível com a administração.

Darlan e Carvalho são amigos de longa data. O primeiro atuou intensamente nos bastidores para que o colega fosse eleito para comandar o TJ-RJ nas eleições que ocorreram no ano passado. Darlan até orquestrou ações no Conselho Nacional de Justiça para tentar impedir mudanças no processo eleitoral da corte que pudesse prejudicar a candidatura de Carvalho.O chefe do Judiciário do Rio disse que a carta de Darlan não foi bem recebida pelas entidades de classe dos serventuários e juízes. E o acusou de ter se apropriado de um trecho de uma manifestação escrita por outro desembargador que também era contra ao benefício, mas que “por consciência e elegância, não dera publicidade, limitando-se a veicular sua respeitável divergência em correspondência reservada dirigida ao signatário da presente”.

Leia abaixo a carta do presidente do TJ-RJ:

“Prezado colega Siro Darlan,

Lamento informar, com pesar intenso, que decidi dispensá-lo das honrosas funções de Coordenador da Comissão Judiciária de Articulação das Varas da Infância e Juventude e Idoso — CEVIJ, bem como daquelas relativas à coordenação da Comissão Judiciária de Adoção Internacional — CEJAI-RJ.

Declino o motivo: conduta reveladora de incompatibilidade de sua parte com a orientação, pensamento e filosofia de trabalho da Administração, esta última baseada na uniformidade do sentido de suas ações, na coesão e harmonia de esforços e, ainda, na intrínseca lealdade que, inafastavelmente, deve nortear sua coerência. Aliás, soube que você mesmo afirmou em dependências do Tribunal que estaria, por iniciativa própria, se desligando das referidas coordenações, o que até o presente momento não se confirmou.

A Presidência não pode acolher comportamento estanque ou autárquico de qualquer de seus segmentos. A mensagem publicizada em seu facebook de 17 de maio último claramente assinala posição contrária à da Administração. E que, ademais, mereceu manifestação de repúdio do SINDJUSTIÇA, entidade representativa dos servidores do TJRJ, postada por via eletrônica em 18 de maio de 2015, sob o título: “Carta Aberta ao Siro Darlan”. Também a Associação Juízes para a Democracia — AJD, de que você se apresenta como Coordenador Rio, divulgou discordância ao conteúdo de sua mensagem.

Não bastasse tudo isso, sua carta se apropria do texto de outra — enviada por e-mail em 14 de maio de 2015 — do ilustre colega Des. Rogério de Oliveira Souza, igualmente membro da Administração como integrante do Conselho da Magistratura — COMAG, mas a que este último, por consciência e elegância, não dera publicidade, limitando-se a veicular sua respeitável divergência em correspondência reservada dirigida ao signatário da presente.

Saliento ser inquestionável, no processo democrático, o direito de resposta assinalado pela sagrada e constitucional possibilidade de divergir. Entretanto, parece ocioso sublinhar não ser passível de aceitação publicar seu conteúdo e motivação sem previa ciência ao destinatário e, pior ainda, assumindo — sem qualquer ressalva — a autoria de texto que as circunstâncias indicam não ser de sua lavra, em procedimento que tangencia a leviandade.

A democracia e a república não convivem com condutas dessa natureza.

Teria, outrossim, outros argumentos para justificar a dispensa, mas, ato discricionário que é, deles não necessita, até porque não se cogita de polêmica acerca das lamentáveis ocorrências denotadoras de inegável quebra de confiança.

De outro turno, registro e agradeço sua dedicação e empenho, no exercício das funções de que ora dispensado, durante os 4 meses em que delas se desincumbiu.

Em consideração à amizade que sempre caracterizou nosso relacionamento pessoal, esclareço que aguardarei por 24 horas seu pedido de dispensa das aludidas funções, interpretando eventual silêncio como ciência da prática de ofício dos atos administrativos pertinentes.

Reiterando a estranheza em relação à conduta que a Administração está afirmando e esperando que esta não ponha termo a uma amizade cinquentenária, informo que, por tratar de matéria de ordem pública, o teor da presente não se reveste de caráter particular.”

Atenciosamente,
Luiz Fernando de Carvalho
Presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro

 

Redação

25 Comentários

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  1. É OAB, lembre-se!!!!!!

    Lembre-se, ele TENTOU colocar o FILHO do MArcelo D2 para adoção PORQUE seu pai, um cantor, gostava de COMPOR músicas sobre legalização de maconha.

    Sabe como é, ninguém melhor que O Estado para cuidar de crianças NEGRAS. Apenas NEGRAS!

    Ninguém melhor que o judiciário para garantir que SEU FILHO tenha tratamento adequado… SE vc for preto.

    Se for loiro, já esta garantido pelos pais…loiros.

     

    Isso é OAB!

    Vai dando corda para este juíz. Vai!

     

    1. Também não entendi. O lance

      Também não entendi. O lance com o filho de Macelo D2 foi com Siro Darlan? Ele entrou pela vaga do quinto da OAB?

  2. se colocar lona..

    Olha a perola do meritíssimo:

    “ainda, na intrínseca lealdade que, inafastavelmente, deve nortear sua coerência”.

    Este, meritíssimo é o juramento da: mafia, ndrangheta, cosa nostra etc, coerência sim nos princípios éticos, o desvio é aquilo que o judiciário sempre defende: bolsa paletó, bolsa saúde, bolsa cheia……

     

  3. se colocar lona..

    Olha a perola do meritíssimo:

    “ainda, na intrínseca lealdade que, inafastavelmente, deve nortear sua coerência”.

    Este, meritíssimo é o juramento da: mafia, ndrangheta, cosa nostra etc, coerência sim nos princípios éticos, o desvio é aquilo que o judiciário sempre defende: bolsa paletó, bolsa saúde, bolsa cheia……

     

    1. Mãe de todas as reformas

      A mãe de todas as reformas nao é a política, é a judicial.

      Com uma justiça célere, que trate desigual os desiguais, justa, nao teriamos tantos criminosos fazendo falcatruas, pois saberiam que não sairiam impunes.

  4. ao carvalho o que é do carvalho…
    … essa é briga de cachorros loucos.

    O judiciário é um câncer no Brasil.

    Enquanto não tivermos um controle externo da sociedade, será essa palhaçada e a gastanca absurda que temos hoje.

    Enquanto isso eles ficam brincado de juizinhos, promotorzinhos e justiceiros.

  5. Que beleza hein…
    Ai entram

    Que beleza hein…

    Ai entram servidores até de nível médio, auxiliáres administrativos, que devem ganhar, 5, 6 8, 10 mil até…

    É a farra do boi.

     

     

  6. Só pela carta enviada ao

    Só pela carta enviada ao desembargador, dispensando-o do cargo, por si, seria motivo para pronta intervenção do CNJ e, para a assembleia do RJ, mero caso de polícia. Afinal, trata-se de apropriação indébita e improbidade administrativa. Pelo visto, os cunhas da vida deram ensejo a que saíssem do “armário” o que há de pior entre os “cordatos” brasileiros: roubo é pouco.

  7. Esses funcionários públicos

    Esses funcionários públicos vivem num mundo só deles, paradisíaco, sem desemprego, sem aposentadoria mixa, direitos e benesses a mais não poder… Seria realmente ótimo… se não fôssemos nós, os brasileiros mais produtivos, que pagássemos a conta.

  8. Quem acompanha os bastidores

    Quem acompanha os bastidores da Política e os congressos partidários sabe muito bem que nem sempre as escolhas dos candidatos a cargos majoritários é feita de forma transparente e democrática, baseada em voto dos filiados. Essa “lavagem de roupa suja” em praça pública, ou melhor, essa “enquadrada” no desemb. Siro Darlan mostra que no Judiciário as coisas não são muito diferentes. O espírito de “corpo”, os privilégios e mamatas, o patriarcalismo, o conservadorismo e reacionarismo, que são marcas registradas das diferentes instâncias do Judiciário, ficaram evidentes nesse episódio.

  9. Conduta reveladora de incompatibilidade de sua parte…

    De toda forma, esse gesto e essa carta de demissão são clarividências do nivel de imoralidade em que se encontra o Judiciario. 

  10. “A divulgação da carta foi

    “A divulgação da carta foi incompatível com a adminsitração” (…). E a instituição do auxílio-educação para filhos de juízes e servidores do judiciário é incompatível com a moralidade pública, com a decência, com a probidade adminsitrativa (são recursos públicos que devem visar o bem da sociedade como um to e não a expensão de benefícios a um pequeno grupo). Sei que é duro perder 500 anos de privilégios (entendidos como direitos pelos beneficários), mas um pouquinho de vergonha na cara não ia fazer mal a ninguém. ainda mais se considerarmos os outros “direitos” que estão se  auto-arrogando.  

  11. O pior dos piores

    Cada dia que passa mais me convenço de que o Judiciário é, de longe, o pior dos 3 poderes da República (é mesmo pública essa coisa?). Dá de goleada no Legislativo, inclusive nesse sinistro período de comando (temporário, felizmente) dos Cunhas e Renans.

  12. que coisa nojenta esse

    que coisa nojenta esse desembargador luiz fernando ribeiro de carvalho (Letras pequenas, de acordo com sua ética). E o cara já tem cabelos brancos. Queria saber o salário deste individuo, que esta querendo sugar ainda mais o sociedade. Que justiça esse cara pode promover se não é capaz de perceber a barbaridade que defende? Vamos levar a publico seu salario. Gostaria de saber como podemos verificar isso, afinal hj em dia o salário dos funcionários publicos esta disponivel em algum site.

  13. Presidente Carvalho

    Uquiéquiéisto, sr. Presidente ? É esta a sua contribuição à situação econômica atual do Brasil ? Fala sério ! Em que mundo o sr. vive? O Brasil é um país democrático, mas sua elite (príncipes, barões, condes, etc) ainda não perceberam ? A Bastilha já caiu, sabia ? Ou seria esta uma ” gratificação” pela sua eleição ? Pobre dos pobres !  e sua BF tão pequenininha, mas que faz tanto estrago e bater de panelas. Eu me sinto envergonhada c/ nossa “bananeiras”. Ou seriam pedaladas ? mais atual, né ?

     

  14. seria interessante voltar aquele post surpreendente…

    aquele que trazia o levantamento dos gastos para educar os filhos dos 6 aos 24 anos

    não tenho certeza se foi aqui

    mas é tanta grana que pode carimbar esta aí como sendo uma das maiores mamatas que já ousaram jogar na nossa cara, e tudo as nossas custas, como entendi, contribuintes

  15. Independentemente de o

    Independentemente de o sujeito em questão acertar nessa e errar em outras. Se isso está ocorrendo com um desembargador, por mera opinião, imagine se o juiz de grau inferior não tivesse a garantia da vitalieciedade. E para quem acha que estabilidade no cargo público é privilégio, é só prestar atenção em que tipo de gente viraria “dono” do estado.

  16. dura lex, só para o povo.

    E para alguns “iluminados” comentaristas, o PT é que é o responsável pelo fato dos direitos constitucionais não serem cumpridos para toda a população.

    Como é possível haver Justiça neste país, se aqueles que deveria zelar pelo cumprimento das leis, são os primeiros a descumpri-las? Com seus esclusivismos engendrados na moita.

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