Andre Motta Araujo
Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo
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O horror ao verde nas cidades brasileiras, por André Araújo

Por André Araújo

O HORROR AO VERDE – Viajando no último fim de semana pelo interior, vi dezenas de grandes conjuntos de habitação popular, casas ou prédios baixos, todos novos. NENHUMA ÁRVORE, ZERO VERDE. O que acontece com nossos arquitetos, engenheiros, construtores, Governo? Não exigem nenhuma vegetação ao lado, no meio, ao redor desses conjuntos? Como isso se explica em um País tropical, que tem o verde na bandeira? Temos ódio de florestas, de árvores?
 
É algo impressionante, o quadro se repete por todo o País, até em Manaus. Supermercados e shoppings fazem enormes patios de estacionamentos sem uma única arvore, imensos campos de soja e cana não tem ilhas de árvores nativas, são desertos de planta única. Quem sobrevoa a França de balão vê imensa e linda vegetação no meio de tudo, nas margens das estradas, no meio dos pastos e campos, planta-se cultura de cereais mas com ilhas de árvores que parecem jardins.

 
São Paulo é um deserto cinza mas esses conjuntos tipo COHAB são os mais chocantes, nem os construtores querem o verde e nem os moradores, não há um vaso nas janelas ou soleiras., nenhuma flor.
 
Na Holanda todas as casas, pequenas, médias e grandes tem floreiras nas janelas. Em Buenos Aires os prédios mesmo em avenidas corredores de ônibus, como a Corrientes, tem floreira em cada terraço, em cada janela de apartamento.
 
Em São Paulo é raríssima a floreira na janela, poucos terraços tem plantas, raros prédios tem heras se agarrando nas paredes, agora aparece um trend de jardins verticais na área do Minhocão, veremos se pega, seria maravilhoso.
 
Sugiro ao inovador Prefeito de São Paulo um concurso de floreiras e quem ganhar fica isento de IPTU por um ano, quem sabe isso desperte alguma ideia de vegetação nos prédios e nas janelas dos cinzentos prédios paulistanos, vale também o concurso para plantas para quem tem terraço.
Andre Motta Araujo

Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo

26 Comentários

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  1. bela observação. fico

    bela observação. fico pensando como tantos se tornaram tão imbecis. não percebem o quanto revigora uma árvore com sua sombra, perfume, insetos, répteis e pássaros. são uns doentes que só têm olhar para uma fachada com mármore, um carro, uma roupa ou coisas do tipo. são desprovidos de sensibilidade (inclusive na pela: não sentem o frescor quando chegam perto do verde) e são com tais tipos do atraso que somos obrigados a sobreviver. desgraça!

  2. André, é assim mesmo.

    André, é assim mesmo.  Incrível.   Aqui na zona sul do Rio até são feitos canteiros e árvores são plantadas nas calçadas.  Mas não tem manutenção.  Por isso vemos inúmeros canteiros com terra seca.  

    Nas mudas de árvores e palmeiras plantadas os tutores não são colocados de forma correta para protegê-las e para que cresçam retas.  O resultado são arvores com copa disforme e palmeiras tortas.  Aliás, a febre do momento são as palmeiras Jerivá.  

    Nos jardins dos prédios o que vemos é uma falta de criatividade eu diria até de preguiça de usar a variedade enorme de plantas que dispomos.  Então fica-se na mesmice e o que se vê é a repetição das mesmas plantas em todos os lugares.

    Não sei porque não se planta ipês de várias cores, jacarandás, espatódea, etc.   E porque não se substitui as árvores que já estão condenadas.  

    O que salva são as patas de vaca de várias cores.

    Em Buenos Aires nessa época é uma explosão de cor dos jacadás roxos em flor.

    Aqui no meu prédio quiz colocar floreira na janela mas o condomínio proibiu por deformar a fachada.  E hoje li em algum lugar que querem arrancar as bromélias de um hotel em Ilhabela porque a prefeitura acha que é foco de dengue.  

  3. Depois de ler seu texto…
    …vou sugerir a minha namorada botar umas mudas no ap dela na Lapa (RJ). Vivendo mais de trinta anos com uma paisagem que tenho da varanda da minha casa,com a Floresta da Tijuca “invadindo” minha casa, será difícil a adaptação a vida em apertamento…

  4. Deve ser prá facilitar a

    Deve ser prá facilitar a limpeza das ruas.,..árvore solta muita folha..,,..o prefeito tem que embolsar a grana,.,.pra que gastar com faxina.,..sei de um prefeito de cidade do interior do MA que mandou cortar todas as arvores da cidade,..,e o prefeito é médico e portabto sabe da importancia do verde.,,a população recorreu ao MP que, por sua vez, fez de mouco

  5. amor ao verde (que alimenta),

    ####

    Ola Nassif,  

    Há um convite a produção muito conhecido,

    Que é o de “plantar uma (1) arvore, ter um (1) filho, e escrever um (1) livro”,

    Deveriam ter mais alguns zeros seguindo este numero (1) ou o digito ser o (9),

    Aqui o tema é plantar arvores, ou as áreas verdes,

    Só que as ONGs que defendem o verde, deveriam defender que o plantio fosse exclusivamente de arvores e ser prioritariamente, ou preferencialmente de arvores frutíferas, desde todas as nacionais, e todas as outras oriundas de todas as partes do mundo, ou seja, as prefeituras, os estados, deveriam providenciar hortos botânicos para as produções de mudas destas arvores todas, e facilitar, e ou doar estas, e ou também plantar estas, nas margens das estradas, e nas áreas e hortos botânicos públicos, só que as ONGs que “defendem o verde”, eles agem no principio antigo de vencer (o inimigo) pela sede, pela peste, e pela fome, ou seja, plantar arvores somente as não frutíferas, (sob o disfarce das essências nativas), aproveitando o argumento senil de que as frutíferas sujam muito, quando as frutas maduras caem no chão, não se menciona que muitas plantas tem folhas caducas, e sujam de folhas, quando estas são mudadas anualmente, portanto argumento falho,

    Outra coisa é também a preferência para as plantas hortiferas, preferencialmente as perenes,

    Só que ai também aparecem os disfarces de paisagismos, que estão afim é de encher os olhos e os narizes, e não as bocas e barrigas, mais uma linha de pensamento que é de matar pela fome,

    Os departamentos de estradas, todos, deveriam providenciar plantio de frutíferas ao longo destas, preferencialmente onde não prejudica a visibilidade das sinalizações,

    ####

    1. Qual a insinuação? Trabalhava com o paisagista Burle Marx

      Até o mais conhecido parque de Sampa. o Ibirapuera, é projeto vencedor desta dupla.

      Ou nao gosta dele porque era comunista comedor de criancinhas e não ficou bilionário?

  6. É pior

    Basta ter  um metro quadrado de terra batida que vão lá e metem cimento por cima. Grama ? Nem pensar dá trabalho. O índice de impermeabilização do solo em SP é assustador.

    Árvores não são desejadas. Donas de casa, zeladores , proprietários de autos reclamam que sujam seus pequenos reinados.

    Junte-se a isso a última tendencia dos paisagistas : umas árvores pequeninas e mirradas. E a falta de cuidados e as podas asssasssinas feitas , muitas vezes a pedido e mando daqueles que deveriam zelar pelas árvores.

  7. sibipirunas

    A sibipiruna (Caesalpinia peltophoroides), árvore nativa da Mata Atlântica e do mesmo gênero do pau-brasil, destacou-se na pesquisa: com belas flores amarelas, cerca de 6 metros de diâmetro de copa e densidade média, foi campeã como reguladora da radiação solar, ao registrar 88,5% de atenuação. Houve uma surpresa inicial com o resultado, já que as folhas da sibipiruna são miúdas como as da avenca, com cerca de 0,9 centímetro de comprimento por 0,5 centímetro de largura. Admitiu-se então que, num mesmo espaço, várias folhas pequenas como as dessa espécie acabem oferecendo uma área maior de exposição ao sol – e, conseqüentemente, de absorção da radiação – do que uma só folha grande.

    http://revistapesquisa.fapesp.br/2001/01/01/um-metodo-para-medir-a-sombra/

     

  8. Jardins Verticais

    Andre só um Porém quanto aos jardins verticais. 2 na verdade.

    1- A forma de implantação. A iniciativa privada financia a colocação e depois de um ano a prefeitura vai cuidar….Já viu né. A verba na secretaria do meio ambiente de são paulo não sustenta os parques e praças existentes.

    2- A lei dos jardins verticais em São Paulo, capital, é um Cavalo de Tróia para as árvores.Acomodada na nova realidade das compensações ambientais os vasinhos que estão a permitir trocar-se uma derrubada de árvore no solo, que participa na consolidação dos lençois freáticos combalidos pela implantação dos jardins verticas nos empreendimentos. Ou seja a saga anti árvores continua com o poder público de cúmplice.

    E, como PS informativo: a iniciativa dos jardins Verticais que tem usado a região do minhocão paulistano como ponta de lança está a emcobrir uma acelerada tentativa de transformar o maior monstrengo que a cidade pode ter num parque que nega a cidade a seus pés. Colocar vazinhos em cima e negar a escuridão degradante que esta obra desastrada, que esse nosso “Muro de Berlim” insepulto seja “pintado de verde” numa maquiagem grotesca mantendo a divisão agressiva da cidade é uma barbaridade.

  9. “Temos ódio de florestas, de

    “Temos ódio de florestas, de árvores?” 

    Só pode ser isso. Isto é o que brasileiro mais faz. Cortar arvores e muitas vezes para nada. Vide o que fizeram no Espirito Santo nas decadas de 80/90 e o que os mesmos capixabas estão fazendo em Rondonia. Derrubadas e FOGO, muito fogo.

  10. até quando dá uma dentro o

    até quando dá uma dentro o mota araujo derrapa.. por que sempre usar incentivo fiscal pra tudo? não basta ao governo aplicar os impostos em boas escolas, formando cidadaos? essa mania de incentivo fiscal pra tudo é bem cara da américa latina atrasada..depois não sabem por que essas mesmas escolas que deveriam formar cidadaos caem aos pedaços

  11. Caro André

    As cidades européias até que não são tão arborizadas – BH tem árvore pacas em tudo quanto é lugar, embora estejam cortando algumas. A questão é que eles tratam muito bem o que eles possuem e tratam de explorar turisticamente além de, acredito, pensarem um pouco mais no bem estar da população.

    E pelo que já vi – por fotos- os conjuntas habitacionais são um horror em quase todos os lugares. O que é triste é ver nossas cidades pequenas e médias desprezarem, este é o termo, o paisagismo como um bem para as cidades.

    Aqui vai uma mostra, que até acredito que conheça. Vale a pena ver. Sem contar as pequenas cidades da Alsácia

    http://cozinhavibrante.com.br/5-passeios-em-paris-que-fogem-do-obvio/

     

     

    1. Desculpe, mas a antiga Cidade

      Desculpe, mas a antiga Cidade Jardim virou um forno, com quarteirões inteiros sem qualquer arborização, mesmo na área interna à Av. do Contorno. A Patrus Ananias, quando prefeito, tendo na sua base o PV, extinguiu o antigo Departamento de Parques e Jardins da Prefeitura. Todo o cuidado com as árvores da cidade é terceirizado. A CEMIG tem um acordo de prestação de serviços com a PBH, que  lhe permite cortar as árvores na forma que quiser e quando quiser. O famoso corte em V das copas das árvores surge daí. Ao lado disso e talvez mais importante, a atual geração de belohorizontinos não gosta de árvores e faz todo o possível para cortá-las ou matá-las quando na frente de suas residências. 

      1. BH tem muitas árvores nas

        BH tem muitas árvores nas ruas, mas estão diminuindo. Na verdade estao plantando outras no lugar das antigas que fazem um estrago nas redes d’água, esgoto e calçamento. Claro que vivem cortando algumas, além das podas incríveis da Cemig. Mas não se esqueça que as avenidas são arborizadas também no meio e você deve ter visto neste final de inverno como ficaram.

        Lamento trmos poucos parque e praças. Mas com as políticas de loteamento seria pedir demais.

  12. Verde

    O pessoal – como diz uma amiga – acha que chic é o clean. E da-lhe cortar tudo que possa “poluir” a estética desse pessoal, que adora Miami ( que é mais verde que a muitas cidades brasileiras). 

    Viajando recentemente pelo Centro-Oeste, onde estive em todos os Estados, levei um susto com duas cidades que eram verdes e viraram so cimento. Cuiaba e Goiânia. Cuiaba então virou um inferno de tão quente. Cadê as arvores que cobriam a cidade? Os mangueirais das casas cederam espaço para prédios cercados apenas por raras plantas ornamenais. Os quintais acabaram, a cidade é concreto puro.

    Pena mesmo não termos mais o habito de plantar arvores, bastantes plantas e flores nas casas e prédios. Principalmente nos terraços e janelas. O Rio de Janeiro, nesse quesito, parece que é ainda a cidade brasileira mais verde que ha. E que continue assim! 

  13.   André,
      Já leu “A Ferro e

      André,

      Já leu “A Ferro e Fogo”? É um primoroso relato do “carinho” com que tratamos a Mata Atlântica.

      No inconsciente coletivo brasileiro, arvoredo ainda é “MATO”: algo a derrubar, queimar, tirar do caminho ou passar por cima. Ou tacar lixo – nossas praças e margens das estradas são testemunho dessa mentalidade tão marcada em todas as classes sociais.

  14. No Brasil as coisas são muito

    No Brasil as coisas são muito emgraçadas.

    Os politicos instituem leis, geralmente para ficarem bem nas fotos. e ponto.

    Cada um que se vire.

    Se eu podar uma arvorezinha em frente de minha casa, com certeza os INOCENTES UTEIS, logo denunciam e os capatazes do poder publico correm para me arrancar o couro.

    É bonito e saudavel as arvores né não???????

    CONTANTO QUE OS RESPONSAVEIS MATENHAM UM EFICIENTE SERVIÇO DE MANUTENÇÃO.

     

     

     

     

  15. Infelizmente é exatamente
    Infelizmente é exatamente como você relata. Vivemos no País uma geração sem educação ecologica. O resultado são as enchentes, o calor excessivo etc…
    As pessoas morrem de várias doenças decorrentes do problema, e nem sequer se dão conta. Morei durante 10 anos em uma cidade devastada pela ignorância e a especulação imobiliaria. Percebi que a maioria convive melhor com o lixo jogado nas ruas do que com as plantas, que consideram uma praga a ser combatida..

  16. Plantar ou não plantar?

    Meu pai plantou em 1989 dois pequenos plátanos de fronte de sua casa. Com os anos os pequenos arbustos converteram-se em grandes arvores. Podas eram e são requeridas. Mas precisam de autorização, nunca outorgada pela PMSP. Hoje calçada levantada e muro  danificado ainda não sensibilizaram os fiscais de que a poda é necessária. Meu pai construiu outras casas nesse período. Cabeça-dura que só plantou sempre árvores na calçada. Normal fosse não o faria. Muitos por isso não o fazem. Aqui é dificil fazer o certo, já o errado gera bonificações e benefícios. 

  17. A árvore certa

    Acredito que há muito preconceito com relação a árvores em cidades, mas o que falta é conhecimento. Existe a árvore certa para cada situação. Algumas, tem troncos mais fortes, e não caem fácil com tempestades. Outras, fazem pouca sujeira, pois caem poucas folhas, como o cedrinho.

    Em condominios existe muito verde, o que prova que a elite reserva para sdi o que há de melhor.

    Muitos terrenos baldios, ficam sem árvores, porque o dono tem medo de plantar e depois não poder cortar mais, deveria ter uma lei que permitisse plantar comercialmente árvores ( desde que se faça um projeto antecipado com a prefeitura), sem medo de o terreno virar área de conservação involuntariamente.

    Finalmente, vemos que os países de lingua inglesa, tem parques como o Central Park, bem no centro de grandes metropoles. Aqui no Brasil, constroem em tudo, a especulação imobiliária não deixa nenhum espaço para o verde.

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