Após quatro anos em queda, desmatamento na Amazônia volta a crescer

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
[email protected]

Ana Cristina Campos
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Após quatro anos consecutivos de queda, o desmatamento na Amazônia voltou a crescer e subiu 28%, segundo números do Projeto de Monitoramento da Floresta Amazônica por Satélites (Prodes), do Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe). Os dados apresentados em novembro pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, referem-se ao período de agosto de 2012 a julho de 2013 e mostram que a área desmatada chegou a 5.843 quilômetros quadrados (km²).

Apesar do aumento, a ministra assegurou que essa é a “segunda menor taxa de desmatamento já registrada em toda a história” desde que o monitoramento começou a ser feito em 1988. Entre os estados que mais desmataram estão Mato Grosso (52%) e Roraima (49%). Quando o cálculo é feito em quilômetros, os estados que lideram o ranking de desmatamento são o Pará, com 2.379 km², e Mato Grosso, com 1.149 km².

A ministra atribuiu esse aumento ao crime organizado. “Quem desmata 1.000 hectares sem medo de ser pego, [é porque] tem alguém dando cobertura. É inaceitável que se tenha aumento na taxa de desmatamento com base na ilegalidade. O governo federal não tolerará”, disse.

Além do crescimento do desflorestamento, a ministra informou que a outra notícia era o aumento das áreas desmatadas, tendência em queda nos últimos anos. “A má notícia que se confirma é o aumento dos polígonos de desmatamento. É impactante o que aconteceu no Pará, com áreas desmatadas acima de 1.000 hectares”, disse Izabella.

Essa situação ocorre ao longo do eixo da BR-163 (Cuiabá-Santarém) e indica a grilagem para especulação fundiária em terras públicas. A existência de mais de 3 mil garimpos ilegais e de grandes obras de infraestrutura também pressiona a devastação das florestas no estado. Em Mato Grosso, o desmatamento é feito em terras privadas para a expansão de área agrícola destinada à soja.

Segundo a ministra, o desflorestamento não aumentou por falta de recursos. “Nego que haja falta de investimentos na área ambiental. Não há corte de recursos para fiscalização na Amazônia”. Ela pediu que os estados se engajem no combate ao desmatamento. “É lamentável que em alguns estados esteja ocorrendo aumento de desmatamento, mas é um compromisso nosso reverter essa tendência”, disse.

Izabella informou que a pasta vai intensificar as ações de combate ao desmatamento ilegal, com radares com visor que permitem o monitoramento em período chuvoso, imagens de satélites que vão enxergar desmatamentos de até 3 hectares e com o aumento de processos criminais.

As imagens de satélites usadas pelo Inpe, responsável pelo Sistema de Detecção de Desmatamentos em Tempo Real (Deter), mostraram que, entre agosto e outubro de 2013, houve queda de 24% dos alertas de desmatamento e degradação em comparação com o mesmo período do ano passado. Nesses três meses, 886 km² foram devastados no bioma amazônico. No mesmo período de 2012, foram desflorestados 1.082 km².

Para o pesquisador do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Beto Veríssimo, essa tendência de queda pode ser atribuída à maior fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). “O governo vem apertando o cerco contra o desmatamento e o resultado está começando a aparecer”, avaliou.

Edição: Graça Adjuto

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

2 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Desmatamento na Amazônia aumentou? Talvez não.

    SEGUNDA-FEIRA, 18 DE NOVEMBRO DE 2013

    Desmatamento na Amazônia aumentou 28% depois do Novo Código Florestal. O que isso quer dizer?

     Provavelmente não muita coisa.

    O desmatamento na Amazônia Legal Brasileira, felizmente vem caindo desde há uns 10 anos segundo levantamentos do Projeto de Monitoramento da Floresta Amazônica por Satélites (Prodes) do Inpe.Desde 2004, as taxas anuais de desmatamento vêm caindo (Figura 2).

    Figura 2. Variação da taxa anual de desmatamento na Amazônia Legal Brasileira. Fonte:Prodes/Inpe.
    Fazendo uma regressão exponencial com os dados desde 2003, obtemos uma curva de muito bom ajuste (R2=0,94) (Figura 3).

    Figura 3. Curva de regressão exponencial para variação do desmatamento amazônico desde 2003.Fazendo um teste t para os resíduos, o valor crítico para α=0,05, unicaudal, com ν=9, é de 1,833. Para os dados de 2003 a 2012 contra 2013, t = 0,21; ignorando-se 2004, t=1,61. Não se rejeita em nenhum dos casos que o valor de 2013 esteja dentro do esperado na curva de redução do desmatamento. 

    Uma interpretação possível, então, é que a variação está dentro da normalidade dos últimos anos. Os 28% de aumento não podem ser atribuídos à alteração da norma legal de proteção da cobertura vegetal. Não temos, ainda, nem mesmo um indício de que a saudável e saudada tendência de declínio da taxa de desmatamento da região tenha sido interrompida.

    Deve-se ter em mente, no entanto, que isso não quer dizer que esteja tudo bem, nem que a fragilidade introduzida pelo Novo Código Florestal não tenha efeito deletério – seja na própria Amazônia, seja nos demais biomas brasileiros. A queda que vem ocorrendo só se dá pela estrita vigilância e ação dos órgãos governamentais com a fiscalização das ONGs e da sociedade civil (além dos avanços das técnicas de produção agrícola que aumentam a produtividade e diminuem a pressão por novas áreas) e mais esforços precisam ser dispendidos para que o desmatamento finalmente caia a zero – e que possa haver até mesmo recuperação das áreas perdidas.

    http://genereporter.blogspot.com.br/2013/11/desmatamento-na-amazonia-aumentou-28.html

    —–

    []s,

    Roberto Takata

     

     

    1. não importa se aumenta ou diminui

      o que realmente importa é que não para, a ganancia vai fazer com que pare apenas depois de derrubada a última árvore.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador