Contra o desastre climático, só a ação radical, por George Monbiot

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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do Outras Palavras

Contra o desastre climático, só a ação radical

por George Monbiot

O “realismo” político diante do aquecimento global fracassou — porque as elites e as corporações bloquearam as saídas. É hora de pensar na reconversão geral da economia

Por George Monbiot | Tradução: Inês Castilho

Foi um momento desses de mudar a vida. Na coletiva de imprensa do Extinction Rebellion [Revolta contra a Extinção] ocorrida semana passada, dois de nós, jornalistas, perguntamos aos ativistas se consideravam realistas seus objetivos. Eles pediam, por exemplo, que as emissões de carbono no Reino Unido fossem reduzidas a zero até 2025. Não seria melhor, questionamos, perseguir alguns objetivosintermediários?

Uma jovem chamada Lizia Woolf deu um passo adiante. Ela não havia se pronunciado antes, e eu quase nem a havia notado, mas a paixão, pesar e fúria de sua resposta foram profundamente convincentes. “O que vocês estão me pedindo, como uma jovem de 20 anos, para encarar e aceitar sobre meu futuro e minha vida? … isto é uma emergência – estamos diante da extinção. Quando vocês fazem perguntas como essa, o que esperam que eu sinta?” Ficamos sem resposta.

Objetivos mais moderados podem ser politicamente realistas, mas são fisicamente irrealistas. Apenas as mudanças proporcionais à escala de nossa crise existencial têm alguma perspectiva de evitá-las. O realismo sem esperança, que contorna o problema pelas bordas nos colocou nessa confusão. Não nos tirará.

Os dirigentes políticos falam e agem como se a mudança ambiental fosse linear e gradual. Mas os sistemas da Terra são altamente complexos, e os sistemas complexos não respondem à pressão de forma linear. Quando esses sistemas interagem (porque a atmosfera, os oceanos, a superfície da terra e as formas de vida do planeta não estão sentadas placidamente em caixas que tornam os estudos mais convenientes), suas reações às mudanças tornam-se altamente imprevisíveis. Pequenas perturbações podem ramificar-se de forma selvagem. Os pontos de virada provavelmente permanecerão invisíveis até que tenhamos passado por eles. Poderíamos assistir mudanças de estado tão abruptas e profundas que nenhuma continuidade pode ser prevista com segurança.

Basta que apenas um dos muitos sistemas de suporte à vida de que dependemos – solos, aquíferos, chuvas, gelo, padrões de ventos e correntes, polinizadores, abundância biológica e diversidade – falhe para todo o resto desabar. Por exemplo, quando o gelo do mar Ártico derreter além de certo ponto, as retroalimentações desencadeadas (tais como água mais escura absorvendo mais calor, derretimento do gelo permanente liberando metano, mudanças no vórtice polar) poderão tornar os distúrbios climáticos desenfreados, impossíveis de deter. Quando o período conhecido como Dryas Recente terminou, 11.600 anos atrás, os núcleos de gelo da Groenlândia revelam que as temperaturas subiram 10°C em uma década.

Não acredito que o colapso contemporâneo ainda seja inevitável, ou que uma resposta adequada seja impossível, técnica ou economicamente. Quando os EUA entraram na II  Guerra Mundial, em 1941, substituíram em poucos meses uma economia civil por uma economia militar. Como lembra Jack Doyle em seu livro, Taken for a Ride [Levado para um passeio]. “Em um ano, a General Motors desenvolveu e construiu, completamente a partir do zero, as aeronaves Avenger 1000 e Wildcat 1000 … Pouco mais de um ano após a Pontiac ser contratada pela Marinha para construir mísseis anti-navios, a empresa começou a entregar o produto completo às esquadras norte-americanas em todo o mundo”. E isso antes que a avançada tecnologia da informação tornasse tudo mais rápido.

O problema é politico. Uma análise fascinante do professor de ciências sociais Kevin Mackay sustenta que, no colapso das civilizações, as oligarquias são causa mais fundamental que a complexidade social ou a demanda energética. O controle oligárquico, sustenta Mackay, impede que sejam tomadas decisões racionais, porque os interesses de curto prazo da elite são radicalmente diferentes dos interesses de longo prazo da sociedade. Isso explica por que civilizações passadas entraram em colapso “a despeito de possuírem know-how cultural e tecnológico para resolver suas crises”. As elites econômicas, que se beneficiam da disfunção social, bloqueiam as soluções necessárias.

O controle oligárquico da riqueza, da política, da mídia e do discurso público explica a ampla falência institucional que está nos levando em direção ao desastre. Pense em Trump e seu gabinete de multimilionários; na influência dos irmãos Kock; no império Murdoch e sua contribuição maciça à negação da ciência climática; nas empresas de petróleo e automobilística, cujos lobbies evitam uma mudança mais rápida para novas tecnologias. Não são só os governos têm fracassado em dar uma resposta, embora eles tenham malogrado de modo espetacular. A mídia pública encerrou deliberada e sistematicamente a cobertura ambiental, ao mesmo tempo em que permitiu que os lobistas, financiados de forma nada transparente, e que se disfarçavam de think-tanks, moldassem o discurso público e negassem o que enfrentamos. Os acadêmicos, com medo de perturbar seus financiadores e colegas, morderam os lábios. Mesmo os organismos que afirmam estar enfrentando nossa crise permanecem presos em estruturas destrutivas.

Por exemplo, há algumas semanas eu compareci a uma reunião sobre a crise ambiental no Instituto de Pesquisa em Políticas Públicas [Institute for Public Policy Research]. Muitas pessoas na sala pareciam entender que o crescimento econômico contínuo é incompatível com a sustentabilidade dos sistemas da Terra. Como aponta o autor Jason Hickel, a dissociação entre o crescimento do PIB e o uso global de recursos não aconteceu e não acontecerá. Embora 50 bilhões de toneladas de recursos naturais usados anualmente sejam praticamente o limite tolerável para os sistemas da Terra, o mundo já vem consumindo 70 bilhões de toneladas. A inércia dos negócios, com as taxas atuais de crescimento econômico, garantirá que o número chegue a 180 bilhões até 2050. O uso dos recursos com máxima eficiência, combinado com enormes impostos sobre carbono e algumas suposições bastante otimistas reduziriam isso para 95 bilhões de toneladas: ainda muito além dos limites do meio ambiente. Um estudo que leva em conta o efeito rebote (a eficiência leva a mais uso de recursos) eleva a estimativa para 132 bilhões de toneladas. O crescimento verde, como parecem aceitar os membros do Instituto, é fisicamente impossível.

No mesmo dia, o mesmo Instituto anunciou um novo grande prêmio de economia para “propostas ambiciosas para alcançar uma melhora na mudança de patamar na taxa de crescimento”. Ele procura ideias que permitam que as taxas de crescimento econômico pelo menos dobrem no Reino Unido. O anúncio foi acompanhado pelo usual blá blá blá sobre sustentabilidade, mas nenhum dos juízes do prêmio tem um currículo notável por interesse ambiental.

Aqueles de quem esperamos soluções movem-se como se nada tivesse mudado. Eles continuam a se comportar como se a evidência acumulada não tivesse nenhum peso em suas mentes. Agora, depois de décadas de insucesso institucional, apenas propostas “não-realistas” – a reconversão da vida econômica, com efeito imediato – têm agora uma chance realista de deter a espiral da morte planetária. E somente aqueles que estão fora das instituições falidas podem liderar esse esforço.

Duas tarefas precisam ser realizadas simultaneamente: lançarmo-nos à possibilidade de evitar o colapso, como está fazendo a Revolta contra a Extinção, por menor que essa chance possa parecer. E nos prepararmos para o provável fracasso desses esforços, por mais aterrorizante que seja essa perspectiva. Ambas as tarefas requerem uma revisão completa do nosso relacionamento com o planeta vivo. Porque não podemos nos salvar sem compreender que as lutas contra o domínio oligárquico; por democracia e justiça; e contra o colapso ambiental são uma só e mesma coisa. Não permitamos que aqueles que causaram esta crise definam os limites da ação política. Não permitamos que aqueles cujo pensamento mágico nos colocou nessa confusão nos digam o que pode e o que não pode ser feito.

 

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

8 Comentários

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  1. DESASTRE CLIMÁTICO?

    Ou seria outra farsa do Gàs CFC e a Camada de Ozônio que oscila naturalmente sobre as Calotas Polares? Ou a farsa das conclusões do IPCC e seus relatórios comprovadamente adulterados? Ou todo Lixo Plástico que é lançado pelas Nações Industrializados nos Oceanos. Os verdadeiros pulmões da Terra. E não a Amazônia. Ou seriam 300 anos de Revolução Industrial no Hemisfério Norte, responsável por mais de 90% das emissões de gases na Atmosfera, por todos estes séculos, que ficarão contidos no próprio Hemisfério Norte? Ao invés de Aquecimento Global, não seria então, Aquecimento do Hemisfério Norte? Ou ainda a poreservação de todo parque industrial já instalado nestes países nórdicos querendo barrar a migração destas riquezas e industrias para novas economias mundiais? Pensei. Pensar ainda é livre? Ou também está sujeito a catastrofismos? 

    1. Como você é burro, Zé Sergio!

      Ze Sergio é o retrato de um cidadão alienado se informando pelo Watsapp e canais da direita burra.

      PERCEBAM QUE A TEORIA OSCILA ENTRE NEGAR O AQUECIMENTO E CULPAR O HEMISFÉRIO NORTE PELO AQUECIMENTO… MAS NÃO ERA UMA FARSA?

      Ou seria outra farsa do Gàs CFC e a Camada de Ozônio que oscila naturalmente sobre as Calotas Polares? [QUALQUER DÉBIL MENTAL PODE REPRODUZIR A REAÇÃO QUE OCORRE ENTRE O OZÔNIO E OS GASES CFC´S. NÃO EXISTE FARSA ALGUMA.]

      Ou a farsa das conclusões do IPCC e seus relatórios comprovadamente adulterados? [ESSE TIPO DE QUESTIONAMENTO ACONTECEU HÁ MAIS DE UMA DÉCADA… OS NOVOS ESTUDOS ESCULACHAM NA CARA DE QUALQUER UM A REALIDADE DO AQUECIMENTO. ALÉM DE BURRO É DESATUALIZADO. ISSO É TÍPICO DESSES CANAIS DE DIREITA NO YOUTUBE NACIONAL QUE CITAM ESSES RELATÓRIOS DE 10 ANOS ATRÁS E IGNORAM OS NOVOS ESTUDOS.]

      Ou todo Lixo Plástico que é lançado pelas Nações Industrializados nos Oceanos. Os verdadeiros pulmões da Terra. E não a Amazônia. [TENTOU “PAGAR DE INTELIGENTE” E MOSTROU QUE É MAIS BURRO! NÃO EXISTE “PULMÃO DA TERRA”, JEGUE! O VELHO CLICHÊ DE DIZER QUE A FLORESTA AMAZÔNICA É O PULMÃO DA TERRA FOI CORRIGIDO E CONTINUOU ERRADO! AS ALGAS TAMBÉM NÃO SÃO “PULMÃO” DA TERRA. FUNÇÃO DO PULMÃO: CONSUMIR OXIGÊNIO E LIBERAR GÁS CARBÔNICO! O OPOSTO DO QUE O DITADO TENTA DIZER… ALGAS FAZEM O PAPEL OPOSTO AO DO PULMÃO.]

      PERAÍ… VOCÊ ESTAVA NEGANDO O AQUECIMENTO GLOBAL… MAS AGORA ESTÁ CULPANDO O HEMISFÉRIO NORTE E AS NAÇÕES INDUSTRIALIZADAS PELO AQUECIMENTO GLOBAL??? 

      Ou seriam 300 anos de Revolução Industrial no Hemisfério Norte, responsável por mais de 90% das emissões de gases na Atmosfera, por todos estes séculos, que ficarão contidos no próprio Hemisfério Norte? Ao invés de Aquecimento Global, não seria então, Aquecimento do Hemisfério Norte? [DIPLOMADO NA ESCOLA DO FACEBOOK… DOCE ILUSÃO ATRELAR APENAS À INDÚSTRIA À EMISSÃO DE GASES… ATUALMENTE A AGRO-PECUÁRIA SE TORNOU MAIOR VILÃ… E PAÍSES COMO CHINA E ÍNDIA UTILIZAM FONTES ENERGÉTICAS MAIS POLUENTES. O AUMENTO GIGANTE SE DEU NO SÉCULO 20… E O HEMISFÉRIO NORTE IRIA AQUECER SOZINHO??? HAHAHAHAHAAHAHAHAHAHAAHAH]

      Ou ainda a poreservação de todo parque industrial já instalado nestes países nórdicos querendo barrar a migração destas riquezas e industrias para novas economias mundiais? [ESSA “TEORIA” BURRA É TÍPICA DE DISCÍPULOS DE OLAVO DE CARVALHO QUE TENTAM INVENTAR UMA DESCULPA PARA ATRELAR O COMBATE À POLUIÇÃO, QUE PREJUDICARIA A ECONOMIA AMERICANA, A ALGUMA CONSPIRAÇÃO PLANETÁRIA QUE PREJUDICA OS PAÍSES POBRES. DESDE A TERCEIRA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL AS INDÚSTRIAS JÁ MIGRARAM PARA PAÍSES POBRES… A “RIQUEZA” POR OUTRO LADO NUNCA MIGROU… UMA COISA NÃO TEM A VER COM A OUTRA, MEU CARO.]

      TEORIA IMPORTADA DA DIREITA AMERICANA, COMO TODAS DE OLAVO DE CARVALHO, SÓ QUE MAL TRADUZIDA PARA O PORTUGUÊS:

      1-NOS U.S.A. A TEORIA DIZ QUE O AQUECIMENTO É UMA INVENÇÃO PARA PREJUDICAR A ECONOMIA AMERICANA

      2-NO BRASIL A TEORIA FOI ADAPTADA PARA “O AQUECIMENTO É UMA INVENÇÃO PARA ATRAPALHAR AS ECONOMIAS EMERGENTES”.

      Pensei. Pensar ainda é livre? Ou também está sujeito a catastrofismos?

      PENSOU??? REPETIR ASNEIRAS QUE VOCÊ VIU NO CANAL DO NANDO MOURA É PENSAR??? 

       

       

       

      1. Aquecer o debate e desaquecer o planeta, rs

        O fato de a extrema-direita brasileira repetir o discurso da direita USamericana é parte da resposta, mas apenas para quem vive nas cidades e não enfrenta a retórica mais crua dos ruralistas, que é violência direta. 

        Essa falácia de que a mudança climática era um pretexto para barrar o desenvolvimento das economias emergentes se baseia em um premissa verdadeira, a de que os países desenvolvidos estavam se eximindo de fazer sua parte na redução de emissões, como numa aritmética simples: “nós já somos desenvolvidos; se vocês quiserem se desenvolver como nós, terão que emitir mais gases e isso vai desequilibrar a conta; então, o caminho mais fácil e rápido é vocês não se desenvolverem”. 

        Sem falar que os países pobres, e isso é comprovado cientificamente, tem um padrão de consumo que juntos não supera o dos mais ricos dos USA, a questão não é bem essa. Tanto os países desenvolvidos devem se responsabilizar pela sua própria parcela no problema, como a solução não passa apenas pelo nível de desenvolvimento mas pelo tipo, o “como nós”, do pensamento anterior. 

        Ou seja, não é mais uma questão apenas de reduzir emissões e repensar a velocidade de desenvolvimento, mas de transformar padrões de vida, de produção, consumo e circulação de bens e resíduos no planeta. 

        Por isso, no Brasil essa conversa fiada não cola por muito tempo porque a extrema-direita não é desenvolvimentista, é predatória de maneira franca e direta. 

        Basta dar voz aos debates entre ruralistas e ativistas do campo e da sustentabilidade que o verdadeiro embate de projetos se revela. E passa longe dessa dicotomia desenvolvimento ou empobrecimento: o papel  do agronegócio na balança comercial não se reflete em melhor e mais comida da mesa do brasileiro comum, o lucro fica com os ricos de sempre. Então, como vão sustentar essa conversa fiada de que não há alternativa a não ser continuar a destruir o planeta em nome do desenvolvimento. Pergunte: desenvolvimento de quem? E terá a resposta. 

        Acho mais complicado, e necessário, envolver e conscientizar trabalhadores da indústria, como a automobilística e a da cadeia do petróleo e gás, cujos sindicatos, por exemplo, têm visão parecida à do comentarista ao qual você respondeu. Precisamos de pensamentos de transição e projetos que mostrem aos trabalhadores que o meio ambiente não é seu inimigo, e que a mudança da infra-estrutura de energia e produção tende a fortalecer o mercado de trabalho dos humanos, cuja substituição por robôs é sintoma da desnaturalização dos processos e formas de vida sob o capitalismo. Aí aparecem as contradições: grupos que apenas pensam em seus interesses imediatos e não se vêem como parte de uma sociedade mais ampla, que dirá de um ecossistema que pede socorro e do qual dependem para viver mais que de seus empregos – se tiver um pedaço de terra pode plantar para comer; na cidade grande, mesmo com emprego, mal sobrevive. Essa a alternativa para o futuro, ter uma vida de fato digna coletivamente ou ser extinto, coletivamente mas com o orgulho individual  ou corporativo intocado

        Sampa/SP, 27/11/2018 – 17:33  

    2. Organismo

      O sistema climático da terra é totalmente interligado. E a essa altura dos acontecimentos, não importa o que se faça para conter o ritmo que se acelera das mudanças climáticas derivadas do aquecimento do planeta. Nós já atingimos o ponto de não retorno. Seguir pelo caminho da negação ou da dissonância cognitiva não mudará a realidade dos fatos, mas somente a sua visão interna, subjetiva, e por pouco tempo.  

  2. Assustador. 
    Mas acho que

    Assustador. 

    Mas acho que deveríamos começar por dar nome aos bois, ou seja, personalisar essa tal oligarquia que se esconde e não aparece para dar as caras e enfrentar esse  “debate”.

  3. GGN, nosso repres/te no debate mundial sobre o meio ambiente?

    Nassif e GGN, parabéns por terem começado a pautar o tema da mudança climática global de maneira frequente, mas como se vê, o pensamento raso e desinformado que marca a política recente  e o crescimento da influência do barbarismo da extrema-direita em questões sociais e econômicas também atinge, e de maneira mais drástica porque o assunto é mais complexo e sujeito a mistificações que outros mais ao alcance da/o cidadã/o comum, a discussão sobre o novo desafio mundial da sobrevivência planetária – e nem falamos do perigo nuclear.

    Assim, não vejo outro caminho senão o próprio Nassif fazer o papel não só de mediador mas de instrutor, com sua capacidade de análise conjuntural e sistêmica, e fazer algumas pautas do Xadrez sobre o tema e sua importância para o país, não apenas do ponto de vista do desenvolvimento sócio-econômico e ambiental mas como um novo eixo de projeto de país, com a  oportunidade de tomar a dianteira na nova economia que necessariamente deverá ser pensada para evitar a destruição e sobreviver ao colapso do capitalismo como o conhecemos – e a sobrevivência está necessariamente vinculada à superação do capitalismo, ou seja, só uma revolução nos salvará. 

    Há algum tempo anexei no blogue um vídeo de uma palestra de um economista nem um pouco de esquerda, Jeremy Rifkin, em que ele fala de uma consultoria que fez para o governo alemão sob a chanceler Angela Merkel sobre mudança de estrutura produtiva e de infra-estrutura energética, colocando o país na dianteira da economia limpa, enquanto o Brasil, rico em recursos naturais, não sabe explorar seu potencial para distribuir desenvolvimento e preservar o meio ambiente. Já imaginaram uma Alemanha ou países nórdicos no seu atual estágio de desenvolvimento – que me parecem menos predatórios pelas lições da história e da escassez – com o potencial de biodiversidade e recursos naturais que o Brasil? 

    Nassif, onde estão os acadêmicos da área, cientistas e pesquisadores brasileiros, os ativistas, os povos nativos? – uma mobilização na cidade litorânea de Peruíbe impediu a construção de uma termelétrica no ano passado, e tudo com um movimento da sociedade civil de lá, pessoas pobres, estudantes, professores, ativistas ambientais e indígenas, estas pessoas têm muito a dizer e nos ensinar (o assunto teve cobertura do blogue Nocaute do jornalista Fernando Morais e equipe, em 2017). Imagino que deve ter muita gente boa com excelentes reflexões e projetos para o (ainda) nosso país e que precisa de espaço para divulgar suas ideias; por outro lado, como o GGN noticiou dias atrás, há um deserto de informação no país – dá para entender porque um/a cidadã/o dessas regiões, certamente com acesso ao celular, deu a vitória a um fascista, talvez para eles desconhecido e portanto, menos ameaçador que a esquerda fantasmática de redes sociais e de TV e jornais. Então, é juntar a fome com a vontade de comer e se lançar nesse espaço vazio de informação que é a presa para os comportamentos predatórios, políticos e ambientais. 

    Essa deve ser a pauta a ser prioritária nos blogues progressistas, e o caminho mais inteligente, porque os assuntos estão interconectados, para combater o neofascismo tupiniquim e mundial – não se engane, o projeto escola sem partido é tão importante para eles porque as escolas conjugam dois elementos revolucionários e que podem barrar o caminho da catástrofe: jovens ou pessoas conhecendo como o mundo funciona, e com tempo e vocação para a transformação. 

    Como bem disse, como sempre aliás, a professora Marilena Chauí, o trabalho da resistência deve ser como o da toupeira, e é o que a Natureza está fazendo: a revolução está se formando – e como disse Gil Scott-Heron, não será televisionada (mas pode ser por stream da mídia alternativa, rs) – de lugares e situações improváveis: os povos nativos que lideram o combate a construção de termelétricas (Brasil) e gasodutos (pipelines nos USA); migrantes que buscam asilo nos países ricos e colocam na pauta a exploração colonialista e seu resultado em violência e pobreza; trabalhadores hiperexplorados de grandes redes de comércio como Amazon, que estão fazendo greves em todo o mundo e com uma visão convergente de que o que os atinge também explica a marginalização de migrantes, pobres, negros e pessoas em geral, ou seja, a ganância corporativa dos bilionários que mandam no mundo e controlam governos. 

    A revolução está descentralizada, voltou às mãos do povo, e quando estas mãos se juntarem conheceremos o que é democracia. Vamos renascer como humanidade. Precisamos ser como crianças novamente, nos encantar com a formosura da natureza, e brincarmos de mudar o mundo. POR QUE NÃO? (Se Jesus, Buda, Marx, Sócrates e Nossa Senhora Maria da Concepção estivessem sobre o planeta nesse momento, a questão planetária e ecológica seria seu eixo de reflexão e ação sobre o mundo, pois todos a seu modo vieram para cutucar: de onde viemos, para onde vamos, qual a finalidade de nossa existência e passagem por esta inexplicável condição temporária de estar-no-mundo?). 

     

    Paul Jay – editor-chefe do canal The Real News Network, que juntamente com o Democracy Now!, faz a melhor cobertura da mídia mundial sobre a questão ambiental, e com o enfoque que no Brasil ainda é toscamente incompreendido, da sua relação direta com a exploração capitalista. 

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=aV-dcsnkprw%5D

    https://www.youtube.com/watch?v=aV-dcsnkprw

     

    Gil Scott-Heron – I’m new here (“não importa quão longe você foi no erro, você sempre pode voltar atrás e mudar de rumo”)

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=eV_astp3BjM%5D

    https://www.youtube.com/watch?v=eV_astp3BjM

     

    Canal Vice – 

    A Terceira Revolução Industrial: Uma nova e radical economia de partilha

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=QX3M8Ka9vUA ]

    https://www.youtube.com/watch?v=QX3M8Ka9vUA 

     

    Sampa/SP, 27/11/2018 – 14:40 (alterado às 14:42, 15:03 e 15:11). 

  4. Fim dos dias
     

    O vídeo abaixo é de 2014. De lá para cá muitos dados científicos foram disponibilizados e que confirmam e reforçam os prognósticos sombrios.

    Se a partir desse diagnóstico, apenas 50% dos prognósticos se confirmarem, especialmente no tocante à velocidade das mudanças climáticas, de uma curva linear para uma curva exponencial, em razão da deflagração de diversos sistemas de retroalimentação dessas mesmas mudanças, as sete trombetas e os sete cálices mencionados no livro de Apocalipse se cumprirão infalivelmente.

    Apenas para exemplificar, hoje estamos sentido as mudanças climáticas relativas aos gases liberados há 40 anos atrás. Isso significa que mesmo que a civilização mundial entrasse em total colapso hoje, ainda teríamos que enfrentar pelos próximos 40 anos, os efeitos no clima dos gases (CO2, Metano, etc) que foram liberados na atmosfera a partir do começo dos anos 80 até hoje…

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=teG3fZLIXuU%5D

     

     

     

     

  5. Evitar a cooptação no campo, nossa trincheira avançada

    O movimento ao qual o artigo se refere está reportado no vídeo abaixo. 

    Como o Brasil costuma se inspirar, para o bem e para o mal, no que acontece nas metrópoles mundiais, é importante conhecermos o que estão fazendo, antes que surja um MBL no campo – uma UDR das universidades e escolas públicas – ou outro 2013 da mudança climática que resolva entregar de vez nossos recursos naturais para os USA, já que aqui também as rebeliões costumam inverter seu sentido e resultado. 

    E isso não é conspiração: um baba ovo do fascista foi um dos responsáveis por incendiar a população de Roraima contra os venezuelanos e chegou a convencer indígenas brasileiros de que os indígenas venezuelanos estavam tendo privilégios, e toca os nativos brasileiros a protestar contra os pobres venezuelanos… A tática é sempre contrapor entre si os combatentes do mesmo lado com falsas divergências, e o resultado é um farrapo humano na presidência na oitava ou nona economia de um mundo com 193 países, oficialmente. 

    Assim como a Natureza, o mundo do pensamento e da ação não tem fronteiras – acreditamos nelas geralmente para nossa própria dominação, apenas. 

     

    Canal The Guardian – 

    Life inside Extinction Rebellion: ‘We can’t get arrested quick enough’

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=jAH3IQwHKag ]

    https://www.youtube.com/watch?v=jAH3IQwHKag 

     

    Sampa/SP, 27/11/2018 – 17:50 (alterado às 18:06). 

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