Temer televisiona reunião para se defender de inquérito dos Portos

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Marcos Corrêa/PR
 
Jornal GGN – Michel Temer aproveitou uma reunião de governo sobre o decreto de relicitações para transmitir em televisão estatal o seu posicionamento frente as acusações que o miram no inquérito dos Portos. 
 
Sem mencionar diretamente a investigação que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), o mandatário falou à sua equipe de governo, ainda que sem ser este o tema da reunião, que é “ilusão” achar que “o Presidente da República redige um decreto e assina e manda publicar”.
 
Foi uma auto-defesa de Temer, com o inquérito tramitando no Judiciário: “Não se pode ter a ilusão de que num dado momento o Presidente da República redige um decreto e assina esse decreto e manda publicar. Isso não existe. Nem no meu governo, e evidentemente não existiu em governos anteriores”, afirmou.
 
A afirmação foi dada para ministros, técnicos do governo e representantes de empresas e, antes mesmo de dar as declarações, Temer pediu para o encontro ser televisionado pela NBR, televisão que divulga a agenda do governo. E justificou essa transmissão por “preocupação” com a “transparência” do debate sobre as relicitações.
 
Mas para que não houvesse dúvidas de que as declarações serviam como uma resposta, um defesa do inquérito dos Portos, que miram não somente o mandatário como boa parte de sua equipe de governo e emedebistas próximos a ele, Temer criticou que existam suspeitas de que ele quis “beneficiar uma ou outra empresa” com estes decretos.
 
“Muitas vezes eu verifico que decretos por mim assinados, que foram objetos dessas preliminares todas, que acabei de enunciar, e dos quais tomo conhecimento muitas vezes apenas no dia, para ser assinado uma semana depois, às vezes até em solenidade públicas, o que se alega é que o presidente da República quis beneficiar uma ou outra empresa.”
 
A crítica foi direta à apuração da Procuradoria-Geral da República (PGR). O presidente afirmou que um decreto precisa passar por um longo caminho dentro do governo até chegar às suas mâos para ser assinado. 
 
“A preocupação que eu tive, confesso, foi a seguinte: o presidente ele editou um decreto, resolveu sentar-se à mesa, redigiu um decreto, assinou esse decreto e mandou publicar no ‘Diário Oficial’ exata e precisamente, dir-se-á ‘para beneficiar a empresa tal ou empresa qual, ou então algum ilícito que tenha sido veiculado por esse decreto editado pelo presidente da Republica'”, disse.
 
Ao abrir a reunião, admitiu que chamou a NBR para transmitir a reunião: “Para que fique claro, transparente, límpido, que a assinatura se deveu a esses fatos governamentais, que tem o maior significado, e não ao desejo ilícito, não transparente de favorecer a empresa tal ou qual”, justificou.
 
A reunião não teve como tema as discussões sobre o decreto dos Portos, mas sobre a devolução das concessões do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) e novas licitações, que devem ser aprovadas pelo conselho da pasta, caso contrário, a empresa terá que pagar multas.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

1 Comentário

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  1. Peraí…

    os decretos sobre o qual se baseou a chegada deste senhor ao local que ocupa não foram redigidos, assinados e publicados pela Presidenta Dilma como ficou provado no processo do impeachment???????

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