Augusto Cesar Barreto Rocha
Augusto César Barreto Rocha é Professor Associado da UFAM. Possui Doutorado em Engenharia de Transportes pela UFRJ (2009), mestrado em Engenharia de Produção pela UFSC (2002), especialização em Gestão da Inovação pela Universidade de Santiago de Compostela-Espanha (2000) e graduação em Processamento de Dados pela UFAM (1998).

A seca: do caos ao Plano? Por Augusto Cesar Barreto Rocha

Tomara que, nestes quinze, vinte ou trinta dias de confusão que restam, consigamos juntar energia para a ação construtiva de 2024

Foto: Antônio Lima/SECOM

A seca: do caos ao Plano?

por Augusto Cesar Barreto Rocha*

Os ambientes de destruição e agressivos com os quais as pessoas têm encarado a Amazônia em sua existência recente trouxeram este presente do caos, onde o rio, batizado erroneamente de hidrovia, deixa de passar navios maiores e ninguém revela com clareza quantos contêineres não passaram ou não receberam, nem armadores, nem clientes, nem reguladores. Enquanto isso, o DNIT se esforça para remover sedimentos e liberar um canal de passagem com 8m para navios e não nos deixar desabastecidos. Em Manaus, seguimos respirando fumaça, enquanto os céus não apagam os incêndios, nem enchem os rios.

Outras empresas buscam oportunidades de transbordo, enquanto a chuva não acontece. São negócios de valores expressivos, que sobrecarregam o custo de operar na Amazônia. Trazer isso para a ordem e daí para um controle mínimo é uma oportunidade. Sair do caos da logística e dos transportes para as empresas do Polo Industrial e comércio de Manaus e transformar os rios em hidrovias, com uma garantia maior do que a existente, é a grande oportunidade que encontramos em meio ao caos logístico da cabotagem no Arco Norte.

Poderemos sair da seca nos rios, em um evento histórico, para um caos logístico, tendo a oportunidade de construir um Plano Amazonense de Logística e Transportes (PALT), completando o que o Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT) tem negligenciado. Do caos faz-se a ordem, se os gestores assim quiserem. Esta é a oportunidade que o desabastecimento coloca. É mandatório que não fechemos os olhos para o problema, porque haverá seca no próximo ano, pois se trata de um evento sazonal.

Este caos, a olhos vistos, depende de chuva para resolver pela natureza e com naturalidade, ou das ações humanas para trazer ordem ao caos. Fora disso, seguiremos destruindo e restringindo passagens, por segurança da navegação. Há um silêncio enorme dos atores empresariais, que cobram sem parar ações dos governos, mas não a alocação de orçamento para a construção ou manutenção de infraestrutura na Amazônia. Precisaremos sempre de recursos para emergência, de difícil obtenção e gasto? Recursos para ações mais perenes nunca aparecem nos orçamentos públicos federais para infraestrutura, com alocação na LDO e LOA.

Estamos em meio ao caos, que deve começar a desaparecer na segunda quinzena de novembro. Tomara que, nestes quinze, vinte ou trinta dias de confusão que restam, consigamos juntar energia para a ação construtiva de 2024. Do caos faz-se a ordem, mas temos também a oportunidade de seguir focados nos oportunismos das crises, cobrando sobrepreços para transporte, esperando uma emergência para agir, pois sempre que há o caos, uns choram, mas outros vendem lenços. Precisamos deixar de ter um leviatã ensandecido, passando a ter um leviatã no corredor estreito da criação de riqueza com a Amazônia.

Augusto Cesar Barreto Rocha é Professor da Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

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